Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bruno Luiz Coutinho Santa Cecilia
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MMMD-AKJG4A
Resumo: Este trabalho aborda o ambiente construído como um meio no qual a experiência do espaço o habitar - ocorre. A hipótese central é que os objetos arquitetônicos oferecem mais barreiras do que seria necessário à mediação do fenômeno do habitar, e que esse excesso compromete tanto a experiênciação individual do espaço quanto as relações sociais. Primeiramente, traça-se um arcabouço teórico e conceitual para a discussão, do qual emergem as noções de vazio arquitetônico, de habitabilidade e de conflito em arquitetura. Associando esses conceitos aos modos de conspicuidade dos objetos descritos por Martin Heidegger, propõe-se distinguir as barreiras arquitetônicas entre necessárias e contingentes, caracterizando essas últimas como potenciais obstáculos à livre experienciação do espaço pelos sujeitos da arquitetura. Através de exemplos, procura-se demonstrar que o caráter conspícuo de certas barreiras contingentes decorre de relações conflituosas entre as pessoas e os objetos arquitetônicos. Argumenta-se que uma arquitetura que se faça apenas de barreiras necessárias seria mais aberta à apropriação pelos seus usuários. Em seguida, são examinadas diversas situações em que as barreiras arquitetônicas tornam-se excessivas, obstruindo relações e interditando ações dos sujeitos no espaço. São discutidas as barreiras destinadas à proteção contra as intempéries climáticas, ao controle da privacidade e à delimitação dos territórios privados que, embora sejam indispensáveis à habitabilidade dos espaços, podem propiciar o controle social e tornar-se conflituosas quando exacerbadas. Através de exemplos notáveis da arquitetura, procura-se demonstrar como isso ocorre. Nessas discussões, emerge o argumento de que o caráter conflituoso de certas barreiras decorre de uma ênfase exacerbada na dimensão objetual da arquitetura, em prejuízo de sua dimensão de uso. Na sequência, é apresentada a ideia da dissolução ou desaparecimento da arquitetura como objeto autônomo, circunstanciando-a a partir da distinção entre barreiras necessárias e contingentes. Por fim, são tecidas algumas considerações sobre as principais contribuições desta tese e sobre a aplicabilidade dos conceitos nela tratados à prática e ao ensino de projeto de arquitetura, terminando com a apresentação de algumas sugestões para pesquisas futuras.
id UFMG_d76e2fddb27849407763958f60d6c1e2
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/MMMD-AKJG4A
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Maria Lucia MalardJose de Anchieta CorreaGuilherme Carlos Lassance dos Santos AbreuAngelo BucciFernando Luiz Camargos LaraBruno Luiz Coutinho Santa Cecilia2019-08-14T14:30:35Z2019-08-14T14:30:35Z2016-08-04http://hdl.handle.net/1843/MMMD-AKJG4AEste trabalho aborda o ambiente construído como um meio no qual a experiência do espaço o habitar - ocorre. A hipótese central é que os objetos arquitetônicos oferecem mais barreiras do que seria necessário à mediação do fenômeno do habitar, e que esse excesso compromete tanto a experiênciação individual do espaço quanto as relações sociais. Primeiramente, traça-se um arcabouço teórico e conceitual para a discussão, do qual emergem as noções de vazio arquitetônico, de habitabilidade e de conflito em arquitetura. Associando esses conceitos aos modos de conspicuidade dos objetos descritos por Martin Heidegger, propõe-se distinguir as barreiras arquitetônicas entre necessárias e contingentes, caracterizando essas últimas como potenciais obstáculos à livre experienciação do espaço pelos sujeitos da arquitetura. Através de exemplos, procura-se demonstrar que o caráter conspícuo de certas barreiras contingentes decorre de relações conflituosas entre as pessoas e os objetos arquitetônicos. Argumenta-se que uma arquitetura que se faça apenas de barreiras necessárias seria mais aberta à apropriação pelos seus usuários. Em seguida, são examinadas diversas situações em que as barreiras arquitetônicas tornam-se excessivas, obstruindo relações e interditando ações dos sujeitos no espaço. São discutidas as barreiras destinadas à proteção contra as intempéries climáticas, ao controle da privacidade e à delimitação dos territórios privados que, embora sejam indispensáveis à habitabilidade dos espaços, podem propiciar o controle social e tornar-se conflituosas quando exacerbadas. Através de exemplos notáveis da arquitetura, procura-se demonstrar como isso ocorre. Nessas discussões, emerge o argumento de que o caráter conflituoso de certas barreiras decorre de uma ênfase exacerbada na dimensão objetual da arquitetura, em prejuízo de sua dimensão de uso. Na sequência, é apresentada a ideia da dissolução ou desaparecimento da arquitetura como objeto autônomo, circunstanciando-a a partir da distinção entre barreiras necessárias e contingentes. Por fim, são tecidas algumas considerações sobre as principais contribuições desta tese e sobre a aplicabilidade dos conceitos nela tratados à prática e ao ensino de projeto de arquitetura, terminando com a apresentação de algumas sugestões para pesquisas futuras.This study refers to the built environment as a medium in which the experience of space - dwelling - occurs. Its main hypothesis is that architectural objects offer more barriers than necessary to mediate the phenomenon of dwelling, and that this excess affects both the individual experiencing of space and the social relations. Initially, we develop a theoretical and conceptual framework for discussion, from which emerge the notions of architectural void, habitability and conflict in architecture. Relating these concepts to the conspicuity modes of objects described by Martin Heidegger, we propose to distinguish the architectural barriers between necessary and contingent, characterizing the latter as potential obstacles to the free experiencing of space. Through some examples, we seek to demonstrate the conspicuity of contingent barriers, which produces conflicts in the relationship between subjects and architectural objects. It is argued that an architecture made only by necessary barriers would be more open to appropriation by their users. Then, we