DIMENSÕES SOCIAIS QUE INTERFEREM E/OU POTENCIALIZAM A EXPERIÊNCIA DA AMAMENTAÇÃO DE MÃES DE RECÉN-NASCIDOS EGRESSOS DE UTI NEONATAL

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Izidro de sousa eller, Maria Emanuele
Data de Publicação: 2010
Outros Autores: Carvalho, Sheini Manhães de, Silva, Leila Rangel da, Menezes, Inês Maria
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online
Texto Completo: https://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1110
Resumo: INTRODUÇÃO Esta investigação tem como objeto as dimensões sociais que interferem e/ou potencializam a experiência da amamentação de mães de prematuros egressos de UTI Neonatais (UTIN) e integra o subprojeto de pesquisa - As interfaces da amamentação: os recém-nascidos egressos da UTI Neonatal, vinculado ao projeto guarda-chuva Cuidado Cultural a Saúde da Mulher Brasileira – Tendências e Desafios para a Enfermagem sob a responsabilidade da Profª Dra. Leila Rangel da Silva. Está cadastrado no Núcleo de Pesquisa, Estudos e Experimentação na área da Saúde da Mulher e da Criança (NuPEEMC) e no Grupo de Estudos em Enfermagem nas Áreas Perinatal e da Mulher no Ciclo da Vida, ambos do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil (DEMI) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)Ao longo da história da humanidade o leite materno tem sido a principal fonte disponível de nutrientes dos lactentes. Entretanto, a partir do século XX e principalmente após a II Guerra Mundial, o aleitamento artificial adquiriu uma importância significativamente maior. À época, as indústrias produtoras desses leites, assessoradas por intensa e agressiva publicidade procuraram fazer com que o leite em pó fosse caracterizado como um substituto satisfatório para o leite materno devido à sua praticidade, condições adequadas de higiene e suprimento nutricional completo, o que os tornava até superiores ao leite materno (NASCIMENTO & ISSLER, 2004). Em contra partida, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece todos os benefícios da prática da amamentação para as mulheres, recém-nascidos, família e sociedade e recomenda aos governos e instituições de saúde a promoção do aleitamento materno como única fonte de alimentação exclusiva para crianças até os seis meses de idade e, a adição de outros alimentos (alimentos complementares), acompanhados da amamentação continuada até, pelo menos, os dois anos de idade. (GINGLIANI, 2003)No entanto, reconhecemos os altos índices de desmame precoce no Brasil e os vários fatores inter relacionados tais como: nível socioeconômico, grau de escolaridade, idade, renda familiar, saneamento, condições de parto, orientação e desejo de amamentar (ISSLER ET ALL, 1989). Levando em consideração que a sociedade e a cultura estão imbricadas na vida da mulher e de sua família e que os valores, crenças, modos de vida estão intimamente relacionados com o ato de amamentar. (LEININGER & MCFARLAND, 2006) OBJETIVOAnalisar as dimensões sociais que potencializam e/ou interferem no processo de amamentação de prematuros egressos da UTI neonatal. METODOLOGIATrata-se de um estudo de natureza descritiva exploratória e está em conformidade com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – CNS/MS. O projeto de pesquisa foi autorizado pelo CEP-UNIRIO 99/07 em 27 de Agosto de 2007, e também, pelo CEP SMS-RJ 89/08 em 23 de Junho 2008. O estudo foi desenvolvido em uma maternidade municipal situada na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, que possui Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), ambulatório de segmento dos recém-nascidos egressos da UTIN, no período de Julho a Agosto de 2008.A coleta de dados foi realizada com base em um questionário semi-estruturado, que abordou às condições sócio-econômicas-culturais e dados sobre a amamentação. Os critérios de inclusão para esta amostra delimitaram-se: a) mães com RN prematuros egressos da UTI Neonatal; b) RN internado com mais de 7 dias; c) mães que amamentaram ou ordenharam leite humano no momento da Internação do seu filho. Os sujeitos do estudo foram 30 mães que acompanhavam seus filhos na consulta de segmento (Follow-up). Para identificação das mães dos RN prematuros foram utilizados nomes de estrelas e constelações.Foram estudadas as variáveis sociais econômicas e demográficas (idade, escolaridade, ocupação, renda familiar, cor, situação conjugal), e as relacionadas ao processo de amamentação (tipo de aleitamento; início e/ou estabelecimento da amamentação ou desmame precoce; período de aleitamento). Os dados foram gravados e analisados o que permitiu um aprofundamento das informações e de detalhes mais precisos. Neste estudo para o processo de análise empregamos a Teoria do Cuidado Cultural de Leininger, utilizando o primeiro nível do Modelo de Sunrise - os fenômenos da estrutura social, as expressões de cuidado e significados da amamentação dos prematuros egressos da UTIN. Neste estudo utilizamos quatro dos sete fatores e acrescentamos o fator biológico. RESULTADOS E DISCUSSÃOFoi traçado o perfil das 30 mulheres entrevistadas: 43,3% tinham idade entre 21e 30 anos, 93,2% renda de 1 a 5 salários mínimos, 70% eram do lar, 63,2% sem trabalho de renda fixa, 33,3% declararam união consensual, 53,3% disseram ser católicas, 36,6% declaram-se de cor branca, 40% parda e 23,3% preta. Em relação à história obstétrica, 53,3% tinham um filho apenas, 63,3% dos recém-nascidos nasceram de parto cesáreo.A pesquisa foi realizada