Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: MONTEIRO, Rosa Maria Godinho
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFSC
Texto Completo: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/190974
Resumo: A identidade surda tem sido amplamente debatida, especialmente, pelas mudanças contemporâneas, que imprimem novas formas de se relacionar e de se constituir. Dessa forma, o cenário da questão identitária aponta, eminentemente, para as teorias de viés cultural, lugar teórico que tem narrado a identidade surda contemporânea. Reconhecendo tais peculiaridades, buscou-se investigar, a partir da perspectiva histórico-cultural, como os surdos que vivenciam experiências marginais de identidade, que não estão nos grupos majoritários da comunidade surda, e, não possuem proficiência em língua de sinais, narram seu processo identitário. Participaram da investigação oito surdos inicialmente, com algumas desistências posteriores, de uma instituição de apoio para surdos de Brasília, por meio de um grupo focal, que aconteceu semanalmente, com duração de duas horas cada encontro. O trabalho foi realizado por uma equipe multidisciplinar, tendo uma pedagoga, uma psicóloga e dois intérpretes de língua de sinais, um para cada semestre. Totalizaram-se vinte encontros, ao longo do primeiro e segundo semestres de 2013. Os dados foram vídeo-gravados e transcritos integralmente para a análise, que depreendeu três eixos importantes, estruturados em presente, passado e futuro, sobre o processo de identidade: a) Fragmentos narrativos que evocam situações vividas antes da descoberta da surdez; b) Fragmentos narrativos que evocam situações vividas no momento da descoberta da surdez: o impacto do discurso médico na percepção subjetiva da surdez e alterações nas relações parentais; e, c) Prospecções: Facetas da constituição identitária surda: língua, identidade e relações sociais. A partir da análise das narrativas em uma perspectiva histórica, os resultados do estudo apontam que as dinâmicas familiares, as situações de violência física e simbólica, o discurso médico, as diferenças materiais e de condições de produção que os surdos vivenciam, configuram o processo identitário do surdo que não tem na língua de sinais seu único ponto de ancoragem, pois as questões ideológicas e de classe social precisam ser consideradas quando o que está em foco é a constituição identitária.
id UFSC_3e84280fda130edd1cd5975ed83df65f
oai_identifier_str oai:repositorio.ufsc.br:123456789/190974
network_acronym_str UFSC
network_name_str Repositório Institucional da UFSC
repository_id_str 2373
spelling MONTEIRO, Rosa Maria Godinho2018-11-01T04:19:36Z2018-11-01T04:19:36Z2014MONTEIRO, Rosa Maria Godinho. Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?. 2014. 163 f. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde). Universidade de Brasília. 2014. Orientadora: Dra. Daniele Nunes Henrique Silvahttps://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/190974A identidade surda tem sido amplamente debatida, especialmente, pelas mudanças contemporâneas, que imprimem novas formas de se relacionar e de se constituir. Dessa forma, o cenário da questão identitária aponta, eminentemente, para as teorias de viés cultural, lugar teórico que tem narrado a identidade surda contemporânea. Reconhecendo tais peculiaridades, buscou-se investigar, a partir da perspectiva histórico-cultural, como os surdos que vivenciam experiências marginais de identidade, que não estão nos grupos majoritários da comunidade surda, e, não possuem proficiência em língua de sinais, narram seu processo identitário. Participaram da investigação oito surdos inicialmente, com algumas desistências posteriores, de uma instituição de apoio para surdos de Brasília, por meio de um grupo focal, que aconteceu semanalmente, com duração de duas horas cada encontro. O trabalho foi realizado por uma equipe multidisciplinar, tendo uma pedagoga, uma psicóloga e dois intérpretes de língua de sinais, um para cada semestre. Totalizaram-se vinte