Violências e resistências: impactos do rompimento da barragem da Samarco, Vale e BHP Billiton sobre a vida das mulheres atingidas em Mariana/MG.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Débora Diana da Rosa
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/32734
Resumo: Diante do crime do rompimento da barragem da Samarco, cujas controladoras são duas das maiores mineradoras do mundo, Vale e BHP Billiton, ocorrido em Mariana/MG no dia 5 de novembro de 2015 e seus efeitos de destruição de comunidades inteiras, do rastro de estragos e mortes que deixou pelo caminho, descendo pelo rio doce, litoral do Espirito Santo, até o litoral da Bahia, esta tese teve como objetivo central, investigar os efeitos/impactos do crime da Samarco sobre e vida das mulheres atingidas do município de Mariana/MG. Nos itinerários de campo dessa pesquisa participante, acompanhamos por mais de dois anos e meio o cotidiano das comunidades atingidas de Mariana, in loco, além de participar de audiências públicas, reuniões entre atingidos, empresas e poder público, registradas em diário de campo, foi realizada também pesquisa documental de decisões judiciais, atas e reportagens jornalísticas referentes ao caso e entrevistas com 5 mulheres atingidas. Diante da imersão no campo e das contribuições teóricas e metodológicas da psicologia social comunitária latino-americana e da teoria feminista compreendemos que a lama deixada pelo crime da Samarco, física e também simbólica, transforma-se em violência das mais distintas ordens na condução das ações ditas de “reparação”, executadas pelas empresas e pelo poder público. Assim, destacamos a importância de compreender o rompimento de fundão como consequência da violência estrutural do capitalismo, ou seja, como parte de um sistema nefasto que têm como tônica o espólio, a exploração e a violência. O latifúndio, o espólio das nossas reservas naturais para o grande mercado internacional nos mantem em uma condição de país semicolonial. Observamos que as violências em Mariana/MG se atualizam cotidianamente na vida dos atingidos e atingidas na forma de violência institucional, psicossocial e patriarcal. Diante deste cenário, é especialmente sobre as mulheres que recaem os maiores efeitos deste crime, ficando evidente a relação estrutural entre capital, patriarcado e seus sistemas de opressão. Em Mariana essa opressão sobre as mulheres se apresenta como negação de direitos por parte das empresas, sobretudo, os trabalhistas, uma vez que a perda do trabalho das mulheres, especialmente aqueles ligados ao âmbito rural, não foi reconhecido pelas empresas e por isso tiverem negado o direito de receber o cartão de auxílio financeiro, ainda passaram a ser “dependentes” de seus maridos, pois, o cartão foi concedido ao homem considerado pelas empresas como o “chefe da família”. Também foi sobre as mulheres que recaíram as maiores demandas de cuidados sobre os filhos e parentes que adoeceram após a tragédia gerando grande sobrecarga de trabalho, aliado a isso, somam-se ainda as demandas de participação nas muitas agendas e reuniões para tratar da reparação dos danos. Nossa tese central, é que o crime da Samarco, Vale e BHP Billiton intensifica e amplia a violência patriarcal sobre as mulheres. Destacamos também as resistências que os atingidos e atingidas, especialmente as mulheres têm empreendido na luta por direitos, pela memória e pela história de suas comunidades.
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Em Mariana essa opressão sobre as mulheres se apresenta como negação de direitos por parte das empresas, sobretudo, os trabalhistas, uma vez que a perda do trabalho das mulheres, especialmente aqueles ligados ao âmbito rural, não foi reconhecido pelas empresas e por isso tiverem negado o direito de receber o cartão de auxílio financeiro, ainda passaram a ser “dependentes” de seus maridos, pois, o cartão foi concedido ao homem considerado pelas empresas como o “chefe da família”. Também foi sobre as mulheres que recaíram as maiores demandas de cuidados sobre os filhos e parentes que adoeceram após a tragédia gerando grande sobrecarga de trabalho, aliado a isso, somam-se ainda as demandas de participação nas muitas agendas e reuniões para tratar da reparação dos danos. Nossa tese central, é que o crime da Samarco, Vale e BHP Billiton intensifica e amplia a violência patriarcal sobre as mulheres. Destacamos também as resistências que os atingidos e atingidas, especialmente as mulheres têm empreendido na luta por direitos, pela memória e pela história de suas comunidades.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIAViolência, Mulheres, Mariana/MG, Samarco, ResistênciaViolências e resistências: impactos do rompimento da barragem da Samarco, Vale e BHP Billiton sobre a vida das mulheres atingidas em Mariana/MG.info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTESE IMPRIMIR.pdfTESE IMPRIMIR.pdfapplication/pdf13718281https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32734/1/TESE%20IMPRIMIR.pdf75c7895e3c0d9574e1462905b85a6c34MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32734/2/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD52TEXTTESE IMPRIMIR.pdf.txtTESE IMPRIMIR.pdf.txtExtracted texttext/plain662873https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32734/3/TESE%20IMPRIMIR.pdf.txtfc129e30f91036c8df4eb949d04f0557MD531843/327342020-03-07 03:41:29.156oai:repositorio.ufmg.br:1843/32734TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-03-07T06:41:29Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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