As formas de referência ao sujeito de 2ª pessoa do singular em missivas mineiras dos séculos XIX e XX: uma análise linguístico-social
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/35833 https://orcid.org/0000-0002-5668-7425 |
Resumo: | O objetivo desta investigação é descrever as formas de referência ao sujeito de 2SG (vossa mercê, você, tu) correlacionadas às relações sociais que as embasam na produção escrita mineira dos séculos XIX e XX, à luz da Teoria do Poder e da Solidariedade (BROWN & GILMAN, 1960), dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Histórica (HERNÁNDEZ-CAMPOY & CONDE SILVESTRE, 2012; HERNÁNDEZ-CAMPOY & SHILLING, 2012) e da Sociolinguística Laboviana (WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2008 [1968]; LABOV, 1994). Parte-se da hipótese de que o você seria mais produtivo do que o tu, cf. Lopes & Rumeu (2015), Rumeu, Cruz & Cardoso (2018). Busca-se saber em que nível de variação o tu e o você estariam na escrita de sincronias passadas e como seriam expressas as relações de Poder e de Solidariedade. O ponto de partida desta pesquisa é o entendimento de que a função sintática de sujeito representa a principal porta de acesso assumida por pronomes gramaticalizados como o você e o a gente, ao se inserirem no sistema pronominal do Português Brasileiro, conforme já observado em estudos diacrônicos (RUMEU, 2013; SOUZA, 2012; LOPES & CAVALCANTE, 2011; LOPES & VIANNA, 2012). Esta pesquisa toma o presente como base para a reconstrução do caminho percorrido pela mudança linguística no passado (LABOV, 1994) embasada em 332 cartas pessoais (amorosa, familiar e de amizade) e em 26 cartas de comércio, disponíveis em acervos públicos e pessoais. Os resultados das formas vossa mercê, você e tu estão distribuídos em relação à expressão da forma de referência ao sujeito de 2SG (nulo/pleno), à pessoa verbal (concordância), ao paralelismo formal e semântico, ao gênero da carta, ao gênero do informante, à faixa etária, à relação interpessoal, às relações sociais e ao período das cartas. As formas tu e você foram submetidas ao RBrul para a geração dos índices percentuais e probabilísticos da regra variável em discussão: tu versus você. Os resultados surpreendem em relação à hipótese principal, tendo em vista que o tu se mostrou mais produtivo do que o você, ainda que em uma disputa acirrada. As formas verbais de 3SG (concordância), o você-sujeito, as formas clíticas de 3SG, as possessivas de 3SG e as formas de você não-sujeito mostram-se propulsoras do você nas missivas mineiras. Considerando a interação entre os interlocutores, as formas tu e você predominam nas relações simétricas, o que sugere o encaminhamento da sociedade mineira pelos domínios da Solidariedade (BROWN & GILMAN, 1960), ao passo que o vossa mercê mostra-se restrito às relações assimétricas ascendentes (de inferior para superior), cf. Lopes & Rumeu (2015). |
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Márcia Cristina de Brito Rumeuhttp://lattes.cnpq.br/7108614018201290Thiago Laurentino de OliveiraHeliana Ribeiro de Mellohttp://lattes.cnpq.br/6124778887935135Erenildo Queiroz de Souza2021-04-26T20:15:13Z2021-04-26T20:15:13Z2021-02-22http://hdl.handle.net/1843/35833https://orcid.org/0000-0002-5668-7425O objetivo desta investigação é descrever as formas de referência ao sujeito de 2SG (vossa mercê, você, tu) correlacionadas às relações sociais que as embasam na produção escrita mineira dos séculos XIX e XX, à luz da Teoria do Poder e da Solidariedade (BROWN & GILMAN, 1960), dos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Histórica (HERNÁNDEZ-CAMPOY & CONDE SILVESTRE, 2012; HERNÁNDEZ-CAMPOY & SHILLING, 2012) e da Sociolinguística Laboviana (WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2008 [1968]; LABOV, 1994). Parte-se da hipótese de que o você seria mais produtivo do que o tu, cf. Lopes & Rumeu (2015), Rumeu, Cruz & Cardoso (2018). Busca-se saber em que nível de variação o tu e o você estariam na escrita de sincronias passadas e como seriam expressas as relações de Poder e de Solidariedade. O ponto de partida desta pesquisa é o entendimento de que a função sintática de sujeito representa a principal porta de acesso assumida por pronomes gramaticalizados como o você e o a gente, ao se inserirem no sistema pronominal do Português Brasileiro, conforme já observado em estudos diacrônicos (RUMEU, 2013; SOUZA, 2012; LOPES & CAVALCANTE, 2011; LOPES & VIANNA, 2012). Esta pesquisa toma o presente como base para a reconstrução do caminho percorrido pela mudança linguística no passado (LABOV, 1994) embasada em 332 cartas pessoais (amorosa, familiar e de amizade) e em 26 cartas de comércio, disponíveis em acervos públicos e pessoais. Os resultados das formas vossa mercê, você e tu estão distribuídos em relação à expressão da forma de referência ao sujeito de 2SG (nulo/pleno), à pessoa verbal (concordância), ao paralelismo formal e semântico, ao gênero da carta, ao gênero do informante, à faixa etária, à relação interpessoal, às relações sociais e ao período das cartas. As formas tu e