Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Wainstein, Rodrigo Vugman
Data de Publicação: 2008
Outros Autores: Furtado, Mariana Vargas, Polanczyk, Carisi Anne
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/20669
Resumo: A doença arterial coronariana permanece a principal causa de mortalidade, e o infarto agudo do miocárdio (IAM) contribui com aproximadamente um terço dos casos de morte. Nesse contexto, o arsenal terapêutico usado para diminuir os desfechos desfavoráveis relacionados a essa doença, em particular na sua apresentação aguda, tem se desenvolvido notavelmente. O advento da terapêutica trombolítica, por exemplo, representou um avanço considerável no tratamento do IAM. Grandes ensaios clínicos randomizados publicados na década de 1980, como Gruppo Italiano per lo Studio della Sopravvivenza nell’Infarto Miocardico (GISSI) e Second International Study of Infarct Survival (ISIS 2), já demonstraram, de forma consistente, a diminuição da mortalidade associada a esses fármacos se usados em tempo hábil após o início dos sintomas do IAM, sendo sua efetividade tempo-dependente e exponencial, ou seja, quanto mais precoce o início da infusão do fármaco, maior o benefício clínico. Desse modo, estudos contemporâneos têm se focado em estratégias capazes de diminuir o tempo desde o início dos sintomas até a infusão do trombolítico. Diversas abordagens, como campanhas para identificação precoce dos sintomas incipientes do IAM, protocolos de dor torácica e infusão em bolo de trombolítico, têm sido usados com esse intuito. No entanto, uma das estratégias mais promissoras e menos utilizadas na prática clínica, principalmente no Brasil, é o uso do trombolítico pré-hospitalar. Atualmente, o conjunto de evidências que estudou o uso do trombolítico pré-hospitalar é bastante robusto e permite uma avaliação criteriosa da efetividade dessa estratégia. Tal estratégia já foi testada extensivamente em ensaios clínicos randomizados, nos quais foi comparada a outras estratégias, como trombolítico intra-hospitalar, angioplastia primária, angioplastia facilitada e terapias antitrombóticas adjuvantes, como heparina de baixo peso molecular e inibidores da glicoproteína IIb/IIIa1. Nesta edição dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Araújo e cols.2 trazem a trombólise pré-hospitalar novamente à discussão, com a publicação de um estudo econômico sobre essa intervenção. A decisão sobre incorporar ou não novatecnologia deve passar por uma discussão criteriosa e ampla, não somente focando peças do quebra-cabeça. Quando da análise de uma tecnologia em saúde, temos obrigação de questionar sua eficácia, sua efetividade e sua relação custoefetividade. Além disso, devemos considerar seu efeito quando aplicado às condições existentes em nosso sistema de saúde, para nossa população e sobre nosso orçamento, comparando com a situação atual e com as alternativas disponíveis.
