Fatores associados às intenções de paternidade em homens com HIV/AIDS em Fortaleza, Ceará

• Autor(a) principal: Silveira, Cláudia Bastos da
• Data de Publicação: 2012
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR
• Texto Completo: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/97353
• topic: HIV (Vírus); AIDS (Doença); Paternidade - Aspectos psicológicos; Assistência a saúde

A infecção pelo HIV/Aids se apresenta atualmente como importante e complexo problema de saúde pública. O advento da terapia antirretroviral propiciou aumento na sobrevida e melhoria na qualidade de vida das pessoas, fazendo com que estas passassem a elaborar projetos para o futuro, dentre estes, planejar ter filhos. O objetivo deste estudo foi analisar a prevalência e os fatores associados à intenção de ter filho em homens após o diagnóstico de HIV/Aids em Fortaleza, Ceará. Trata-se de uma pesquisa com abordagem quantitativa e corte transversal, desenvolvida em dois ambulatórios de hospitais de referência para atendimento de casos de HIV/Aids. A coleta de dados ocorreu entre junho e setembro de 2012, através de um questionário com 162 homens com HIV/Aids em acompanhamento ambulatorial. Os dados foram processados no programa estatístico SPSS. Na análise bivariada, utilizou-se o teste quiquadrado de Pearson ou teste exato de Fisher, adotando-se o valor de p<0,05 para associações estatísticas. Em seguida, foram analisadas no programa STATA, utilizando-se o modelo de regressão logística multivariada hierarquizada. A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São José de Doenças Infecciosas e do Comitê do Hospital Universitário Walter Cantídio. Encontrou-se uma prevalência de 41,4% de homens com HIV/Aids que queriam ter filho após o diagnóstico de HIV/Aids. Estiveram significativamente associadas à variável dependente, no nível distal, conhecer os métodos de reprodução assistida (OR: 2,38; IC: 1,10-5,13; p=0,014), parceiro não ter filho de outro relacionamento (OR: 2,60; IC: 0,99-7,00; p=0,031), tempo de diagnóstico inferior ou igual a três anos (OR: 0,39; IC: 0,19-0,81; p=0,006), tempo de relacionamento com o parceiro inferior ou igual a cinco anos (OR: 2,65; IC: 1,05-6,74; p=0,022). E em relação ao nível proximal, faixa etária inferior ou igual a 35 anos (OR: 4,62; IC: 2,21-9,67; p=0,000), querer filhos antes do diagnóstico (OR: 17,6; IC: 5,10-92,4; p=0,000), parceiro querer filho (OR:9,99; IC:3,48-29,2; p=0,000), número de filhos inferior ou igual a dois (OR: 5,04; IC: 1,37- 22,8; p=0,005), tempo de terapia com ARV inferior ou igual a três anos (OR: 0,47; IC: 0,22-0,98; p=0,030) e não ter filho com o parceiro atual (OR: 2,60; IC: 0,91-7,84; p=0,046). Já na análise multivariada ajustada, mantiveram-se significantes somente conhecer os métodos de reprodução assistida (OR: 2,76; IC: 0,99-7,64; p=0,050), no nível distal, e o parceiro querer filho, no proximal (OR: 5,74; IC: 1,47-22,3; p=0,012). Esse estudo evidenciou que querer ter filho é uma realidade presente em muitos homens, mesmo após o diagnóstico de HIV/Aids e que essa decisão mostra-se complexa e influenciada por diversos fatores, estando a intenção do parceiro em ter filho fortemente associada. Os serviços de saúde deveriam ter uma adequada estrutura de atendimento às pessoas que vivem com HIV/Aids, capacitando profissionais para exercer uma abordagem em aconselhamento, integrando a clientela em seu contexto psicossocial e cultural. Concluímos, portanto, que o estudo subsidia o interesse pela temática, o planejamento de estratégias e formulação de políticas públicas capazes de intervir, de forma eficaz, na saúde sexual e reprodutiva, reconhecendo os direitos e escolhas desta população.