você foram submetidas ao RBrul para a geração dos índices percentuais e probabilísticos da regra variável em discussão: tu versus você. Os resultados surpreendem em relação à hipótese principal, tendo em vista que o tu se mostrou mais produtivo do que o você, ainda que em uma disputa acirrada. As formas verbais de 3SG (concordância), o você-sujeito, as formas clíticas de 3SG, as possessivas de 3SG e as formas de você não-sujeito mostram-se propulsoras do você nas missivas mineiras. Considerando a interação entre os interlocutores, as formas tu e você predominam nas relações simétricas, o que sugere o encaminhamento da sociedade mineira pelos domínios da Solidariedade (BROWN & GILMAN, 1960), ao passo que o vossa mercê mostra-se restrito às relações assimétricas ascendentes (de inferior para superior), cf. Lopes & Rumeu (2015).The objective of this research is to describe the forms of reference to the 2SG subject (vossa mercê, você, tu) correlated to the social relations that underlie them in the handwritten letters of Minas Gerais in the 19th and 20th centuries, based on the Theory of Power and Solidarity (BROWN & GILMAN, 1960), the theoretical-methodological assumptions of historical Sociolinguistics (HERNÁNDEZ-CAMPOY & CONDE SILVESTRE, 2012; HERNÁNDEZ-CAMPOY & SHILLING, 2012) and Labovian Sociolinguistics (WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2008 [1968]; LABOV, 1994). It is based on the hypothesis that você would be more productive than tu, according to Lopes & Rumeu (2015), Rumeu, Cruz & Cardoso (2018). One seeks to know at what level of variation você and tu would be in the writing of past synchronies and how the relationships of Power and Solidarity would be expressed. The starting point of this research is the understanding that the syntactic function of the subject represents the main gateway assumed by grammatical pronouns such as você and a gente, when inserted in the pronominal system of Brazilian Portuguese as already observed in diachronic studies (RUMEU, 2013; SOUZA, 2012; LOPES & CAVALCANTE, 2011; LOPES & VIANNA, 2012). This research takes the present as the basis for the reconstruction of the path traveled by linguistic change in the past (LABOV, 1994) based on 332 personal letters (loving, familiar and friendship letters) and 26 trade letters available in public and personal collections. The results of “vossa mercê” (“You”), “você” and “tu” (“You) are distributed in relation to the expression of the form of reference to the subject of 2SG (null/full), the verbal person (concordance), the formal and semantic parallelism, the gender of the letter, the gender of the informant, the age, the interpersonal relationship, the social relations and the period of the letters. The data were submitted to RBrul for the generation of the percentage and probabilistic indexes of the variable rule under discussion: tu versus você. The results achieved were surprising in relation to the main hypothesis, considering that tu as a subject proved to be more productive than você in the analyzed letters from Minas Gerais, even in a fierce dispute. The verbal forms of 3SG (concordance), the você-subject (“you-subject”), the clitic forms of 3SG, the possessive of 3SG and the forms of the você non-subject (“you non-subject”) show themselves to be propellers of the “você” in the letters of Minas Gerais. Considering the interaction between interlocutors, tu and você were more productive in symmetrical social relations. This fact suggests the forwarding of Mineira society through the domains of Solidarity, whereas “vossa mercê” is shown to be restricted to ascending asymmetrical relations (from bottom to top) according to Lopes & Rumeu (2015).porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Estudos LinguísticosUFMGBrasilFALE - FACULDADE DE LETRASLíngua portuguesa – VariaçãoMudanças linguísticasSociolinguísticaLíngua portuguesa – PronomesLíngua portuguesa – PronomesLíngua portuguesa – Sintaxevariação tu/vocêrelações sociaisSociolinguística HistóricaAs formas de referência ao sujeito de 2ª pessoa do singular em missivas mineiras dos séculos XIX e XX: uma análise linguístico-socialinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALDissertacao_Asformasdereferenciaaosujeitode2apessoadosingularemmissivasmineirasdosseculosXIXeXXumaanaliselinguistico-social.pdfDissertacao_Asformasdereferenciaaosujeitode2apessoadosingularemmissivasmineirasdosseculosXIXeXXumaanaliselinguistico-social.pdfapplication/pdf4072046https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35833/1/Dissertacao_Asformasdereferenciaaosujeitode2apessoadosingularemmissivasmineirasdosseculosXIXeXXumaanaliselinguistico-social.pdf633d6d40234ba5b2d2b6b33d3ec9cde8MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/35833/2/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD521843/358332021-04-26 17:15:13.578oai:repositorio.ufmg.br:1843/35833TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2021-04-26T20:15:13Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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