num cenário favorável à amamentação, por ser um hospital com título Amigo da Criança, porém tal processo se desenvolveu através de determinantes biológicos e condicionantes sociais, econômicos, políticos e culturais das mães de prematuros egressos de UTIN. Percebemos que é preciso, ter compreensão e conhecer a história de vida, desejo de cada mulher em relação ato de amamentar, modos de vida a fim de apoiá-la e orientá-la na superação de seus limites. Destacamos que devemos incluir uma rede que não separe mais os aspectos biológicos dos sociais, culturais e históricos, levando em conta a amamentação não apenas como um ato biologicamente determinado, mas também sócio-culturamente condicionado. (ALMEIDA, 1999)Pôde-se, então, identificar e analisar de forma mais acentuada os fatores tecnológicos, de companheirismo e sociais, culturais e de modos de vida, onde foi identificado o apoio e a informação a essas mães quanto à importância do aleitamento exclusivo para seu filho prematuro e as dificuldades enfrentadas diminuindo as estatísticas de desmame precoce. Os fatores conforme Leininger (Leininger & McFarland, 2006) fala em sua teoria, se entrelaçam e, portanto são fatores influenciadores entre si. Influências tecnológicas na amamentação - As mães vivenciaram o uso da tecnologia para manutenção da vida de seus filhos, por ficarem muito tempo internados na Unidade de Terapia Intensiva e Unidade Intermediária Neonatal como sondas orogástricas, respiradores mecânicos por longo tempo levando ao insucesso do processo de amamentação e na continuidade do aleitamento no domicílio conforme relato de Ursa maior: “Não pude amamentar enquanto meu filho estava internado porque ele ficou na UTI e só veio tomar, no caso o leite, depois só de alguns dias, mas mesmo assim era pela seringa por que não podia tirar ele da incubadora. (...) não dava para tirar ele também, por que ele tinha um dreno de tórax e não podia ficar movimentando ele toda hora e, além disso, ele ficou também dopado, então não tinha como, era só pela sonda, na UTI, depois ele foi para a UI e quando eu fui embora é que deu para amamentar.”O uso da tecnologia influenciou o processo fisiológico da lactação, principalmente quando as mães se depararam com os filhos que necessitavam ser estimulados para sugarem. Além disso, as nutrizes em seus depoimentos informaram da necessidade de ajuda do companheiro e de familiares (mães) para realizarem a ordenha manual do leite, demostrando a complexidade deste processo, como no relato a seguir: “Não tive bico, então tentei tirar com a bombinha. Minha mãe me ensinou as massagens para estimular o bico, mas não deu certo. Ah! Só tentar, mas não tinha bico e o bebê ficou muito tempo na UTI, o leite secou.” (Cruzeiro do Sul)O apoio do relacionamento familiar e social na amamentação - As mães relataram que o apoio tanto familiar quanto institucional, pelos profissionais de saúde, foi de suma importância para sucesso do processo de amamentação, por oferecer informações precisas sobre o que fazer e como cuidar de um prematuro, como alimentá-lo corretamente. Diante de tais considerações a família não pode ser vista apenas como aquela que deve cumprir as ações determinadas pelos profissionais de saúde. Ao reconhecer o papel da família, o profissional deve considerar as dúvidas, as opiniões e a atuação da família na proposição de suas ações em saúde. O vínculo entre a família e o profissional é um importante aliado na solidificação de um novo modelo assistencial (Angelo & Bousso, 2004), conforme fala de Antares: “Estava com muito medo. Ah eu vinha no médico ele foi me explicando e aí fui pegando jeito. Foi tudo fácil, mas assim depois de nove meses, e minha colega ia orientado e me explicando... Como amamentar não deitado e colocar ele de lado... As outras experiências com a minha primeira filha. Minha sogra e meu marido me dizia que era legal dá saúde pra ela e aí eu fui dando ela mamo até os 3 anos e meio.”Neste estudo vale destacar um ponto favorável para o sucesso do aleitamento materno, das 30 mães entrevistadas, 70% são do lar, 30% informaram ter um trabalho com carteira assinada (9 mães) e dessas sete amamentaram seus filhos, ordenhando leite e complementando com leite artificial. As orientações dos profissionais, os grupos de apoio, incentivo e presença de familiares (companheiro, mãe, sogra, amigos) influenciaram positivamente, no desejo da mulher em amamentar. Nesse processo de conhecimento da família, o profissional precisa ter uma visão das relações que a família mantém com vizinhos e demais parentes. A rede de suporte social, mantida pela família, foi evidenciada, principalmente, quando as famílias estão passando por momentos de estresse. O cuidado familiar é enriquecido pelas relações sociais formada por parentes, amigos e vizinhos. Para as famílias em situação de crise e, mesmo no cotidiano da vida familiar, as pessoas próximas e significativas desenvolvem um papel importante oferecendo ajuda em várias situações (BUDÓ, 2002).A cultura e a experiência da família influenciando no processo da amamentação - Ficou evidenciado que as dificuldades e barreiras encontradas durante o período de hospitalização ocorreu por duas fortes razões: dificuldades da mãe em amamentar exclusivamente versus a imaturidade do filho, como descrito na fala de Ursa Maior: “Eu aprendi a maioria das coisas aqui na maternidade. (...) ele que ficou internado, mas eu não saia daqui. (...) na minha família, lá com as