examine different situations in which architectural barriers become excessive, obstructing relations and blocking the actions of individuals in space. In the following sections, we discuss the barriers intended to provide protection against inclement weather, privacy control and delimitation of private territories that, although are indispensable to the habitability of the spaces, may provide social control and become conflictual when exacerbated. Through remarkable examples of architecture, we seek to demonstrate how this occurs. In the course of these discussions, emerges the argument that the conflictual character of some barriers stems from an exaggerated emphasis on the objectual dimension of architecture to the expense of its use value. Afterwards, is presented the idea of dissolution or disappearance of architecture as an autonomous object, relating it to the distinction between necessary and contingent barriers. Finally, we make some concluding remarks about this study and its applicability to architectural design practice and education, ending with some suggestions for future researches.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEspaço (Arquitetura)Projeto arquitetônicoFenomenologiaArquiteturaProjeto arquitetônicoArquiteturaDos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifíciosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_bruno_santa_cecilia_300dpi.pdfapplication/pdf296698376https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-AKJG4A/1/tese_bruno_santa_cecilia_300dpi.pdf7d06d236a8eb5a1812eff0c9a98a9241MD511843/MMMD-AKJG4A2019-08-14 11:30:35.964oai:repositorio.ufmg.br:1843/MMMD-AKJG4ARepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-08-14T14:30:35Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios
title Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios
spellingShingle Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios
Bruno Luiz Coutinho Santa Cecilia
Projeto arquitetônico
Arquitetura
Espaço (Arquitetura)
Projeto arquitetônico
Fenomenologia
Arquitetura
title_short Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios
title_full Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios
title_fullStr Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios
title_full_unstemmed Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios
title_sort Dos excessos de arquitetura ao desaparecimento dos edifícios
author Bruno Luiz Coutinho Santa Cecilia
author_facet Bruno Luiz Coutinho Santa Cecilia
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Maria Lucia Malard
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Jose de Anchieta Correa
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Guilherme Carlos Lassance dos Santos Abreu
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Angelo Bucci
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Fernando Luiz Camargos Lara
dc.contributor.author.fl_str_mv Bruno Luiz Coutinho Santa Cecilia
contributor_str_mv Maria Lucia Malard
Jose de Anchieta Correa
Guilherme Carlos Lassance dos Santos Abreu
Angelo Bucci
Fernando Luiz Camargos Lara
dc.subject.por.fl_str_mv Projeto arquitetônico
Arquitetura
topic Projeto arquitetônico
Arquitetura
Espaço (Arquitetura)
Projeto arquitetônico
Fenomenologia
Arquitetura
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Espaço (Arquitetura)
Projeto arquitetônico
Fenomenologia
Arquitetura
description Este trabalho aborda o ambiente construído como um meio no qual a experiência do espaço o habitar - ocorre. A hipótese central é que os objetos arquitetônicos oferecem mais barreiras do que seria necessário à mediação do fenômeno do habitar, e que esse excesso compromete tanto a experiênciação individual do espaço quanto as relações sociais. Primeiramente, traça-se um arcabouço teórico e conceitual para a discussão, do qual emergem as noções de vazio arquitetônico, de habitabilidade e de conflito em arquitetura. Associando esses conceitos aos modos de conspicuidade dos objetos descritos por Martin Heidegger, propõe-se distinguir as barreiras arquitetônicas entre necessárias e contingentes, caracterizando essas últimas como potenciais obstáculos à livre experienciação do espaço pelos sujeitos da arquitetura. Através de exemplos, procura-se demonstrar que o caráter conspícuo de certas barreiras contingentes decorre de relações conflituosas entre as pessoas e os objetos arquitetônicos. Argumenta-se que uma arquitetura que se faça apenas de barreiras necessárias seria mais aberta à apropriação pelos seus usuários. Em seguida, são examinadas diversas situações em que as barreiras arquitetônicas tornam-se excessivas, obstruindo relações e interditando ações dos sujeitos no espaço. São discutidas as barreiras destinadas à proteção contra as intempéries climáticas, ao controle da privacidade e à delimitação dos territórios privados que, embora sejam indispensáveis à habitabilidade dos espaços, podem propiciar o controle social e tornar-se conflituosas quando exacerbadas. Através de exemplos notáveis da arquitetura, procura-se demonstrar como isso ocorre. Nessas discussões, emerge o argumento de que o caráter conflituoso de certas barreiras decorre de uma ênfase exacerbada na dimensão objetual da arquitetura, em prejuízo de sua dimensão de uso. Na sequência, é apresentada a ideia da dissolução ou desaparecimento da arquitetura como objeto autônomo, circunstanciando-a a partir da distinção entre barreiras necessárias e contingentes. Por fim, são tecidas algumas considerações sobre as principais contribuições desta tese e sobre a aplicabilidade dos conceitos nela tratados à prática e ao ensino de projeto de arquitetura, terminando com a apresentação de algumas sugestões para pesquisas futuras.
publishDate 2016
dc.date.issued.fl_str_mv 2016-08-04
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-14T14:30:35Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-14T14:30:35Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/MMMD-AKJG4A
url http://hdl.handle.net/1843/MMMD-AKJG4A
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-AKJG4A/1/tese_bruno_santa_cecilia_300dpi.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 7d06d236a8eb5a1812eff0c9a98a9241
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1797971038021091328