Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Germano, Giovanna Valle [UNESP]
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/216989
Resumo: A hanseníase é considerada ainda um problema de saúde pública com mais de 200.000 novos casos detectados em 2019, sendo 27.863 no Brasil. Causada pelo Mycobacterium leprae, patógeno intracelular obrigatório, a hanseníase quando não tratada pode resultar em incapacidades físicas permanentes devido a tropismo do bacilo por células de Schwann dos nervos periféricos. É uma doença espectral com duas formas polares estáveis e três intermediárias instáveis, sendo o polo tuberculoide caracterizado pelo predomínio de resposta imune celular e doença localizada, enquanto o polo virchowiano apresenta elevada resposta humoral e doença disseminada. As células dendríticas (DCs) ativam a resposta imune específica, portanto a expressão de moléculas coestimulatórias e as citocinas liberadas pelas DCs durante a infecção pelo M. leprae determinam o perfil de resposta imune gerado e podem prevenir ou favorecer sua sobrevivência e disseminação. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil de ativação de DCs derivadas de pacientes com hanseníase infectadas por M. leprae viável bem como sua capacidade de ativar linfócitos (LFs) autólogos. DCs foram diferenciadas a partir de monócitos de sangue periférico de controles saudáveis (CS), pacientes tuberculoides (6 tuberculoide-tuberculoides e 2 dimorfo-tuberculoides) e virchowianos (5 virchowiano-virchowianos e 5 dimorfo-virchowianos) empregando GM-CSF e IL-4. As DCs foram estimuladas por (i) M. leprae vivo na multiplicidade de 10:1 (bacilos:DC, MLDCs); (ii) coquetel de maturação padrão (CQM) composto por IL-1β, IL-6, TNF, PGE2 (mDCs); ou (iii) permaneceram não estimuladas (iDCs) por 48 horas. Após o estímulo, as DCs foram co-cultivadas com LFs por cinco dias. O estímulo de DCs com M. leprae viável não induziu expressão de moléculas coestimulatórias e levou à produção de baixos níveos de IL-1β, IL-6, TNF e IL-23 tanto em pacientes quanto em controles. DCs de pacientes virchowianos produziram mais IL-1β frente ao M. leprae do que aquelas de pacientes tuberculoides e maiores quantidades de IL-23 e IL-10 comparado aos controles. Independente da forma clínica da hanseníase, DCs de pacientes produziram menos IL-12p70 em resposta ao M. leprae do que DCs de controles saudáveis. Quanto à ativação dos LFs, verificamos que pacientes virchowianos apresentaram menor proliferação e produziram níveis menores de IL-2 após estímulo com M. leprae. A produção de IFN-, TNF, IL-9 e IL-22 nas culturas de MLDCs e LFs foi semelhante à encontrada quando iDCs foram empregadas e menor do que observado em culturas com mDCs. Nos pacientes virchowianos a frequência de LFs IL-4+ foi maior em paralelo com menor número de LFs expressando IFN- e IL-17A nas culturas estimuladas com MLDCs quando comparados com controles saudáveis. Em conjunto, nossos dados sugerem que o M. leprae é um fraco ativador de DCs, o que compromete a capacidade destas células induzirem a ativação de LFs autólogos. Pacientes com hanseníase virchowiana apresentam menor frequência de LFs produtores de citocinas de perfil Th1 e Th17 após estímulo com M. leprae o que pode contribuir para a persistência do bacilo.
id UNSP_b37e18f9a9a974b857fa9b559087be4d
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/216989
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníaseEvaluation of the stimulatory capacity of dendritic cells in patients with leprosyHanseníaseMycobacterium lepraeCélulas dendríticasLinfócitosLeprosyLymphocytesDendritic cellsA hanseníase é considerada ainda um problema de saúde pública com mais de 200.000 novos casos detectados em 2019, sendo 27.863 no Brasil. Causada pelo Mycobacterium leprae, patógeno intracelular obrigatório, a hanseníase quando não tratada pode resultar em incapacidades físicas permanentes devido a tropismo do bacilo por células de Schwann dos nervos periféricos. É uma doença espectral com duas formas polares estáveis e três intermediárias instáveis, sendo o polo tuberculoide caracterizado pelo predomínio de resposta imune celular e doença localizada, enquanto o polo virchowiano apresenta elevada resposta humoral e doença disseminada. As células dendríticas (DCs) ativam a resposta imune específica, portanto a expressão de moléculas coestimulatórias e as citocinas liberadas pelas DCs durante a infecção pelo M. leprae determinam o perfil de resposta imune gerado e podem prevenir ou favorecer sua sobrevivência e disseminação. