Padrões alimentares e índice inflamatório da dieta : associações nas alterações clinico-nutricionais na cirurgia bariátrica

• Autor(a) principal: Andrade, Patrícia Amaro
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: LOCUS Repositório Institucional da UFV
• Texto Completo: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27783
• topic: Obesidade; Emagrecimento; Cirurgia bariátrica; Inflamação; Análise de Cluster; Análise Nutricional de População

A obesidade é uma doença crônica, definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal, sendo um dos principais tratamentos para obesidade grave a cirurgia bariátrica. A dieta é um fator importante na incidência da obesidade e a orientação para pacientes no pré e pós- operatório é praticar uma alimentação saudável. Desta forma, o uso de métodos como a análise de cluster para identificar o padrão alimentar e o Índice Inflamatório da Dieta (IID) para avaliar o quão pró-inflamatória é a dieta, podem contribuir na promoção de estratégias nutricionais para esses pacientes e potencializar os resultados da cirurgia. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal no período pré-operatório e prospectivo no período pós-operatório, de caráter descritivo e analítico, realizado através da análise dos prontuários dos pacientes atendidos pela ETNO do Hospital das Clínicas da UFMG. Foram selecionadas 132 mulheres obesas (IMC≥35 kg/m2, 43,0 ± 9,7 anos), que atendiam aos critérios de inclusão: ter idade superior a 18 anos, dados completos da primeira consulta e sexto mês após a cirurgia, ingestão calórica diária dentro de valores pré-definidos (500-5000 kcal/dia). Foram coletados os dados sociodemográficos, de composição corporal, de consumo alimentar (recordatório 24 h) e de saúde no pré e pós-operatório, mediante consulta de prontuários. Dados de composição corporal foram estimados mediante a mudança (%) e a perda do excesso de peso (%). Com os dados de consumo alimentar o IID foi calculado e os padrões alimentares identificados através da técnica Two-Step-Cluster. Nesta técnica, os indivíduos são agregados dentro de subgrupos relativamente homogêneos com padrões alimentares similares, aumentando a heterogeneidade entre os grupos, por meio do afastamento de elementos mais distantes. Quanto aos dados de saúde foram avaliados a presença de doenças relacionadas à obesidade, uso de medicamentos, suplementos e sinais e sintomas (náusea, vômito, alopecia). Resultados: As mulheres com dieta mais pró-inflamatória (IID > 0,3, valor da mediana) no pré-operatório tiveram menor perda de peso (-22,7% vs. -25,3%, p= 0,024) e de massa gorda (-31,9 vs. -36,2%, p=0,026), sem diferença para massa magra (p=0,144). Em modelo de regressão linear, o IID basal foi negativamente associado ao percentual de mudança do peso e de massa gorda e positivamente associado ao peso e massa gorda no sexto mês de cirurgia. Ademais, IID basal pró-inflamatório se correlacionou-se com um menor consumo de frutas (r=-0,255, p=0,006), hortaliças (r=-0,473, p=0,001) e leguminosas (r=-0,212, p=0,003) no pós-operatório. No pós-operatório foram formados três padrões alimentares (clusters), sendo seus preditores o consumo de carnes e açúcares de adição, os clusters foram nomeados “açúcares”, “tradicional” e “carnes”. Apenas o cluster “carnes” atingiu a recomendação mínima do consumo de proteínas (≥60g/kg/dia) e apresentaram maior perda do excesso de peso (51,5%, p=0,008). O cluster “açúcar” apresentou maior prevalência de náuseas e vômitos, ademais, maior média de peso (106,7 kg, p=0,014) e massa gorda (46,5 kg, p=0,029) e o menor percentual de mudança (%) da massa gorda (-33,0 %, p=0,039), quando comparado aos demais clusters. Como conclusão, nosso estudo indica que uma dieta pró-inflamatória no pré-operatório está associada a menor mudança de peso e gordura corporal e consumo reduzido de frutas, hortaliças e leguminosas após a cirurgia bariátrica. Além disso, o consumo adequado de proteínas e a exclusão dos açúcares da dieta após a cirurgia bariátrica são fatores associados a melhores resultados (perda de peso, perda de massa gorda, redução de sintomas). Ademais, o IID foi capaz de avaliar o quão pró- inflamatória é a dieta e a técnica Two-Step-Cluster foi capaz de identificar padrões alimentares, ambos apresentando importante repercussão clínico-nutricional.