id UFRGS-2_84e5a73b426d14e271b51e262708628f
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/20669
network_acronym_str UFRGS-2
network_name_str Repositório Institucional da UFRGS
repository_id_str
spelling Wainstein, Rodrigo VugmanFurtado, Mariana VargasPolanczyk, Carisi Anne2010-04-16T09:16:07Z20080066-782Xhttp://hdl.handle.net/10183/20669000661356A doença arterial coronariana permanece a principal causa de mortalidade, e o infarto agudo do miocárdio (IAM) contribui com aproximadamente um terço dos casos de morte. Nesse contexto, o arsenal terapêutico usado para diminuir os desfechos desfavoráveis relacionados a essa doença, em particular na sua apresentação aguda, tem se desenvolvido notavelmente. O advento da terapêutica trombolítica, por exemplo, representou um avanço considerável no tratamento do IAM. Grandes ensaios clínicos randomizados publicados na década de 1980, como Gruppo Italiano per lo Studio della Sopravvivenza nell’Infarto Miocardico (GISSI) e Second International Study of Infarct Survival (ISIS 2), já demonstraram, de forma consistente, a diminuição da mortalidade associada a esses fármacos se usados em tempo hábil após o início dos sintomas do IAM, sendo sua efetividade tempo-dependente e exponencial, ou seja, quanto mais precoce o início da infusão do fármaco, maior o benefício clínico. Desse modo, estudos contemporâneos têm se focado em estratégias capazes de diminuir o tempo desde o início dos sintomas até a infusão do trombolítico. Diversas abordagens, como campanhas para identificação precoce dos sintomas incipientes do IAM, protocolos de dor torácica e infusão em bolo de trombolítico, têm sido usados com esse intuito. No entanto, uma das estratégias mais promissoras e menos utilizadas na prática clínica, principalmente no Brasil, é o uso do trombolítico pré-hospitalar. Atualmente, o conjunto de evidências que estudou o uso do trombolítico pré-hospitalar é bastante robusto e permite uma avaliação criteriosa da efetividade dessa estratégia. Tal estratégia já foi testada extensivamente em ensaios clínicos randomizados, nos quais foi comparada a outras estratégias, como trombolítico intra-hospitalar, angioplastia primária, angioplastia facilitada e terapias antitrombóticas adjuvantes, como heparina de baixo peso molecular e inibidores da glicoproteína IIb/IIIa1. Nesta edição dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Araújo e cols.2 trazem a trombólise pré-hospitalar novamente à discussão, com a publicação de um estudo econômico sobre essa intervenção. A decisão sobre incorporar ou não novatecnologia deve passar por uma discussão criteriosa e ampla, não somente focando peças do quebra-cabeça. Quando da análise de uma tecnologia em saúde, temos obrigação de questionar sua eficácia, sua efetividade e sua relação custoefetividade. Além disso, devemos considerar seu efeito quando aplicado às condições existentes em nosso sistema de saúde, para nossa população e sobre nosso orçamento, comparando com a situação atual e com as alternativas disponíveis.application/pdfapplication/pdfporArquivos brasileiros de cardiologia. São Paulo. Vol. 90, n. 2 (fev. 2008), p. 77-79Infarto do miocárdioTerapia trombolíticaTrombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?Prehospital thrombolysis in AMI : a feasible alternative to Brazil?info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000661356.pdf000661356.pdfTexto completoapplication/pdf123301http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/1/000661356.pdfee85ef01c4959b06b0898d69cbf281d8MD51000661356-02.pdf000661356-02.pdfTexto completo (inglês)application/pdf161997http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/2/000661356-02.pdfbe65f0cc95917daa5ad3b453bac27dffMD52TEXT000661356-02.pdf.txt000661356-02.pdf.txtExtracted Texttext/plain17729http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/3/000661356-02.pdf.txt080cb0ea798f94ed7d417f262ed53a8bMD53000661356.pdf.txt000661356.pdf.txtExtracted Texttext/plain18969http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/4/000661356.pdf.txt3b5d5bf6a7f5081ee51063e9134b43e2MD54THUMBNAIL000661356.pdf.jpg000661356.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1600http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/5/000661356.pdf.jpgfff25bb92b95324ffece508c2b731ac5MD55000661356-02.pdf.jpg000661356-02.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg2135http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/6/000661356-02.pdf.jpg08127e807e5a4f180c48592cc6d55de8MD5610183/206692018-10-11 09:03:31.045oai:www.lume.ufrgs.br:10183/20669Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2018-10-11T12:03:31Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?
dc.title.alternative.en.fl_str_mv Prehospital thrombolysis in AMI : a feasible alternative to Brazil?
title Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?
spellingShingle Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?
