Evolução correlacionada de características reprodutivas em Mutisia

• Autor(a) principal: Felix, Thales Henrique Aguiar
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFU
• Texto Completo: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/33200
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::BOTANICA::MORFOLOGIA VEGETAL; Especialização; Specialization; Morfologia; Morphology; Atributos florais; Floral traits; Mutisia

Ao longo da historia evolutiva das Angiospermas as flores assumiram diversas formas, cores e tamanhos com mudanças nos atributos florais relacionadas tanto para a atração de visitantes florais quanto para a evitação de visitantes indesejados, alguns exemplos dessa relação dos atributos com sua função são: a presença de padrão de cor em uma flor para a atração de abelhas e o comprimento da corola que está relacionada com a inacessibilidade de recursos, um capítulo com seu tubo floral longo tem seus recursos mais inacessiveis para os visitantes sendo melhor explorados por beija-flores de bico longo, no caso de beija-flores de bico curto, ficam restritos as flores de tubo curto com seus recursos mais acessíveis. Nosso objetivo é descrever a história evolutiva da morfologia dos capítulos do gênero Mutisia junto com sua espécie irmã Pachylaena atriplicifolia e correlacionar a evolução entre esses atributos com o padrão de cor. De acordo com a hipótese filogenética proposta por Moreira et. al (2020), o gênero Mutisia apresenta 63 taxons com distribuição na America do Sul, 59 espécies localizadas na região dos Andes e 4 espécies no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, Mutisia possui capítulos grandes e vistosos, variando na sua morfologia tanto em tamanho, forma, cor e presença de padrão de cor estas mudanças podendo ser atribuidas por ser um grupo polinizado tanto por abelhas quanto beija-flores. Para a coleta de dados, obtivemos material para análise de 40 espécies do gênero Mutisia e 1 espécie do grupo irmão, Pachylaena atriplicifolia, totalizando 41 espécies. Os vouchers das espécies foram coletados a partir de herbários virtuais e a reconstrução de caracteres ancestrais foi utilizada a função fastAnc do pacote phytools. Para a correlação evolutiva entre a presença de padrão de cor e forma dos capítulos foi utilizado a função gls do pacote nlme e o pacote geiger todas as análises foram feitas no ambiente R. Atualmente no grupo as espécies apresentam capítulos grandes, mais vistoso e mais inacessíveis, mantendo o formato redondo, com exceção do clado grandiflora. Encontramos no possível ancestral do gênero capítulos pequenos, redondos, mais discretos e com suas recompensas mais acessíveis aos polinizadores. Não encontramos uma correlação entre a ausência de padrão de cor com a inacessibilidade dos recursos, indicando que estas mudanças ocorrem por diferentes pressões seletivas. O clado grandiflora evoluiu para capítulos maiores, mais alongados e sem padrão de cor, apresentando características de um grupo especializado em beija-flores de bico longo, este grupo habita especificamente o norte dos Andes no Equador, um ambiente com alta altitude e provavelmente com pouca disponibilidade de abelhas, assim a presença de capítulos alongados e sem padrão de cor nesse clado possivelmente não evoluiu para a teoria de evitação de abelhas e sim para garantir sua polinização especializando-se em beija-flores no topo dos morros.