crianças com dias ninguém foi de amamentar muito, eu que quis permanecer até os 6 meses só no leite materno mesmo, então o povo queria enfiar logo comida, então nunca ninguém quis que eu amamentasse, quando eu fui para casa eles queriam que eu empurrasse logo sopa , aí eu falei: não, vou ficar até os 6 meses com ele só no peito” No meio em que vivem e ao partilharem informação sobre a amamentação as mães formulam seus valores sobre verdades e mitos, considerando o processo e a experiência pessoal e familiar. “Tive rachaduras dos três, aí coloquei casca de banana, que minha mãe me disse e uma pomada que o ginecologista passou, depois acabou.” (Antares)Aspectos biológicos e amamentação - Ao longo da análise ficaram evidente os aspectos biológicos interferindo no processo/experiência da amamentação do prematuro como: complicações maternas (bolsa rota, pré-eclâmpsia, infecção urinária), mamilos planos e hipogalactia. Por isso, tais fatores biológicos não podem ser desvinculados das dimensões sociais e culturais, em consideração a fragilidade nas primeiras horas de vida dos recém-nascidos prematuros, os longos dias de internação em unidades de cuidados neonatais e sucção ineficaz devido à imaturidade, o vínculo estabelecido entre mãe e filho logo após o nascimento.As complicações maternas, as limitações da prematuridade, foram expressas pelas mães na sua totalidade interferindo no poder da mãe em amamentar seu filho prematuro e a interferência fisiológica: Ele teve dificuldade sucção, tentei dar o peito, mas ele não sugava, nem conseguia beber no copinho. (Polar)Outro fator importante para o sucesso do aleitamento materno foi a idade gestacional, onde verificamos a interferência biológica da prematuridade e o início do aleitamento materno, ou seja, quanto menor a idade gestacional ao nascer maior a dificuldade em estabelecer a amamentação: recém-nascido entre 28 a 30 semanas de gestação nenhuma conseguiu amamentar, alegaram ter mamilos planos, muito tempo de internação na UTIN, hipogalactia, dificuldades de sucção. Entre a 31ª e a 33ª semana de gestação, um terço somente conseguiu amamentar; enquanto os prematuros entre 34 e 36 semanas todas amamentaram com sucesso, justificamos o êxito por não terem apresentado distúrbio respiratório e apresentarem sucção efetiva. CONCLUSÃOAo identificar as dimensões da estrutura social como uma soma dos fatores que dificultam o processo da amamentação, identificamos que há necessidade de olhar para o binômio mãe-filho com uma visão mais abrangente e complexa do que somente estudar e definir os porquês do sucesso ou do insucesso da amamentação, suas possibilidades e limites. Uma vez que o cuidado envolve uma visão holística, mostrando que não há fatores absolutos (determinados ou pré-estabelecidos). Por isso, foram conhecidos principais e relevantes fatores, evidenciados pelas falas das mães dos recém-nascidos egressos de UTI Neonatais.Conclui-se que a estrutura social baseado na Teoria do Cuidado Cultural teve como fatores de interferência na experiência da amamentação a internação prolongada dos recém-nascidos, os procedimentos invasivos e as diversas terapêuticas necessárias para a manutenção da vida. Os fatores biológicos como complicações maternas retardaram o início fisiológico do processo de aleitamento materno. Este estudo analisou o porquê do insucesso do processo de amamentação dos prematuros egressos de UTI Neonatais - dias de internação e sucção ineficaz, mas revelou também a experiência e as dificuldades das mães, enquanto mulher, companheira, portadora de desejos, vivendo em um mundo mercantilista onde a sociedade cobra o sucesso do aleitamento materno mesmo com tantas influências negativas como incentivo ao leite em pó e dificuldades relatadas como hipogalactia.É preciso ainda, considerar o sucesso do aleitamento em todos os seus aspectos, biológicos, sociais, culturais e históricos, levando em conta não apenas como um ato biologicamente determinado, mas também sócio-culturalmente condicionado (Almeida, 1999) e por isso, imbuídas de complexidades quando tratamos das dimensões sociais e culturais: religiosos e filosóficos, políticos e legais, econômicos e educacionais na vida da mulher, do recém-nascido e da família. REFERÊNCIAS ALMEIDA, JAG. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999.ANGELO M & BOUSSO R. Fundamentos da assistência da família em saúde[online] [citado 2004 jul de 13] Disponível em: http://ids-saude.uol.com.br/psf/enfermagem/tema1/texto3-1aspBudó, MLD. A família rural e os cuidadores em saúde. In: Elsen I, Marcon S, Santos MR, organizadores. O viver em família e sua interface com a saúde e a doença. Maringá: UEM; 2002, p. 77-96.Issler H, Lione C, Quintal V. Duração do aleitamento materno em uma área urbana de SP, Brasil. Bol Ofic Sanit Panam 1989; 106: 513-22.GIUGLIANI ERJ. Amamentação exclusiva e sua promoção. In: CARVALHO, MR, TAMEZ RN. Amamentação: bases científicas para a prática profissional. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p. 12-24.LEININGER MM & McFARLAND MR. Culture Care Diversity and Universality – A Worldwide Nursing Theory. 2 nd Ed. Jones and Bartlett Publishers, 2006.NASCIMENTO MBR & ISSLER H. Aleitamento materno em prematuros: manejo clinico hospitalar. J Pediatr. Rio de Janeiro (RJ), 2004; 80 (5Supl): 163-71.QUEIROZ MIP. Relatos orais: do "indizível ao dizível". In: Von Simson Om (org.). Experimentos com história de vida: Itália-Brasil. São Paulo: Vértice, 1988. p. 14-43.