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil de ativação de DCs derivadas de pacientes com hanseníase infectadas por M. leprae viável bem como sua capacidade de ativar linfócitos (LFs) autólogos. DCs foram diferenciadas a partir de monócitos de sangue periférico de controles saudáveis (CS), pacientes tuberculoides (6 tuberculoide-tuberculoides e 2 dimorfo-tuberculoides) e virchowianos (5 virchowiano-virchowianos e 5 dimorfo-virchowianos) empregando GM-CSF e IL-4. As DCs foram estimuladas por (i) M. leprae vivo na multiplicidade de 10:1 (bacilos:DC, MLDCs); (ii) coquetel de maturação padrão (CQM) composto por IL-1β, IL-6, TNF, PGE2 (mDCs); ou (iii) permaneceram não estimuladas (iDCs) por 48 horas. Após o estímulo, as DCs foram co-cultivadas com LFs por cinco dias. O estímulo de DCs com M. leprae viável não induziu expressão de moléculas coestimulatórias e levou à produção de baixos níveos de IL-1β, IL-6, TNF e IL-23 tanto em pacientes quanto em controles. DCs de pacientes virchowianos produziram mais IL-1β frente ao M. leprae do que aquelas de pacientes tuberculoides e maiores quantidades de IL-23 e IL-10 comparado aos controles. Independente da forma clínica da hanseníase, DCs de pacientes produziram menos IL-12p70 em resposta ao M. leprae do que DCs de controles saudáveis. Quanto à ativação dos LFs, verificamos que pacientes virchowianos apresentaram menor proliferação e produziram níveis menores de IL-2 após estímulo com M. leprae. A produção de IFN-, TNF, IL-9 e IL-22 nas culturas de MLDCs e LFs foi semelhante à encontrada quando iDCs foram empregadas e menor do que observado em culturas com mDCs. Nos pacientes virchowianos a frequência de LFs IL-4+ foi maior em paralelo com menor número de LFs expressando IFN- e IL-17A nas culturas estimuladas com MLDCs quando comparados com controles saudáveis. Em conjunto, nossos dados sugerem que o M. leprae é um fraco ativador de DCs, o que compromete a capacidade destas células induzirem a ativação de LFs autólogos. Pacientes com hanseníase virchowiana apresentam menor frequência de LFs produtores de citocinas de perfil Th1 e Th17 após estímulo com M. leprae o que pode contribuir para a persistência do bacilo.Leprosy is still considered a public health problem with more than 200,000 new cases detected in 2019, being 27,863 registered in Brazil. Caused by Mycobacterium leprae, an obligate intracellular pathogen, leprosy can result in permanent physical disabilities when untreated due to the tropism of the bacillus by Schwann cells from peripheral nerves. It is a spectral disease presenting two polar stable forms and three intermediate unstable forms. Tuberculoid pole is characterized by the predominant cell-mediated immune response and localized disease while lepromatous pole shows prevalent humoral response and disseminated disease. Dendritic cells (DCs) activate specific immune responses, so the pattern of costimulatory molecules expressed, and the cytokines released by DCs during M. leprae infection determine the profile of immune response generated that can prevent or favor its survival and dissemination. This study aimed to analyze the profile of DCs derived from leprosy patients infected with viable M. leprae as well as their ability to activate autologous lymphocytes. DCs were differentiated from peripheral blood monocytes of healthy controls, tuberculoid (6 tuberculoid-tuberculoid and 2 borderline-tuberculoid) and lepromatous (5 lepromatous-lepromatous and 5 borderline-lepromatous) leprosy patients employing GM-CSF and IL-4. DCs were stimulated by (i) live M. leprae at a multiplicity of 10:1 (bacilli:DC, MLDCs); (ii) standard maturation cocktail (CQM) composed by IL-1β, IL-6, TNF, PGE2 (mDCs); or (iii) remained unstimulated (iDCs) for 48 hours. After stimulation, DCs were cultured with lymphocytes for five days. Stimulation of DCs with viable M. leprae did not induce the expression of costimulatory molecules but stimulated the production of low levels of IL-1β, IL-6, TNF and IL-23 in both patients and controls. DCs from lepromatous patients produced more IL-1β against M. leprae than those from tuberculoid patients and greater amounts of IL-23 and IL-10 compared to healthy controls. Regardless of the clinical form of leprosy, DCs from leprosy patients produced fewer IL-12p70 in response to M. leprae than DCs from healthy controls. Considering the activation of lymphocytes, we found that lepromatous patients showed lower proliferation and produced lower levels of IL-2 after stimulation with M. leprae. The production of IFN-, TNF, IL-9 and IL-22 in cultures of MLDCs and lymphocytes was similar to that found when iDCs were used and lower than that observed in cultures with mDCs. In lepromatous patients the frequency of IL-4+ lymphocytes were higher in parallel with a lower number of lymphocytes expressing IFN- and IL-17A in cultures stimulated with MLDCs when compared to healthy controls. Together, our data suggest that M. leprae is a weak activator of DCs, which compromises the ability of these cells to induce the activation of autologous lymphocytes. Lepromatous leprosy patients had a lower frequency of lymphocytes producing Th1 and Th17 cytokines after stimulation with M. leprae, which may contribute to the persistence of the bacillus.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)FAPESP: 15/23256-6Universidade Estadual Paulista (Unesp)Souza, Vânia Niéto Brito deUniversidade Estadual Paulista (Unesp)Germano, Giovanna Valle [UNESP]2022-03-03T16:41:57Z2022-03-03T16:41:57Z2022-01-29info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/21698933004064065P4porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-11-21T06:16:46Zoai:repositorio.unesp.br:11449/216989Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462023-11-21T06:16:46Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase
Evaluation of the stimulatory capacity of dendritic cells in patients with leprosy
title Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase
spellingShingle Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase
Germano, Giovanna Valle [UNESP]
Hanseníase
Mycobacterium leprae
Células dendríticas
Linfócitos
Leprosy
Lymphocytes
Dendritic cells
title_short Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase
title_full Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase
title_fullStr Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase
title_full_unstemmed Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase
title_sort Avaliação da capacidade estimulatória de células dendríticas em pacientes com hanseníase
author Germano, Giovanna Valle [UNESP]
author_facet Germano, Giovanna Valle [UNESP]
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Souza, Vânia Niéto Brito de
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.contributor.author.fl_str_mv Germano, Giovanna Valle [UNESP]
dc.subject.por.fl_str_mv Hanseníase
Mycobacterium leprae
Células dendríticas
Linfócitos
Leprosy
Lymphocytes
Dendritic cells
topic Hanseníase
Mycobacterium leprae
Células dendríticas
Linfócitos
Leprosy
Lymphocytes
Dendritic cells
description A hanseníase é considerada ainda um problema de saúde pública com mais de 200.000 novos casos detectados em 2019, sendo 27.863 no Brasil. Causada pelo Mycobacterium leprae, patógeno intracelular obrigatório, a hanseníase quando não tratada pode resultar em incapacidades físicas permanentes devido a tropismo do bacilo por células de Schwann dos nervos periféricos. É uma doença espectral com duas formas polares estáveis e três intermediárias instáveis, sendo o polo tuberculoide caracterizado pelo predomínio de resposta imune celular e doença localizada, enquanto o polo virchowiano apresenta elevada resposta humoral e doença disseminada. As células dendríticas (DCs) ativam a resposta imune específica, portanto a expressão de moléculas coestimulatórias e as citocinas liberadas pelas DCs durante a infecção pelo M. leprae determinam o perfil de resposta imune gerado e podem prevenir ou favorecer sua sobrevivência e disseminação. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil de ativação de DCs derivadas de pacientes com hanseníase infectadas por M. leprae viável bem como sua capacidade de ativar linfócitos (LFs) autólogos. DCs foram diferenciadas a partir de monócitos de sangue periférico de controles saudáveis (CS), pacientes tuberculoides (6 tuberculoide-tuberculoides e 2 dimorfo-tuberculoides) e virchowianos (5 virchowiano-virchowianos e 5 dimorfo-virchowianos) empregando GM-CSF e IL-4. As DCs foram estimuladas por (i) M. leprae vivo na multiplicidade de 10:1 (bacilos:DC, MLDCs); (ii) coquetel de maturação padrão (CQM) composto por IL-1β, IL-6, TNF, PGE2 (mDCs); ou (iii) permaneceram não estimuladas (iDCs) por 48 horas. Após o estímulo, as DCs foram co-cultivadas com LFs por cinco dias. O estímulo de DCs com M. leprae viável não induziu expressão de moléculas coestimulatórias e levou à produção de baixos níveos de IL-1β, IL-6, TNF e IL-23 tanto em pacientes quanto em controles. DCs de pacientes virchowianos produziram mais IL-1β frente ao M. leprae do que aquelas de pacientes tuberculoides e maiores quantidades de IL-23 e IL-10 comparado aos controles. Independente da forma clínica da hanseníase, DCs de pacientes produziram menos IL-12p70 em resposta ao M. leprae do que DCs de controles saudáveis. Quanto à ativação dos LFs, verificamos que pacientes virchowianos apresentaram menor proliferação e produziram níveis menores de IL-2 após estímulo com M. leprae. A produção de IFN-, TNF, IL-9 e IL-22 nas culturas de MLDCs e LFs foi semelhante à encontrada quando iDCs foram empregadas e menor do que observado em culturas com mDCs. Nos pacientes virchowianos a frequência de LFs IL-4+ foi maior em paralelo com menor número de LFs expressando IFN- e IL-17A nas culturas estimuladas com MLDCs quando comparados com controles saudáveis. Em conjunto, nossos dados sugerem que o M. leprae é um fraco ativador de DCs, o que compromete a capacidade destas células induzirem a ativação de LFs autólogos. Pacientes com hanseníase virchowiana apresentam menor frequência de LFs produtores de citocinas de perfil Th1 e Th17 após estímulo com M. leprae o que pode contribuir para a persistência do bacilo.
publishDate 2022
dc.date.none.fl_str_mv 2022-03-03T16:41:57Z
2022-03-03T16:41:57Z
2022-01-29
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/11449/216989
33004064065P4
url http://hdl.handle.net/11449/216989
identifier_str_mv 33004064065P4
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1797789779119570944