A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Döbereiner, Jürgen
Data de Publicação: 2004
Outros Autores: Dutra, Iveraldo dos Santos [UNESP], Rosa, Ivan Valadão
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://dx.doi.org/10.1590/S0100-736X2004000100011
http://hdl.handle.net/11449/27875
Resumo: Uma versão condensada em português de um artigo de revisão sobre a periodontite da cara inchada dos bovinos, publicado em inglês, está apresentada com algumas informações adicionais. A doença foi responsável por grandes perdas de bovinos jovens, principalmente nas décadas de 1970 e l980 no Brazil Central. em face da periodontite progressiva e a perdas de dentes, os animais não podem se alimentar convenientemente, tornam-se emaciados e podem morrer. A doença foi tida como uma deficiência ou desequilíbrio mineral. Mas as pesquisas de campo e de laboratório, realizadas durante 30 anos, mostraram que trata-se de doença infecciosa multifatorial a ser definida como Periodontite Epizoótica Bovina. Chegou-se à conclusão que os fatores principais para o seu desenvolvimento são: (1) a idade dos bovinos na fase de erupção dos dentes premolares e molares; (2) a presença de bactérias do grupo Bacteroides spp nos espaços subgengivais; e (3) a ingestão com a forragem de concentrações subinibitórias de antibióticos, sobretudo de estreptomicina, produzidos por actinomicetos cujo número é aumentado em solos virgens recém-cultivados na formação de pastagens após a derrubada da mata ou da vegetação de Cerrado; isto leva a um aumento da aderência dos bacteróides ao epitélio gengival e à destruição dos tecidos peridentários. Hoje em dia, a doença perdeu a sua importância e praticamente desapareceu, porque a microbiota do solo entrou novamente em equilíbrio e a abertura de grandes áreas virgens para a pecuária cessou. Porém, novos surtos podem ocorrer em áreas anteriormente positivas para a doença quando, na reforma de pastagens ou capineiras, houver um novo desequilíbrio da microbiota do solo. Outros antibióticos, como a espiramicina e virginiamicina, administrados por via oral ou adicionado a misturas minerais, podem controlar a periodontite.
id UNSP_0c40c4d71446877c6ae791252f6c16f9
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/27875
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinosThe etiology of cara inchada, a bovine epizootic periodontitis in BrazilCara inchadaperiodontitebovinosCara inchadaperiodontitiscattleUma versão condensada em português de um artigo de revisão sobre a periodontite da cara inchada dos bovinos, publicado em inglês, está apresentada com algumas informações adicionais. A doença foi responsável por grandes perdas de bovinos jovens, principalmente nas décadas de 1970 e l980 no Brazil Central. em face da periodontite progressiva e a perdas de dentes, os animais não podem se alimentar convenientemente, tornam-se emaciados e podem morrer. A doença foi tida como uma deficiência ou desequilíbrio mineral. Mas as pesquisas de campo e de laboratório, realizadas durante 30 anos, mostraram que trata-se de doença infecciosa multifatorial a ser definida como Periodontite Epizoótica Bovina. Chegou-se à conclusão que os fatores principais para o seu desenvolvimento são: (1) a idade dos bovinos na fase de erupção dos dentes premolares e molares; (2) a presença de bactérias do grupo Bacteroides spp nos espaços subgengivais; e (3) a ingestão com a forragem de concentrações subinibitórias de antibióticos, sobretudo de estreptomicina, produzidos por actinomicetos cujo número é aumentado em solos virgens recém-cultivados na formação de pastagens após a derrubada da mata ou da vegetação de Cerrado; isto leva a um aumento da aderência dos bacteróides ao epitélio gengival e à destruição dos tecidos peridentários. Hoje em dia, a doença perdeu a sua importância e praticamente desapareceu, porque a microbiota do solo entrou novamente em equilíbrio e a abertura de grandes áreas virgens para a pecuária cessou. Porém, novos surtos podem ocorrer em áreas anteriormente positivas para a doença quando, na reforma de pastagens ou capineiras, houver um novo desequilíbrio da microbiota do solo. Outros antibióticos, como a espiramicina e virginiamicina, administrados por via oral ou adicionado a misturas minerais, podem controlar a periodontite.A condensed version in Portuguese of an extensive review on cara inchada-periodontitis of cattle, published in English, is presented with some additional information. This disease was responsible for severe losses of young cattle especially in the 1970's and 1980's in central Brazil. Due to the progressive periodontitis and the loss of teeth, the animals cannot eat properly, loose condition and may die. This was believed to be due to mineral deficiency or imbalance. However, field and laboratory observations and experiments over 30 years showed that it is a multifactorial infectious disease which can be defined as Bovine Epizootic Periodontitis. It was concluded that there are three main factors required for its development: (1) Cattle affected are at the age when premolar and molar teeth erupt; (2) bacteria of the Bacteroides group are present in the subgingival spaces; (3) the ingestion with the forage of subinibitory concentrations of antibiotics, mainly streptomycin, produced by the large increase in the number of actinomycetes found in soils from pastures sown after recently cleared forest; this leads to an increased adherence of Bacteroides spp to the gingival epithelium and to the progressive destruction of the periodontal tissues. Nowadays, the disease has practically disappeared, because the disturbed soil microflora has reached the new equilibrium, and the occupation of virgin land for cattle raising has almost ceased. New outbreaks may occur with former problem-pastures when these are freshly cultivated as this again leads to a disequilibrium of the soil microflora and to increased antibiotic production. Other antibiotics such as spiramycin and virginiamycin, administered orally or added to a mineral supplement, can control the disease.Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Agrobiologia Projeto Sanidade AnimalUniversidade Estadual PaulistaFazenda BonançaUniversidade Estadual PaulistaColégio Brasileiro de Patologia Animal - CBPAUniversidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)Universidade Estadual Paulista (Unesp)Fazenda BonançaDöbereiner, JürgenDutra, Iveraldo dos Santos [UNESP]Rosa, Ivan Valadão2014-05-20T15:11:02Z2014-05-20T15:11:02Z2004-03-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/article50-56application/pdfhttp://dx.doi.org/10.1590/S0100-736X2004000100011Pesquisa Veterinária Brasileira. Colégio Brasileiro de Patologia Animal - CBPA, v. 24, n. 1, p. 50-56, 2004.0100-736Xhttp://hdl.handle.net/11449/2787510.1590/S0100-736X2004000100011S0100-736X2004000100011S0100-736X2004000100011.pdf6247817803779719SciELOreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESPporPesquisa Veterinária Brasileira0.385info:eu-repo/semantics/openAccess2023-10-03T06:08:18Zoai:repositorio.unesp.br:11449/27875Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462023-10-03T06:08:18Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos
The etiology of cara inchada, a bovine epizootic periodontitis in Brazil
title A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos
spellingShingle A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos
Döbereiner, Jürgen
Cara inchada
periodontite
bovinos
Cara inchada
periodontitis
cattle
title_short A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos
title_full A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos
title_fullStr A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos
title_full_unstemmed A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos
title_sort A etiologia da cara inchada, uma periodontite epizoótica dos bovinos
author Döbereiner, Jürgen
author_facet Döbereiner, Jürgen
Dutra, Iveraldo dos Santos [UNESP]
Rosa, Ivan Valadão
author_role author
author2 Dutra, Iveraldo dos Santos [UNESP]
Rosa, Ivan Valadão
author2_role author
author
dc.contributor.none.fl_str_mv Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Fazenda Bonança
dc.contributor.author.fl_str_mv Döbereiner, Jürgen
Dutra, Iveraldo dos Santos [UNESP]
Rosa, Ivan Valadão
dc.subject.por.fl_str_mv Cara inchada
periodontite
bovinos
Cara inchada
periodontitis
cattle
topic Cara inchada
periodontite
bovinos
Cara inchada
periodontitis
cattle
description Uma versão condensada em português de um artigo de revisão sobre a periodontite da cara inchada dos bovinos, publicado em inglês, está apresentada com algumas informações adicionais. A doença foi responsável por grandes perdas de bovinos jovens, principalmente nas décadas de 1970 e l980 no Brazil Central. em face da periodontite progressiva e a perdas de dentes, os animais não podem se alimentar convenientemente, tornam-se emaciados e podem morrer. A doença foi tida como uma deficiência ou desequilíbrio mineral. Mas as pesquisas de campo e de laboratório, realizadas durante 30 anos, mostraram que trata-se de doença infecciosa multifatorial a ser definida como Periodontite Epizoótica Bovina. Chegou-se à conclusão que os fatores principais para o seu desenvolvimento são: (1) a idade dos bovinos na fase de erupção dos dentes premolares e molares; (2) a presença de bactérias do grupo Bacteroides spp nos espaços subgengivais; e (3) a ingestão com a forragem de concentrações subinibitórias de antibióticos, sobretudo de estreptomicina, produzidos por actinomicetos cujo número é aumentado em solos virgens recém-cultivados na formação de pastagens após a derrubada da mata ou da vegetação de Cerrado; isto leva a um aumento da aderência dos bacteróides ao epitélio gengival e à destruição dos tecidos peridentários. Hoje em dia, a doença perdeu a sua importância e praticamente desapareceu, porque a microbiota do solo entrou novamente em equilíbrio e a abertura de grandes áreas virgens para a pecuária cessou. Porém, novos surtos podem ocorrer em áreas anteriormente positivas para a doença quando, na reforma de pastagens ou capineiras, houver um novo desequilíbrio da microbiota do solo. Outros antibióticos, como a espiramicina e virginiamicina, administrados por via oral ou adicionado a misturas minerais, podem controlar a periodontite.
publishDate 2004
dc.date.none.fl_str_mv 2004-03-01
2014-05-20T15:11:02Z
2014-05-20T15:11:02Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://dx.doi.org/10.1590/S0100-736X2004000100011
Pesquisa Veterinária Brasileira. Colégio Brasileiro de Patologia Animal - CBPA, v. 24, n. 1, p. 50-56, 2004.
0100-736X
http://hdl.handle.net/11449/27875
10.1590/S0100-736X2004000100011
S0100-736X2004000100011
S0100-736X2004000100011.pdf
6247817803779719
url http://dx.doi.org/10.1590/S0100-736X2004000100011
http://hdl.handle.net/11449/27875
identifier_str_mv Pesquisa Veterinária Brasileira. Colégio Brasileiro de Patologia Animal - CBPA, v. 24, n. 1, p. 50-56, 2004.
0100-736X
10.1590/S0100-736X2004000100011
S0100-736X2004000100011
S0100-736X2004000100011.pdf
6247817803779719
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Pesquisa Veterinária Brasileira
0.385
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv 50-56
application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Colégio Brasileiro de Patologia Animal - CBPA
publisher.none.fl_str_mv Colégio Brasileiro de Patologia Animal - CBPA
dc.source.none.fl_str_mv SciELO
reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799964421985927168