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Está cadastrado no Núcleo de Pesquisa, Estudos e Experimentação na área da Saúde da Mulher e da Criança (NuPEEMC) e no Grupo de Estudos em Enfermagem nas Áreas Perinatal e da Mulher no Ciclo da Vida, ambos do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil (DEMI) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)Ao longo da história da humanidade o leite materno tem sido a principal fonte disponível de nutrientes dos lactentes. Entretanto, a partir do século XX e principalmente após a II Guerra Mundial, o aleitamento artificial adquiriu uma importância significativamente maior. À época, as indústrias produtoras desses leites, assessoradas por intensa e agressiva publicidade procuraram fazer com que o leite em pó fosse caracterizado como um substituto satisfatório para o leite materno devido à sua praticidade, condições adequadas de higiene e suprimento nutricional completo, o que os tornava até superiores ao leite materno (NASCIMENTO & ISSLER, 2004). Em contra partida, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece todos os benefícios da prática da amamentação para as mulheres, recém-nascidos, família e sociedade e recomenda aos governos e instituições de saúde a promoção do aleitamento materno como única fonte de alimentação exclusiva para crianças até os seis meses de idade e, a adição de outros alimentos (alimentos complementares), acompanhados da amamentação continuada até, pelo menos, os dois anos de idade. (GINGLIANI, 2003)No entanto, reconhecemos os altos índices de desmame precoce no Brasil e os vários fatores inter relacionados tais como: nível socioeconômico, grau de escolaridade, idade, renda familiar, saneamento, condições de parto, orientação e desejo de amamentar (ISSLER ET ALL, 1989). Levando em consideração que a sociedade e a cultura estão imbricadas na vida da mulher e de sua família e que os valores, crenças, modos de vida estão intimamente relacionados com o ato de amamentar. (LEININGER & MCFARLAND, 2006) OBJETIVOAnalisar as dimensões sociais que potencializam e/ou interferem no processo de amamentação de prematuros egressos da UTI neonatal. METODOLOGIATrata-se de um estudo de natureza descritiva exploratória e está em conformidade com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – CNS/MS. O projeto de pesquisa foi autorizado pelo CEP-UNIRIO 99/07 em 27 de Agosto de 2007, e também, pelo CEP SMS-RJ 89/08 em 23 de Junho 2008. O estudo foi desenvolvido em uma maternidade municipal situada na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, que possui Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), ambulatório de segmento dos recém-nascidos egressos da UTIN, no período de Julho a Agosto de 2008.A coleta de dados foi realizada com base em um questionário semi-estruturado, que abordou às condições sócio-econômicas-culturais e dados sobre a amamentação. Os critérios de inclusão para esta amostra delimitaram-se: a) mães com RN prematuros egressos da UTI Neonatal; b) RN internado com mais de 7 dias; c) mães que amamentaram ou ordenharam leite humano no momento da Internação do seu filho. Os sujeitos do estudo foram 30 mães que acompanhavam seus filhos na consulta de segmento (Follow-up). Para identificação das mães dos RN prematuros foram utilizados nomes de estrelas e constelações.Foram estudadas as variáveis sociais econômicas e demográficas (idade, escolaridade, ocupação, renda familiar, cor, situação conjugal), e as relacionadas ao processo de amamentação (tipo de aleitamento; início e/ou estabelecimento da amamentação ou desmame precoce; período de aleitamento). Os dados foram gravados e analisados o que permitiu um aprofundamento das informações e de detalhes mais precisos. Neste estudo para o processo de análise empregamos a Teoria do Cuidado Cultural de Leininger, utilizando o primeiro nível do Modelo de Sunrise - os fenômenos da estrutura social, as expressões de cuidado e significados da amamentação dos prematuros egressos da UTIN. Neste estudo utilizamos quatro dos sete fatores e acrescentamos o fator biológico. RESULTADOS E DISCUSSÃOFoi traçado o perfil das 30 mulheres entrevistadas: 43,3% tinham idade entre 21e 30 anos, 93,2% renda de 1 a 5 salários mínimos, 70% eram do lar, 63,2% sem trabalho de renda fixa, 33,3% declararam união consensual, 53,3% disseram ser católicas, 36,6% declaram-se de cor branca, 40% parda e 23,3% preta. Em relação à história obstétrica, 53,3% tinham um filho apenas, 63,3% dos recém-nascidos nasceram de parto cesáreo.A pesquisa foi realizada num cenário favorável à amamentação, por ser um hospital com título Amigo da Criança, porém tal processo se desenvolveu através de determinantes biológicos e condicionantes sociais, econômicos, políticos e culturais das mães de prematuros egressos de UTIN. Percebemos que é preciso, ter compreensão e conhecer a história de vida, desejo de cada mulher em relação ato de amamentar, modos de vida a fim de apoiá-la e orientá-la na superação de seus limites. Destacamos que devemos incluir uma rede que não separe mais os aspectos biológicos dos sociais, culturais e históricos, levando em conta a amamentação não apenas como um ato biologicamente determinado, mas também sócio-culturamente condicionado. (ALMEIDA, 1999)Pôde-se, então, identificar e analisar de forma mais acentuada os fatores tecnológicos, de companheirismo e sociais, culturais e de modos de vida, onde foi identificado o apoio e a informação a essas mães quanto à importância do aleitamento exclusivo para seu filho prematuro e as dificuldades enfrentadas diminuindo as estatísticas de desmame precoce. Os fatores conforme Leininger (Leininger & McFarland, 2006) fala em sua teoria, se entrelaçam e, portanto são fatores influenciadores entre si. Influências tecnológicas na amamentação - As mães vivenciaram o uso da tecnologia para manutenção da vida de seus filhos, por ficarem muito tempo internados na Unidade de Terapia Intensiva e Unidade Intermediária Neonatal como sondas orogástricas, respiradores mecânicos por longo tempo levando ao insucesso do processo de amamentação e na continuidade do aleitamento no domicílio conforme relato de Ursa maior: “Não pude amamentar enquanto meu filho estava internado porque ele ficou na UTI e só veio tomar, no caso o leite, depois só de alguns dias, mas mesmo assim era pela seringa por que não podia tirar ele da incubadora. (...) não dava para tirar ele também, por que ele tinha um dreno de tórax e não podia ficar movimentando ele toda hora e, além disso, ele ficou