Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2004 |
Outros Autores: | , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UNIFESP |
Texto Completo: | http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/2027 http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462004000100015 |
Resumo: | O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) responde aos tratamentos habituais (fármacos e psicoterapia) em cerca de 60 a 80% dos casos. Existe, assim, uma parcela de pacientes resistente aos tratamentos usuais, mesmo que adequadamente conduzidos, com grave prejuízo psicossocial. Nestas situações, a neurocirurgia pode ser indicada. Existem cinco técnicas cirúrgicas disponíveis, com as seguintes taxas de melhora global pós-operatória: capsulotomia anterior (38 a 100%); cingulotomia anterior (27 a 57%); tractotomia subcaudado (33 a 67%); leucotomia límbica (61 a 69%) e talamotomia central lateral com palidotomia anteromedial (62,5%). A capsulotomia anterior pode ser realizada através de diferentes técnicas: neurocirurgia padrão, radiocirurgia ou estimulação cerebral profunda. Na neurocirurgia padrão, circuitos neurais são interrompidos por radiofreqüência via trepanação no crânio. Na radiocirurgia, uma lesão actínica é induzida sem a necessidade de abertura do crânio. A estimulação cerebral profunda consiste na implantação de eletrodos ativados a partir de estimuladores. A literatura indica taxas relativamente baixas de eventos adversos e complicações, sendo raramente descritas alterações neuropsicológicas e de personalidade. Cumpre ressaltar, no entanto, a falta de ensaios clínicos randomizados que comprovem a eficácia e investiguem os eventos adversos ou complicações dos procedimentos cirúrgicos acima mencionados. Concluindo, há um recente aprimoramento das neurocirurgias dos transtornos psiquiátricos graves no sentido de torná-las cada vez mais eficazes e seguras. Estas cirurgias, quando adequadamente indicadas, podem trazer alívio substancial ao sofrimento de pacientes com TOC grave. |
id |
UFSP_a5d6d5e65e065de2768abd1579617d0a |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.unifesp.br:11600/2027 |
network_acronym_str |
UFSP |
network_name_str |
Repositório Institucional da UNIFESP |
repository_id_str |
3465 |
spelling |
Lopes, Antonio Carlos [UNIFESP]Mathis, Maria Eugênia deCanteras, Miguel MontesSalvajoli, João VictorPorto, Jose Alberto Del [UNIFESP]Miguel, Euripedes ConstantinoUniversidade de São Paulo (USP)Instituto de Radiocirurgia NeurológicaUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP)2015-06-14T13:30:19Z2015-06-14T13:30:19Z2004-03-01Revista Brasileira de Psiquiatria. Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP, v. 26, n. 1, p. 62-66, 2004.1516-4446http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/2027http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462004000100015S1516-44462004000100015.pdfS1516-4446200400010001510.1590/S1516-44462004000100015O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) responde aos tratamentos habituais (fármacos e psicoterapia) em cerca de 60 a 80% dos casos. Existe, assim, uma parcela de pacientes resistente aos tratamentos usuais, mesmo que adequadamente conduzidos, com grave prejuízo psicossocial. Nestas situações, a neurocirurgia pode ser indicada. Existem cinco técnicas cirúrgicas disponíveis, com as seguintes taxas de melhora global pós-operatória: capsulotomia anterior (38 a 100%); cingulotomia anterior (27 a 57%); tractotomia subcaudado (33 a 67%); leucotomia límbica (61 a 69%) e talamotomia central lateral com palidotomia anteromedial (62,5%). A capsulotomia anterior pode ser realizada através de diferentes técnicas: neurocirurgia padrão, radiocirurgia ou estimulação cerebral profunda. Na neurocirurgia padrão, circuitos neurais são interrompidos por radiofreqüência via trepanação no crânio. Na radiocirurgia, uma lesão actínica é induzida sem a necessidade de abertura do crânio. A estimulação cerebral profunda consiste na implantação de eletrodos ativados a partir de estimuladores. A literatura indica taxas relativamente baixas de eventos adversos e complicações, sendo raramente descritas alterações neuropsicológicas e de personalidade. Cumpre ressaltar, no entanto, a falta de ensaios clínicos randomizados que comprovem a eficácia e investiguem os eventos adversos ou complicações dos procedimentos cirúrgicos acima mencionados. Concluindo, há um recente aprimoramento das neurocirurgias dos transtornos