Susceptibilidade a antimicrobianos de amostras de Neisseria gonorrhoeae isoladas no Rio de Janeiro entre 2014 e 2018

• Autor(a) principal: Skaf, Larissa Brasil
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/19166
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::MICROBIOLOGIA; CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::IMUNOLOGIA; Neisseria gonorrhoeae; Gonorreia; Azitromicina; Ceftriaxona; Gonorrhea; Azithromycin; Ceftriaxone

Neisseria gonorrhoeae é o agente etiológico da gonorreia, uma infecção sexualmente transmissível. Este microrganismo é um problema de saúde global devido à sua habilidade de adquirir e desenvolver mecanismos de resistência e pela sua disseminação mundial devido a falhas no sistema de saúde, sendo a segunda IST bacteriana mais comum no mundo segundo a OMS. A ceftriaxona e azitromicina são, atualmente, as últimas drogas validadas para tratamento sindrômico de gonorreia. Apesar de outras classes de antimicrobianos, como carbapenemas e aminoglicosídeos terem sido utilizadas com sucesso para tratar esta infecção, elas ainda não foram validadas para o tratamento sindrômico. Desde setembro de 2017 o Brasil recomenda a prescrição de ceftriaxona (500 mg) combinado com azitromicina (1 g), ou azitromicina (2 g, para indivíduos alérgicos à betalactâmicos) para o tratamento de gonorreia. De fato, um estudo feito com 93 amostras obtidas de laboratórios clínicos entre março de 2014 e outubro de 2017 no Rio de Janeiro mostrou 98%, 78% e 72% de amostras nãosusceptíveis a penicilina, tetraciclina e ciprofloxacina, respectivamente; 25% (n = 23) dos isolados não foram susceptíveis a azitromicina (CMI ≥ 2 μg/mL) com uma tendência no aumento deste percentual ao longo dos últimos quatro anos de estudo.O objetivo dete estudo foi realizar uma vigilância epidemiológica sobre o perfil de susceptibilidade de amostras de N. gonorrhoeae isoladas em laboratórios clínicos no Rio de Janeiro e comparar os resultados com estudos anteriores.. As 117 amostras de N. gonorrhoeae recebidas pelo nosso grupo de pesquisa entre 2014 e 2018 foram submetidas a duas metodologias diferentes. O teste de susceptibilidade aos antimicrobianos foi feita com discos contendo azitromicina, cefixima, ceftriaxona, ciprofloxacina, espectinomicina, gentamicina, penicilina e tetraciclina. As CMIs foram determinadas por ágar diluição para azitromicina, cefixime, ceftriaxona, espectinomicina e gentamicina. Como resultado, altos percentuais de resistência a ciprofloxacina, penicilina e tetraciclina foram observadas ao longo do período estudado, todas acima de 75%. Do mesmo modo, a resistência a azitromicina foi observada em 24% (n = 29) da coleção, mantendo-se alta. Todas as amostras foram susceptíveis a ceftriaxona, cefixima e espectinomicina. Uma amostra foi resistente a cefixima, segundo o ponto de corte do EUCAST (R > 0,125 μg/mL). Uma vez que CLSI, EUCAST e BrCAST não possuem ponto de corte para gentamicina, o ponto de corte utilizado por Brown (2010) foi considerado, sugerindo muitas amostras (76%; n = 89) com resistência intermediária (CMI 8-16 μg/mL) a este antimicrobiano. Este trabalho contribui para a compreensão do perfil contemporâneo de susceptibilidade a antimicrobianos de amostras de N. gonorrhoeae circulantes no Rio de Janeiro e estabelece uma referência para avaliação da evolução desta característica nos próximos anos.