também dopado, então não tinha como, era só pela sonda, na UTI, depois ele foi para a UI e quando eu fui embora é que deu para amamentar.”O uso da tecnologia influenciou o processo fisiológico da lactação, principalmente quando as mães se depararam com os filhos que necessitavam ser estimulados para sugarem. Além disso, as nutrizes em seus depoimentos informaram da necessidade de ajuda do companheiro e de familiares (mães) para realizarem a ordenha manual do leite, demostrando a complexidade deste processo, como no relato a seguir: “Não tive bico, então tentei tirar com a bombinha. Minha mãe me ensinou as massagens para estimular o bico, mas não deu certo. Ah! Só tentar, mas não tinha bico e o bebê ficou muito tempo na UTI, o leite secou.” (Cruzeiro do Sul)O apoio do relacionamento familiar e social na amamentação - As mães relataram que o apoio tanto familiar quanto institucional, pelos profissionais de saúde, foi de suma importância para sucesso do processo de amamentação, por oferecer informações precisas sobre o que fazer e como cuidar de um prematuro, como alimentá-lo corretamente. Diante de tais considerações a família não pode ser vista apenas como aquela que deve cumprir as ações determinadas pelos profissionais de saúde. Ao reconhecer o papel da família, o profissional deve considerar as dúvidas, as opiniões e a atuação da família na proposição de suas ações em saúde. O vínculo entre a família e o profissional é um importante aliado na solidificação de um novo modelo assistencial (Angelo & Bousso, 2004), conforme fala de Antares: “Estava com muito medo. Ah eu vinha no médico ele foi me explicando e aí fui pegando jeito. Foi tudo fácil, mas assim depois de nove meses, e minha colega ia orientado e me explicando... Como amamentar não deitado e colocar ele de lado... As outras experiências com a minha primeira filha. Minha sogra e meu marido me dizia que era legal dá saúde pra ela e aí eu fui dando ela mamo até os 3 anos e meio.”Neste estudo vale destacar um ponto favorável para o sucesso do aleitamento materno, das 30 mães entrevistadas, 70% são do lar, 30% informaram ter um trabalho com carteira assinada (9 mães) e dessas sete amamentaram seus filhos, ordenhando leite e complementando com leite artificial. As orientações dos profissionais, os grupos de apoio, incentivo e presença de familiares (companheiro, mãe, sogra, amigos) influenciaram positivamente, no desejo da mulher em amamentar. Nesse processo de conhecimento da família, o profissional precisa ter uma visão das relações que a família mantém com vizinhos e demais parentes. A rede de suporte social, mantida pela família, foi evidenciada, principalmente, quando as famílias estão passando por momentos de estresse. O cuidado familiar é enriquecido pelas relações sociais formada por parentes, amigos e vizinhos. Para as famílias em situação de crise e, mesmo no cotidiano da vida familiar, as pessoas próximas e significativas desenvolvem um papel importante oferecendo ajuda em várias situações (BUDÓ, 2002).A cultura e a experiência da família influenciando no processo da amamentação - Ficou evidenciado que as dificuldades e barreiras encontradas durante o período de hospitalização ocorreu por duas fortes razões: dificuldades da mãe em amamentar exclusivamente versus a imaturidade do filho, como descrito na fala de Ursa Maior: “Eu aprendi a maioria das coisas aqui na maternidade. (...) ele que ficou internado, mas eu não saia daqui. (...) na minha família, lá com as crianças com dias ninguém foi de amamentar muito, eu que quis permanecer até os 6 meses só no leite materno mesmo, então o povo queria enfiar logo comida, então nunca ninguém quis que eu amamentasse, quando eu fui para casa eles queriam que eu empurrasse logo sopa , aí eu falei: não, vou ficar até os 6 meses com ele só no peito” No meio em que vivem e ao partilharem informação sobre a amamentação as mães formulam seus valores sobre verdades e mitos, considerando o processo e a experiência pessoal e familiar. “Tive rachaduras dos três, aí coloquei casca de banana, que minha mãe me disse e uma pomada que o ginecologista passou, depois acabou.” (Antares)Aspectos biológicos e amamentação - Ao longo da análise ficaram evidente os aspectos biológicos interferindo no processo/experiência da amamentação do prematuro como: complicações maternas (bolsa rota, pré-eclâmpsia, infecção urinária), mamilos planos e hipogalactia. Por isso, tais fatores biológicos não podem ser desvinculados das dimensões sociais e culturais, em consideração a fragilidade nas primeiras horas de vida dos recém-nascidos prematuros, os longos dias de internação em unidades de cuidados neonatais e sucção ineficaz devido à imaturidade, o vínculo estabelecido entre mãe e filho logo após o nascimento.As complicações maternas, as limitações da prematuridade, foram expressas pelas mães na sua totalidade interferindo no poder da mãe em amamentar seu filho prematuro e a interferência fisiológica: Ele teve dificuldade sucção, tentei dar o peito, mas ele não sugava, nem conseguia beber no copinho. (Polar)Outro fator importante para o sucesso do aleitamento materno foi a idade gestacional, onde verificamos a interferência biológica da prematuridade e o início do aleitamento materno, ou seja, quanto menor a idade gestacional ao nascer maior a dificuldade em estabelecer a amamentação: recém-nascido entre 28 a 30 semanas de gestação nenhuma conseguiu amamentar, alegaram ter mamilos planos, muito tempo de internação na UTIN, hipogalactia, dificuldades de sucção. Entre a 31ª e a 33ª semana de gestação, um terço somente conseguiu amamentar; enquanto os prematuros entre 34 e 36 semanas todas amamentaram com sucesso, justificamos o êxito por não terem apresentado distúrbio respiratório e apresentarem sucção efetiva. CONCLUSÃOAo identificar as dimensões da estrutura social como uma soma dos fatores que dificultam o processo da amamentação, identificamos que há necessidade de olhar para o binômio mãe-filho com uma visão mais abrangente e complexa do que somente estudar e definir os porquês do sucesso ou do insucesso da amamentação, suas possibilidades e limites. Uma vez que o cuidado envolve uma visão holística, mostrando que não há fatores absolutos (determinados ou pré-estabelecidos). Por isso, foram conhecidos principais e relevantes fatores, evidenciados pelas falas das mães dos recém-nascidos egressos de UTI Neonatais.Conclui-se que a estrutura social baseado na Teoria do Cuidado Cultural teve como fatores de interferência na experiência da amamentação a internação prolongada dos recém-nascidos, os procedimentos invasivos e as diversas terapêuticas necessárias para a manutenção da vida. Os fatores biológicos como complicações maternas retardaram o início fisiológico do processo de aleitamento materno. Este estudo analisou o porquê do insucesso do processo de amamentação dos prematuros egressos de UTI Neonatais - dias de internação e sucção ineficaz, mas revelou também a experiência e as dificuldades das mães, enquanto mulher, companheira, portadora de desejos, vivendo em um mundo mercantilista onde a sociedade cobra o sucesso do aleitamento materno mesmo com tantas influências negativas como incentivo ao leite em pó e dificuldades relatadas como hipogalactia.