encontros, ao longo do primeiro e segundo semestres de 2013. Os dados foram vídeo-gravados e transcritos integralmente para a análise, que depreendeu três eixos importantes, estruturados em presente, passado e futuro, sobre o processo de identidade: a) Fragmentos narrativos que evocam situações vividas antes da descoberta da surdez; b) Fragmentos narrativos que evocam situações vividas no momento da descoberta da surdez: o impacto do discurso médico na percepção subjetiva da surdez e alterações nas relações parentais; e, c) Prospecções: Facetas da constituição identitária surda: língua, identidade e relações sociais. A partir da análise das narrativas em uma perspectiva histórica, os resultados do estudo apontam que as dinâmicas familiares, as situações de violência física e simbólica, o discurso médico, as diferenças materiais e de condições de produção que os surdos vivenciam, configuram o processo identitário do surdo que não tem na língua de sinais seu único ponto de ancoragem, pois as questões ideológicas e de classe social precisam ser consideradas quando o que está em foco é a constituição identitária.UnBIdentidade surdaSurdezPsicologia do desenvolvimento,Narrativas surdasPsicologia histórico-culturalSurdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisporreponame:Repositório Institucional da UFSCinstname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)instacron:UFSCinfo:eu-repo/semantics/openAccessLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81383https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/190974/2/license.txt11ee89cd31d893362820eab7c4d46734MD52ORIGINALMONTEIRO Rosa Maria Godinho 2014 (dissertação) UnB.pdfMONTEIRO Rosa Maria Godinho 2014 (dissertação) UnB.pdfapplication/pdf1372611https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/190974/1/MONTEIRO%20Rosa%20Maria%20Godinho%202014%20%28disserta%c3%a7%c3%a3o%29%20UnB.pdf797394ac6f60e09f7895a791db66570fMD51123456789/1909742018-11-01 01:19:36.688oai:repositorio.ufsc.br:123456789/190974Vm9jw6ogdGVtIGEgbGliZXJkYWRlIGRlOiBDb21wYXJ0aWxoYXIg4oCUIGNvcGlhciwgZGlzdHJpYnVpciBlIHRyYW5zbWl0aXIgYSBvYnJhLiBSZW1peGFyIOKAlCBjcmlhciBvYnJhcyBkZXJpdmFkYXMuClNvYiBhcyBzZWd1aW50ZXMgY29uZGnDp8O1ZXM6IEF0cmlidWnDp8OjbyDigJQgVm9jw6ogZGV2ZSBjcmVkaXRhciBhIG9icmEgZGEgZm9ybWEgZXNwZWNpZmljYWRhIHBlbG8gYXV0b3Igb3UgbGljZW5jaWFudGUgKG1hcyBuw6NvIGRlIG1hbmVpcmEgcXVlIHN1Z2lyYSBxdWUgZXN0ZXMgY29uY2VkZW0gcXVhbHF1ZXIgYXZhbCBhIHZvY8OqIG91IGFvIHNldSB1c28gZGEgb2JyYSkuIFVzbyBuw6NvLWNvbWVyY2lhbCDigJQgVm9jw6ogbsOjbyBwb2RlIHVzYXIgZXN0YSBvYnJhIHBhcmEgZmlucyBjb21lcmNpYWlzLgpGaWNhbmRvIGNsYXJvIHF1ZTogUmVuw7puY2lhIOKAlCBRdWFscXVlciBkYXMgY29uZGnDp8O1ZXMgYWNpbWEgcG9kZSBzZXIgcmVudW5jaWFkYSBzZSB2b2PDqiBvYnRpdmVyIHBlcm1pc3PDo28gZG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMuIERvbcOtbmlvIFDDumJsaWNvIOKAlCBPbmRlIGEgb2JyYSBvdSBxdWFscXVlciBkZSBzZXVzIGVsZW1lbnRvcyBlc3RpdmVyIGVtIGRvbcOtbmlvIHDDumJsaWNvIHNvYiBvIGRpcmVpdG8gYXBsaWPDoXZlbCwgZXN0YSBjb25kacOnw6NvIG7Do28gw6ksIGRlIG1hbmVpcmEgYWxndW1hLCBhZmV0YWRhIHBlbGEgbGljZW7Dp2EuIE91dHJvcyBEaXJlaXRvcyDigJQgT3Mgc2VndWludGVzIGRpcmVpdG9zIG7Do28gc8OjbywgZGUgbWFuZWlyYSBhbGd1bWEsIGFmZXRhZG9zIHBlbGEgbGljZW7Dp2E6IExpbWl0YcOnw7VlcyBlIGV4Y2XDp8O1ZXMgYW9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIG91IHF1YWlzcXVlciB1c29zIGxpdnJlcyBhcGxpY8OhdmVpczsgT3MgZGlyZWl0b3MgbW9yYWlzIGRvIGF1dG9yOyBEaXJlaXRvcyBxdWUgb3V0cmFzIHBlc3NvYXMgcG9kZW0gdGVyIHNvYnJlIGEgb2JyYSBvdSBzb2JyZSBhIHV0aWxpemHDp8OjbyBkYSBvYnJhLCB0YWlzIGNvbW8gZGlyZWl0b3MgZGUgaW1hZ2VtIG91IHByaXZhY2lkYWRlLiBBdmlzbyDigJQgUGFyYSBxdWFscXVlciByZXV0aWxpemHDp8OjbyBvdSBkaXN0cmlidWnDp8Ojbywgdm9jw6ogZGV2ZSBkZWl4YXIgY2xhcm8gYSB0ZXJjZWlyb3Mgb3MgdGVybW9zIGRhIGxpY2Vuw6dhIGEgcXVlIHNlIGVuY29udHJhIHN1Ym1ldGlkYSBlc3RhIG9icmEuIEEgbWVsaG9yIG1hbmVpcmEgZGUgZmF6ZXIgaXNzbyDDqSBjb20gdW0gbGluayBwYXJhIGVzdGEgcMOhZ2luYS4KTGljZW7Dp2EgQ3JlYXRpdmUgQ29tbW9ucyAtIGh0dHA6Ly9jcmVhdGl2ZWNvbW1vbnMub3JnL2xpY2Vuc2VzL2J5LW5jLzMuMC9ici8KRepositório de PublicaçõesPUBhttp://150.162.242.35/oai/requestopendoar:23732018-11-01T04:19:36Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?
title Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?
spellingShingle Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?
MONTEIRO, Rosa Maria Godinho
Identidade surda
Surdez
Psicologia do desenvolvimento,
Narrativas surdas
Psicologia histórico-cultural
title_short Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?
title_full Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?
title_fullStr Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?
title_full_unstemmed Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?
title_sort Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?
author MONTEIRO, Rosa Maria Godinho
author_facet MONTEIRO, Rosa Maria Godinho
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv MONTEIRO, Rosa Maria Godinho
dc.subject.por.fl_str_mv Identidade surda
Surdez
Psicologia do desenvolvimento,
Narrativas surdas
Psicologia histórico-cultural
topic Identidade surda
Surdez
Psicologia do desenvolvimento,
Narrativas surdas
Psicologia histórico-cultural
description A identidade surda tem sido amplamente debatida, especialmente, pelas mudanças contemporâneas, que imprimem novas formas de se relacionar e de se constituir. Dessa forma, o cenário da questão identitária aponta, eminentemente, para as teorias de viés cultural, lugar teórico que tem narrado a identidade surda contemporânea. Reconhecendo tais peculiaridades, buscou-se investigar, a partir da perspectiva histórico-cultural, como os surdos que vivenciam experiências marginais de identidade, que não estão nos grupos majoritários da comunidade surda, e, não possuem proficiência em língua de sinais, narram seu processo identitário. Participaram da investigação oito surdos inicialmente, com algumas desistências posteriores, de uma instituição de apoio para surdos de Brasília, por meio de um grupo focal, que aconteceu semanalmente, com duração de duas horas cada encontro. O trabalho foi realizado por uma equipe multidisciplinar, tendo uma pedagoga, uma psicóloga e dois intérpretes de língua de sinais, um para cada semestre. Totalizaram-se vinte encontros, ao longo do primeiro e segundo semestres de 2013. Os dados foram vídeo-gravados e transcritos integralmente para a análise, que depreendeu três eixos importantes, estruturados em presente, passado e futuro, sobre o processo de identidade: a) Fragmentos narrativos que evocam situações vividas antes da descoberta da surdez; b) Fragmentos narrativos que evocam situações vividas no momento da descoberta da surdez: o impacto do discurso médico na percepção subjetiva da surdez e alterações nas relações parentais; e, c) Prospecções: Facetas da constituição identitária surda: língua, identidade e relações sociais. A partir da análise das narrativas em uma perspectiva histórica, os resultados do estudo apontam que as dinâmicas familiares, as situações de violência física e simbólica, o discurso médico, as diferenças materiais e de condições de produção que os surdos vivenciam, configuram o processo identitário do surdo que não tem na língua de sinais seu único ponto de ancoragem, pois as questões ideológicas e de classe social precisam ser consideradas quando o que está em foco é a constituição identitária.
publishDate 2014
dc.date.issued.fl_str_mv 2014
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2018-11-01T04:19:36Z
dc.date.available.fl_str_mv 2018-11-01T04:19:36Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv MONTEIRO, Rosa Maria Godinho. Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?. 2014. 163 f. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde). Universidade de Brasília. 2014. Orientadora: Dra. Daniele Nunes Henrique Silva
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/190974
identifier_str_mv MONTEIRO, Rosa Maria Godinho. Surdez e identidade bicultural: como nos descobrimos surdos?. 2014. 163 f. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde). Universidade de Brasília. 2014. Orientadora: Dra. Daniele Nunes Henrique Silva
url https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/190974
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv UnB
publisher.none.fl_str_mv UnB
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFSC
instname:Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
instacron:UFSC
instname_str Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
instacron_str UFSC
institution UFSC
reponame_str Repositório Institucional da UFSC
collection Repositório Institucional da UFSC
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/190974/2/license.txt
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/123456789/190974/1/MONTEIRO%20Rosa%20Maria%20Godinho%202014%20%28disserta%c3%a7%c3%a3o%29%20UnB.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 11ee89cd31d893362820eab7c4d46734
797394ac6f60e09f7895a791db66570f
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1766805083361640448