psiquiátricos graves no sentido de torná-las cada vez mais eficazes e seguras. Estas cirurgias, quando adequadamente indicadas, podem trazer alívio substancial ao sofrimento de pacientes com TOC grave.Responses to pharmacotherapy and psychotherapy in obsessive-compulsive disorder (OCD) range from 60 to 80% of cases. However, a subset of OCD patients do not respond to adequately conducted treatment trials, leading to severe psychosocial impairment. Stereotactic surgery can be indicated then as the last resource. Five surgical techniques are available, with the following rates of global post-operative improvement: anterior capsulotomy (38-100%); anterior cingulotomy (27-57%); subcaudate tractotomy (33-67%); limbic leucotomy (61-69%), and central lateral thalamotomy/anterior medial pallidotomy (62.5%). The first technique can be conducted as a standard neurosurgery, as radiosurgery or as deep brain stimulation. In the standard neurosurgery neural circuits are interrupted by radiofrequency. In radiosurgery, an actinic lesion is provoked without opening the brain. Deep brain stimulation consists on implanting electrodes which are activated by stimulators. Literature reports a relatively low prevalence of adverse events and complications. Neuropsychological and personality changes are rarely reported. However, there is a lack of randomized controlled trials to prove efficacy and adverse events/complication issues among these surgical procedures. Concluding, there is a recent development in the neurosurgeries for severe psychiatric disorders in the direction of making them more efficacious and safer. These surgeries, when correctly indicated, can profoundly alleviate the suffering of severe OCD patients.Universidade de São Paulo Faculdade de Medicina Departamento de PsiquiatriaInstituto de Radiocirurgia NeurológicaUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Departamento de PsiquiatriaUNIFESP, Depto. de PsiquiatriaSciELO62-66porAssociação Brasileira de Psiquiatria - ABPRevista Brasileira de PsiquiatriaTranstorno obsessivo-compulsivoPsicocirurgiaNeurocirurgiaCirurgiaRevisãoObsessive-compulsive disorderPsychosurgeryNeurosurgerySurgeryReviewAtualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivoUpdate on neurosurgical treatment for obsessive compulsive disorderinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESPORIGINALS1516-44462004000100015.pdfapplication/pdf31042${dspace.ui.url}/bitstream/11600/2027/1/S1516-44462004000100015.pdf6ce3292beeb1e3ce6a2632b0f46a9450MD51open accessTEXTS1516-44462004000100015.pdf.txtS1516-44462004000100015.pdf.txtExtracted texttext/plain23285${dspace.ui.url}/bitstream/11600/2027/2/S1516-44462004000100015.pdf.txt1bf12e79261bf16de614565ab1b806b8MD52open access11600/20272021-10-05 11:33:50.028open accessoai:repositorio.unifesp.br:11600/2027Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestopendoar:34652023-05-25T12:14:08.403195Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false |
dc.title.pt.fl_str_mv |
Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo |
dc.title.alternative.en.fl_str_mv |
Update on neurosurgical treatment for obsessive compulsive disorder |
title |
Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo |
spellingShingle |
Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo Lopes, Antonio Carlos [UNIFESP] Transtorno obsessivo-compulsivo Psicocirurgia Neurocirurgia Cirurgia Revisão Obsessive-compulsive disorder Psychosurgery Neurosurgery Surgery Review |
title_short |
Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo |
title_full |
Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo |
title_fullStr |
Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo |
title_full_unstemmed |
Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo |
title_sort |
Atualização sobre o tratamento neurocirúrgico do transtorno obsessivo-compulsivo |
author |
Lopes, Antonio Carlos [UNIFESP] |
author_facet |
Lopes, Antonio Carlos [UNIFESP] Mathis, Maria Eugênia de Canteras, Miguel Montes Salvajoli, João Victor Porto, Jose Alberto Del [UNIFESP] Miguel, Euripedes Constantino |
author_role |
author |
author2 |
Mathis, Maria Eugênia de Canteras, Miguel Montes Salvajoli, João Victor Porto, Jose Alberto Del [UNIFESP] Miguel, Euripedes Constantino |
author2_role |
author author author author author |
dc.contributor.institution.none.fl_str_mv |