É preciso ainda, considerar o sucesso do aleitamento em todos os seus aspectos, biológicos, sociais, culturais e históricos, levando em conta não apenas como um ato biologicamente determinado, mas também sócio-culturalmente condicionado (Almeida, 1999) e por isso, imbuídas de complexidades quando tratamos das dimensões sociais e culturais: religiosos e filosóficos, políticos e legais, econômicos e educacionais na vida da mulher, do recém-nascido e da família. REFERÊNCIAS ALMEIDA, JAG. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999.ANGELO M & BOUSSO R. Fundamentos da assistência da família em saúde[online] [citado 2004 jul de 13] Disponível em: http://ids-saude.uol.com.br/psf/enfermagem/tema1/texto3-1aspBudó, MLD. A família rural e os cuidadores em saúde. In: Elsen I, Marcon S, Santos MR, organizadores. O viver em família e sua interface com a saúde e a doença. Maringá: UEM; 2002, p. 77-96.Issler H, Lione C, Quintal V. Duração do aleitamento materno em uma área urbana de SP, Brasil. Bol Ofic Sanit Panam 1989; 106: 513-22.GIUGLIANI ERJ. Amamentação exclusiva e sua promoção. In: CARVALHO, MR, TAMEZ RN. Amamentação: bases científicas para a prática profissional. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p. 12-24.LEININGER MM & McFARLAND MR. Culture Care Diversity and Universality – A Worldwide Nursing Theory. 2 nd Ed. Jones and Bartlett Publishers, 2006.NASCIMENTO MBR & ISSLER H. Aleitamento materno em prematuros: manejo clinico hospitalar. J Pediatr. Rio de Janeiro (RJ), 2004; 80 (5Supl): 163-71.QUEIROZ MIP. Relatos orais: do "indizível ao dizível". In: Von Simson Om (org.). Experimentos com história de vida: Itália-Brasil. São Paulo: Vértice, 1988. p. 14-43.Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Alfredo Pinto Programa de Pós-Graduação em Enfermagem2010-12-17info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionArtigo avaliado pelos paresquestionárioapplication/pdfhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/111010.9789/2175-5361.2010.v0i0.%pRevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIORevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIORevista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online; Número Suplementar dos 120 anos da EEAP/UNIRIO2175-53611809-6107reponame:Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Onlineinstname:Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)instacron:UNIRIOporhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/view/1110/pdf_270Copyright (c) 2010 Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Onlineinfo:eu-repo/semantics/openAccessIzidro de sousa eller, Maria EmanueleCarvalho, Sheini Manhães deSilva, Leila Rangel daMenezes, Inês Maria2024-01-12T14:08:15Zoai:ojs.seer.unirio.br:article/1110Revistahttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/about/contactPUBhttps://seer.unirio.br/cuidadofundamental/oaiprofunirio@gmail.com||rev.fundamental@gmail.com2175-53611809-6107opendoar:2024-01-12T14:08:15Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)false
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description INTRODUÇÃO Esta investigação tem como objeto as dimensões sociais que interferem e/ou potencializam a experiência da amamentação de mães de prematuros egressos de UTI Neonatais (UTIN) e integra o subprojeto de pesquisa - As interfaces da amamentação: os recém-nascidos egressos da UTI Neonatal, vinculado ao projeto guarda-chuva Cuidado Cultural a Saúde da Mulher Brasileira – Tendências e Desafios para a Enfermagem sob a responsabilidade da Profª Dra. Leila Rangel da Silva. Está cadastrado no Núcleo de Pesquisa, Estudos e Experimentação na área da Saúde da Mulher e da Criança (NuPEEMC) e no Grupo de Estudos em Enfermagem nas Áreas Perinatal e da Mulher no Ciclo da Vida, ambos do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil (DEMI) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)Ao longo da história da humanidade o leite materno tem sido a principal fonte disponível de nutrientes dos lactentes. Entretanto, a partir do século XX e principalmente após a II Guerra Mundial, o aleitamento artificial adquiriu uma importância significativamente maior. À época, as indústrias produtoras desses leites, assessoradas por intensa e agressiva publicidade procuraram fazer com que o leite em pó fosse caracterizado como um substituto satisfatório para o leite materno devido à sua praticidade, condições adequadas de higiene e suprimento nutricional completo, o que os tornava até superiores ao leite materno (NASCIMENTO & ISSLER, 2004). Em contra partida, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece todos os benefícios da prática da amamentação para as mulheres, recém-nascidos, família e sociedade e recomenda aos governos e instituições de saúde a promoção do aleitamento materno como única fonte de alimentação exclusiva para crianças até os seis meses de idade e, a adição de outros alimentos (alimentos complementares), acompanhados da amamentação continuada até, pelo menos, os dois anos de idade. (GINGLIANI, 2003)No entanto, reconhecemos os altos índices de desmame precoce no Brasil e os vários fatores inter relacionados tais como: nível socioeconômico, grau de escolaridade, idade, renda familiar, saneamento, condições de parto, orientação e desejo de amamentar (ISSLER ET ALL, 1989). Levando em consideração que a sociedade e a cultura estão imbricadas na vida da mulher e de sua família e que os valores, crenças, modos de vida estão intimamente relacionados com o ato de amamentar. (LEININGER & MCFARLAND, 2006) OBJETIVOAnalisar as dimensões sociais que potencializam e/ou interferem no processo de amamentação de prematuros egressos da UTI neonatal. METODOLOGIATrata-se de um estudo de natureza descritiva exploratória e está em conformidade com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde – CNS/MS. O projeto de pesquisa foi autorizado pelo CEP-UNIRIO 99/07 em 27 de Agosto de 2007, e também, pelo CEP SMS-RJ 89/08 em 23 de Junho 2008. O estudo foi desenvolvido em uma maternidade municipal situada na Zona Norte do município do Rio de Janeiro, que possui Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), ambulatório de segmento dos recém-nascidos egressos da UTIN, no período de Julho a Agosto de 2008.A coleta de dados foi realizada com base em um questionário semi-estruturado, que abordou às condições sócio-econômicas-culturais e dados sobre a amamentação. Os critérios de inclusão para esta amostra delimitaram-se: a) mães com RN prematuros egressos da UTI Neonatal; b) RN internado com mais de 7 dias; c) mães que amamentaram ou ordenharam leite humano no momento da Internação do seu filho. Os sujeitos do estudo foram 30 mães que acompanhavam seus filhos na consulta de segmento (Follow-up). Para identificação das mães dos RN prematuros foram utilizados nomes de estrelas e constelações.Foram estudadas as variáveis sociais econômicas e demográficas (idade, escolaridade, ocupação, renda familiar, cor, situação conjugal), e as relacionadas ao processo de amamentação (tipo de aleitamento; início e/ou estabelecimento da amamentação ou desmame precoce; período de aleitamento). Os dados foram gravados e analisados o que permitiu um aprofundamento das informações e de detalhes mais precisos. Neste estudo para o processo de análise empregamos a Teoria do Cuidado Cultural de Leininger, utilizando o primeiro nível do Modelo de Sunrise - os fenômenos da estrutura social, as expressões de cuidado e significados da amamentação dos prematuros egressos da UTIN. Neste estudo utilizamos quatro dos sete fatores e acrescentamos o fator biológico. RESULTADOS E DISCUSSÃOFoi traçado o perfil das 30 mulheres entrevistadas: 43,3% tinham idade entre 21e 30 anos, 93,2% renda de 1 a 5 salários mínimos, 70% eram do lar, 63,2% sem trabalho de renda fixa, 33,3% declararam união consensual, 53,3% disseram ser católicas, 36,6% declaram-se de cor branca, 40% parda e 23,3% preta. Em relação à história obstétrica, 53,3% tinham um filho apenas, 63,3% dos recém-nascidos nasceram de parto cesáreo.A pesquisa foi realizada num cenário favorável à amamentação, por ser um hospital com título Amigo da Criança, porém tal processo se desenvolveu através de determinantes biológicos e condicionantes sociais, econômicos, políticos e culturais das mães de prematuros egressos de UTIN. Percebemos que é preciso, ter compreensão e conhecer a história de vida, desejo de cada mulher em relação ato de amamentar, modos de vida a fim de apoiá-la e orientá-la na superação de seus limites. Destacamos que devemos incluir uma rede que não separe mais os aspectos biológicos dos sociais, culturais e históricos, levando em conta a amamentação não apenas como um ato biologicamente determinado, mas também sócio-culturamente condicionado. (ALMEIDA, 1999)Pôde-se, então, identificar e analisar de forma mais acentuada os fatores tecnológicos, de companheirismo e sociais, culturais e de modos de vida, onde foi identificado o apoio e a informação a essas mães quanto à importância do aleitamento exclusivo para seu filho prematuro e as dificuldades enfrentadas diminuindo as estatísticas de desmame precoce. Os fatores conforme Leininger (Leininger & McFarland, 2006) fala em sua teoria, se entrelaçam e, portanto são fatores influenciadores entre si. Influências tecnológicas na amamentação - As mães vivenciaram o uso da tecnologia para manutenção da vida de seus filhos, por ficarem muito tempo internados na Unidade de Terapia Intensiva e Unidade Intermediária Neonatal como sondas orogástricas, respiradores mecânicos por longo tempo levando ao insucesso do processo de amamentação e na continuidade do aleitamento no domicílio conforme relato de Ursa maior: “Não pude amamentar enquanto meu filho estava internado porque ele ficou na UTI e só veio tomar, no caso o leite, depois só de alguns dias, mas mesmo assim era pela seringa por que não podia tirar ele da incubadora. (...) não dava para tirar ele também, por que ele tinha um dreno de tórax e não podia ficar movimentando ele toda hora e, além disso, ele ficou também dopado, então não tinha como, era só pela sonda, na UTI, depois ele foi para a UI e quando eu fui embora é que deu para amamentar.”O uso da tecnologia influenciou o processo fisiológico da lactação, principalmente quando as mães se depararam com os filhos que necessitavam ser estimulados para sugarem. Além disso, as nutrizes em seus depoimentos informaram da necessidade de ajuda do companheiro e de familiares (mães) para realizarem a ordenha manual do leite, demostrando a complexidade deste processo, como no relato a seguir: “Não tive bico, então tentei tirar com a bombinha. Minha mãe me ensinou as massagens para estimular o bico, mas não deu certo. Ah! Só tentar, mas não tinha bico e o bebê ficou muito tempo na UTI, o leite secou.” (Cruzeiro do Sul)O apoio do relacionamento familiar e social na amamentação - As mães relataram que o apoio tanto familiar quanto institucional, pelos profissionais de saúde, foi de suma importância para sucesso do processo de amamentação, por oferecer informações precisas sobre o que fazer e como cuidar de um prematuro, como alimentá-lo corretamente. Diante de tais considerações a família não pode ser vista apenas como aquela que deve cumprir as ações determinadas pelos profissionais de saúde. Ao reconhecer o papel da família, o profissional deve considerar as dúvidas, as opiniões e a atuação da família na proposição de suas ações em saúde. O vínculo entre a família e o profissional é um importante aliado na solidificação de um novo modelo assistencial (Angelo & Bousso, 2004), conforme fala de Antares: “Estava com muito medo. Ah eu vinha no médico ele foi me explicando e aí fui pegando jeito. Foi tudo fácil, mas assim depois de nove meses, e minha colega ia orientado e me explicando... Como amamentar não deitado e colocar ele de lado... As outras experiências com a minha primeira filha. Minha sogra e meu marido me dizia que era legal dá saúde pra ela e aí eu fui dando ela mamo até os 3 anos e meio.”Neste estudo vale destacar um ponto favorável para o sucesso do aleitamento materno, das 30 mães entrevistadas, 70% são do lar, 30% informaram ter um trabalho com carteira assinada (9 mães) e dessas sete amamentaram seus filhos, ordenhando leite e complementando com leite artificial. As orientações dos profissionais, os grupos de