Quem pariu Améfrica?: trabalho doméstico, constitucionalismo e memória em pretuguês
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Brasileira de Políticas Públicas (Online) |
Texto Completo: | https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/view/6900 |
Resumo: | Este artigo revisita o debate constitucional sobre história e memória nacional no discurso dos juristas a partir da categoria político-cultural de amefricanidade, entendendo o trabalho reprodutivo como aspecto central do mito da democracia racial. Trazendo para o centro do debate as contribuições da tradição intelectual das mulheres da diáspora africana, retoma as lutas por direitos do movimento associativo/sindical de trabalhadoras domésticas no Brasil. A participação das domésticas na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988 foi marcada pelo silenciamento de suas demandas por serem consideradas “como se fossem da família”. Essa experiência chama atenção para a relação entre direitos fundamentais e imagens de controle, articuladas em torno da degeneração da sexualidade e da maternidade de mulheres negras. Entre a casa grande e a senzala, a família é o espaço de disputa do papel dessas mulheres no constitucionalismo brasileiro. Inseridas no seio do lar da família brasileira, ao mesmo tempo dentro e fora dela, elas são o emblema do discurso de harmonia entre as raças que atravessa o mito fundador, ao mesmo tempo como a mãe preta amorosa e leal que cria crianças brancas e a mucama fogosa cujo estupro possibilita a miscigenação, símbolo produtivo e unificador da brasilidade. A partir da tensão entre imagem e linguagem apresentada por Lélia Gonzalez, compreendendo a mãe preta como a mãe na cultura brasileira, o pretuguês revela a amefricanidade denegada; possibilitando o reconhecimento e a reparação dos traumas do colonialismo presentes na democracia a partir da agência política das trabalhadoras domésticas. |
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Quem pariu Améfrica?: trabalho doméstico, constitucionalismo e memória em pretuguêsDireito; Direito constitucionalConstitucionalismo brasileiro; Trabalhadoras domésticas. Amefricanidade; Feminismo Negro; Ancestralidade.Este artigo revisita o debate constitucional sobre história e memória nacional no discurso dos juristas a partir da categoria político-cultural de amefricanidade, entendendo o trabalho reprodutivo como aspecto central do mito da democracia racial. Trazendo para o centro do debate as contribuições da tradição intelectual das mulheres da diáspora africana, retoma as lutas por direitos do movimento associativo/sindical de trabalhadoras domésticas no Brasil. A participação das domésticas na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988 foi marcada pelo silenciamento de suas demandas por serem consideradas “como se fossem da família”. Essa experiência chama atenção para a relação entre direitos fundamentais e imagens de controle, articuladas em torno da degeneração da sexualidade e da maternidade de mulheres negras. Entre a casa grande e a senzala, a família é o espaço de disputa do papel dessas mulheres no constitucionalismo brasileiro. Inseridas no seio do lar da família brasileira, ao mesmo tempo dentro e fora dela, elas são o emblema do discurso de harmonia entre as raças que atravessa o mito fundador, ao mesmo tempo como a mãe preta amorosa e leal que cria crianças brancas e a mucama fogosa cujo estupro possibilita a miscigenação, símbolo produtivo e unificador da brasilidade. A partir da tensão entre imagem e linguagem apresentada por Lélia Gonzalez, compreendendo a mãe preta como a mãe na cultura brasileira, o pretuguês revela a amefricanidade denegada; possibilitando o reconhecimento e a reparação dos traumas do colonialismo presentes na democracia a partir da agência política das trabalhadoras domésticas.UniCEUBLopes, Juliana Araújo2020-10-26info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/view/690010.5102/rbpp.v10i2.6900Brazilian Journal of Public Policy; v. 10, n. 2 (2020): Gênero, raça e direito: articulações empíricas e epistemológicasRevista Brasileña de Políticas Públicas; v. 10, n. 2 (2020): Gênero, raça e direito: articulações empíricas e epistemológicasRevista Brasileira de Políticas Públicas; v. 10, n. 2 (2020): Gênero, raça e direito: articulações empíricas e epistemológicas2236-16772179-8338reponame:Revista Brasileira de Políticas Públicas (Online)instname:Centro de Ensino de Brasília (UNICEUB)instacron:UNICEUBporhttps://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/view/6900/pdfDireitos autorais 2020 Revista Brasileira de Políticas Públicasinfo:eu-repo/semantics/openAccess2022-12-05T12:34:46Zoai:oai.uniceub.emnuvens.com.br:article/6900Revistahttp://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/RBPPPRIhttps://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/oaiatendimento.seer@uniceub.br||rbppuniceub@gmail.com|| prisqua@gmail.com|| marcelodvarella@gmail.com2236-16772179-8338opendoar:2022-12-05T12:34:46Revista Brasileira de Políticas Públicas (Online) - Centro de Ensino de Brasília (UNICEUB)false |
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