Universidade de São Paulo (USP) Instituto de Radiocirurgia Neurológica Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Lopes, Antonio Carlos [UNIFESP] Mathis, Maria Eugênia de Canteras, Miguel Montes Salvajoli, João Victor Porto, Jose Alberto Del [UNIFESP] Miguel, Euripedes Constantino |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Transtorno obsessivo-compulsivo Psicocirurgia Neurocirurgia Cirurgia Revisão |
topic |
Transtorno obsessivo-compulsivo Psicocirurgia Neurocirurgia Cirurgia Revisão Obsessive-compulsive disorder Psychosurgery Neurosurgery Surgery Review |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Obsessive-compulsive disorder Psychosurgery Neurosurgery Surgery Review |
description |
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) responde aos tratamentos habituais (fármacos e psicoterapia) em cerca de 60 a 80% dos casos. Existe, assim, uma parcela de pacientes resistente aos tratamentos usuais, mesmo que adequadamente conduzidos, com grave prejuízo psicossocial. Nestas situações, a neurocirurgia pode ser indicada. Existem cinco técnicas cirúrgicas disponíveis, com as seguintes taxas de melhora global pós-operatória: capsulotomia anterior (38 a 100%); cingulotomia anterior (27 a 57%); tractotomia subcaudado (33 a 67%); leucotomia límbica (61 a 69%) e talamotomia central lateral com palidotomia anteromedial (62,5%). A capsulotomia anterior pode ser realizada através de diferentes técnicas: neurocirurgia padrão, radiocirurgia ou estimulação cerebral profunda. Na neurocirurgia padrão, circuitos neurais são interrompidos por radiofreqüência via trepanação no crânio. Na radiocirurgia, uma lesão actínica é induzida sem a necessidade de abertura do crânio. A estimulação cerebral profunda consiste na implantação de eletrodos ativados a partir de estimuladores. A literatura indica taxas relativamente baixas de eventos adversos e complicações, sendo raramente descritas alterações neuropsicológicas e de personalidade. Cumpre ressaltar, no entanto, a falta de ensaios clínicos randomizados que comprovem a eficácia e investiguem os eventos adversos ou complicações dos procedimentos cirúrgicos acima mencionados. Concluindo, há um recente aprimoramento das neurocirurgias dos transtornos psiquiátricos graves no sentido de torná-las cada vez mais eficazes e seguras. Estas cirurgias, quando adequadamente indicadas, podem trazer alívio substancial ao sofrimento de pacientes com TOC grave. |
publishDate |
2004 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2004-03-01 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2015-06-14T13:30:19Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2015-06-14T13:30:19Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.citation.fl_str_mv |
Revista Brasileira de Psiquiatria. Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP, v. 26, n. 1, p. 62-66, 2004. |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/2027 http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462004000100015 |
dc.identifier.issn.none.fl_str_mv |
1516-4446 |
dc.identifier.file.none.fl_str_mv |
S1516-44462004000100015.pdf |
dc.identifier.scielo.none.fl_str_mv |
S1516-44462004000100015 |
dc.identifier.doi.none.fl_str_mv |
10.1590/S1516-44462004000100015 |
identifier_str_mv |
Revista Brasileira de Psiquiatria. Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP, v. 26, n. 1, p. 62-66, 2004. 1516-4446 S1516-44462004000100015.pdf S1516-44462004000100015 10.1590/S1516-44462004000100015 |
url |
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/2027 http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462004000100015 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.ispartof.none.fl_str_mv |
Revista Brasileira de Psiquiatria |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
62-66 |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP |
publisher.none.fl_str_mv |
Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UNIFESP instname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) instacron:UNIFESP |
instname_str |
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) |
instacron_str |
UNIFESP |
institution |
UNIFESP |
reponame_str |
Repositório Institucional da UNIFESP |
collection |
Repositório Institucional da UNIFESP |
bitstream.url.fl_str_mv |
${dspace.ui.url}/bitstream/11600/2027/1/S1516-44462004000100015.pdf ${dspace.ui.url}/bitstream/11600/2027/2/S1516-44462004000100015.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
6ce3292beeb1e3ce6a2632b0f46a9450 1bf12e79261bf16de614565ab1b806b8 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1783460265605464064 |