Wainstein, Rodrigo Vugman
Infarto do miocárdio
Terapia trombolítica
title_short Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?
title_full Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?
title_fullStr Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?
title_full_unstemmed Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?
title_sort Trombólise pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio : uma alternativa factível para o Brasil?
author Wainstein, Rodrigo Vugman
author_facet Wainstein, Rodrigo Vugman
Furtado, Mariana Vargas
Polanczyk, Carisi Anne
author_role author
author2 Furtado, Mariana Vargas
Polanczyk, Carisi Anne
author2_role author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Wainstein, Rodrigo Vugman
Furtado, Mariana Vargas
Polanczyk, Carisi Anne
dc.subject.por.fl_str_mv Infarto do miocárdio
Terapia trombolítica
topic Infarto do miocárdio
Terapia trombolítica
description A doença arterial coronariana permanece a principal causa de mortalidade, e o infarto agudo do miocárdio (IAM) contribui com aproximadamente um terço dos casos de morte. Nesse contexto, o arsenal terapêutico usado para diminuir os desfechos desfavoráveis relacionados a essa doença, em particular na sua apresentação aguda, tem se desenvolvido notavelmente. O advento da terapêutica trombolítica, por exemplo, representou um avanço considerável no tratamento do IAM. Grandes ensaios clínicos randomizados publicados na década de 1980, como Gruppo Italiano per lo Studio della Sopravvivenza nell’Infarto Miocardico (GISSI) e Second International Study of Infarct Survival (ISIS 2), já demonstraram, de forma consistente, a diminuição da mortalidade associada a esses fármacos se usados em tempo hábil após o início dos sintomas do IAM, sendo sua efetividade tempo-dependente e exponencial, ou seja, quanto mais precoce o início da infusão do fármaco, maior o benefício clínico. Desse modo, estudos contemporâneos têm se focado em estratégias capazes de diminuir o tempo desde o início dos sintomas até a infusão do trombolítico. Diversas abordagens, como campanhas para identificação precoce dos sintomas incipientes do IAM, protocolos de dor torácica e infusão em bolo de trombolítico, têm sido usados com esse intuito. No entanto, uma das estratégias mais promissoras e menos utilizadas na prática clínica, principalmente no Brasil, é o uso do trombolítico pré-hospitalar. Atualmente, o conjunto de evidências que estudou o uso do trombolítico pré-hospitalar é bastante robusto e permite uma avaliação criteriosa da efetividade dessa estratégia. Tal estratégia já foi testada extensivamente em ensaios clínicos randomizados, nos quais foi comparada a outras estratégias, como trombolítico intra-hospitalar, angioplastia primária, angioplastia facilitada e terapias antitrombóticas adjuvantes, como heparina de baixo peso molecular e inibidores da glicoproteína IIb/IIIa1. Nesta edição dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Araújo e cols.2 trazem a trombólise pré-hospitalar novamente à discussão, com a publicação de um estudo econômico sobre essa intervenção. A decisão sobre incorporar ou não novatecnologia deve passar por uma discussão criteriosa e ampla, não somente focando peças do quebra-cabeça. Quando da análise de uma tecnologia em saúde, temos obrigação de questionar sua eficácia, sua efetividade e sua relação custoefetividade. Além disso, devemos considerar seu efeito quando aplicado às condições existentes em nosso sistema de saúde, para nossa população e sobre nosso orçamento, comparando com a situação atual e com as alternativas disponíveis.
publishDate 2008
dc.date.issued.fl_str_mv 2008
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2010-04-16T09:16:07Z
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/other
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/20669
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv 0066-782X
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000661356
identifier_str_mv 0066-782X
000661356
url http://hdl.handle.net/10183/20669
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv Arquivos brasileiros de cardiologia. São Paulo. Vol. 90, n. 2 (fev. 2008), p. 77-79
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Repositório Institucional da UFRGS
collection Repositório Institucional da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/1/000661356.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/2/000661356-02.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/3/000661356-02.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/4/000661356.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/5/000661356.pdf.jpg
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/20669/6/000661356-02.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv ee85ef01c4959b06b0898d69cbf281d8
be65f0cc95917daa5ad3b453bac27dff
080cb0ea798f94ed7d417f262ed53a8b
3b5d5bf6a7f5081ee51063e9134b43e2
fff25bb92b95324ffece508c2b731ac5
08127e807e5a4f180c48592cc6d55de8
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801224707858497536