apoio, incentivo e presença de familiares (companheiro, mãe, sogra, amigos) influenciaram positivamente, no desejo da mulher em amamentar. Nesse processo de conhecimento da família, o profissional precisa ter uma visão das relações que a família mantém com vizinhos e demais parentes. A rede de suporte social, mantida pela família, foi evidenciada, principalmente, quando as famílias estão passando por momentos de estresse. O cuidado familiar é enriquecido pelas relações sociais formada por parentes, amigos e vizinhos. Para as famílias em situação de crise e, mesmo no cotidiano da vida familiar, as pessoas próximas e significativas desenvolvem um papel importante oferecendo ajuda em várias situações (BUDÓ, 2002).A cultura e a experiência da família influenciando no processo da amamentação - Ficou evidenciado que as dificuldades e barreiras encontradas durante o período de hospitalização ocorreu por duas fortes razões: dificuldades da mãe em amamentar exclusivamente versus a imaturidade do filho, como descrito na fala de Ursa Maior: “Eu aprendi a maioria das coisas aqui na maternidade. (...) ele que ficou internado, mas eu não saia daqui. (...) na minha família, lá com as crianças com dias ninguém foi de amamentar muito, eu que quis permanecer até os 6 meses só no leite materno mesmo, então o povo queria enfiar logo comida, então nunca ninguém quis que eu amamentasse, quando eu fui para casa eles queriam que eu empurrasse logo sopa , aí eu falei: não, vou ficar até os 6 meses com ele só no peito” No meio em que vivem e ao partilharem informação sobre a amamentação as mães formulam seus valores sobre verdades e mitos, considerando o processo e a experiência pessoal e familiar. “Tive rachaduras dos três, aí coloquei casca de banana, que minha mãe me disse e uma pomada que o ginecologista passou, depois acabou.” (Antares)Aspectos biológicos e amamentação - Ao longo da análise ficaram evidente os aspectos biológicos interferindo no processo/experiência da amamentação do prematuro como: complicações maternas (bolsa rota, pré-eclâmpsia, infecção urinária), mamilos planos e hipogalactia. Por isso, tais fatores biológicos não podem ser desvinculados das dimensões sociais e culturais, em consideração a fragilidade nas primeiras horas de vida dos recém-nascidos prematuros, os longos dias de internação em unidades de cuidados neonatais e sucção ineficaz devido à imaturidade, o vínculo estabelecido entre mãe e filho logo após o nascimento.As complicações maternas, as limitações da prematuridade, foram expressas pelas mães na sua totalidade interferindo no poder da mãe em amamentar seu filho prematuro e a interferência fisiológica: Ele teve dificuldade sucção, tentei dar o peito, mas ele não sugava, nem conseguia beber no copinho. (Polar)Outro fator importante para o sucesso do aleitamento materno foi a idade gestacional, onde verificamos a interferência biológica da prematuridade e o início do aleitamento materno, ou seja, quanto menor a idade gestacional ao nascer maior a dificuldade em estabelecer a amamentação: recém-nascido entre 28 a 30 semanas de gestação nenhuma conseguiu amamentar, alegaram ter mamilos planos, muito tempo de internação na UTIN, hipogalactia, dificuldades de sucção. Entre a 31ª e a 33ª semana de gestação, um terço somente conseguiu amamentar; enquanto os prematuros entre 34 e 36 semanas todas amamentaram com sucesso, justificamos o êxito por não terem apresentado distúrbio respiratório e apresentarem sucção efetiva. CONCLUSÃOAo identificar as dimensões da estrutura social como uma soma dos fatores que dificultam o processo da amamentação, identificamos que há necessidade de olhar para o binômio mãe-filho com uma visão mais abrangente e complexa do que somente estudar e definir os porquês do sucesso ou do insucesso da amamentação, suas possibilidades e limites. Uma vez que o cuidado envolve uma visão holística, mostrando que não há fatores absolutos (determinados ou pré-estabelecidos). Por isso, foram conhecidos principais e relevantes fatores, evidenciados pelas falas das mães dos recém-nascidos egressos de UTI Neonatais.Conclui-se que a estrutura social baseado na Teoria do Cuidado Cultural teve como fatores de interferência na experiência da amamentação a internação prolongada dos recém-nascidos, os procedimentos invasivos e as diversas terapêuticas necessárias para a manutenção da vida. Os fatores biológicos como complicações maternas retardaram o início fisiológico do processo de aleitamento materno. Este estudo analisou o porquê do insucesso do processo de amamentação dos prematuros egressos de UTI Neonatais - dias de internação e sucção ineficaz, mas revelou também a experiência e as dificuldades das mães, enquanto mulher, companheira, portadora de desejos, vivendo em um mundo mercantilista onde a sociedade cobra o sucesso do aleitamento materno mesmo com tantas influências negativas como incentivo ao leite em pó e dificuldades relatadas como hipogalactia.É preciso ainda, considerar o sucesso do aleitamento em todos os seus aspectos, biológicos, sociais, culturais e históricos, levando em conta não apenas como um ato biologicamente determinado, mas também sócio-culturalmente condicionado (Almeida, 1999) e por isso, imbuídas de complexidades quando tratamos das dimensões sociais e culturais: religiosos e filosóficos, políticos e legais, econômicos e educacionais na vida da mulher, do recém-nascido e da família. REFERÊNCIAS ALMEIDA, JAG. Amamentação: um híbrido natureza-cultura. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999.ANGELO M & BOUSSO R. Fundamentos da assistência da família em saúde[online] [citado 2004 jul de 13] Disponível em: http://ids-saude.uol.com.br/psf/enfermagem/tema1/texto3-1aspBudó, MLD. A família rural e os cuidadores em saúde. In: Elsen I, Marcon S, Santos MR, organizadores. O viver em família e sua interface com a saúde e a doença. Maringá: UEM; 2002, p. 77-96.Issler H, Lione C, Quintal V. Duração do aleitamento materno em uma área urbana de SP, Brasil. Bol Ofic Sanit Panam 1989; 106: 513-22.GIUGLIANI ERJ. Amamentação exclusiva e sua promoção. In: CARVALHO, MR, TAMEZ RN. Amamentação: bases científicas para a prática profissional. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p. 12-24.LEININGER MM & McFARLAND MR. Culture Care Diversity and Universality – A Worldwide Nursing Theory. 2 nd Ed. Jones and Bartlett Publishers, 2006.NASCIMENTO MBR & ISSLER H. Aleitamento materno em prematuros: manejo clinico hospitalar. J Pediatr. 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