O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pigatto, Jaqueline Trevisan [UNESP]
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNESP
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11449/191751
Resumo: A governança global da Internet busca se consolidar pelo caráter multissetorial, onde atores estatais e não-estatais compartilham interesses, objetivos e ações no meio digital que afetam sociedades de modo profundo. Seja econômica, cultural ou politicamente, as plataformas digitais exercem papel fundamental na vida dos usuários da Internet, atingindo também a esfera estatal. Desse modo, as características originais da Internet como liberdade e universalidade são tensionadas diante de tais atores. Problemas como uso indiscriminado de dados pessoais por grandes corporações transnacionais e diferentes conteúdos disponibilizados pelo setor privado em diferentes países são alguns dos processos que evoluíram em discussões e regulações nos últimos anos. Foi em 2013 que as denúncias de Edward Snowden sobre a espionagem estadunidense criaram um questionamento mais forte acerca da centralidade da Internet nos Estados Unidos, com outros países como Brasil e União Europeia se sobressaindo na governança global, ao mesmo tempo em que grandes empresas como Google e Facebook detêm recursos de poder consideráveis, a partir da coleta e do processamento de dados de bilhões de pessoas no mundo todo. A autorregulação privada que se fortaleceu após o caso Snowden enfrenta um revés a partir de 2018, com tentativas de regulação estatais pela União Europeia, à luz do caso Cambridge Analytica, onde processos eleitorais foram influenciadas pelo uso indevido de dados pessoais. Assim, é no Fórum de Governança da Internet (IGF) onde tais atores têm o espaço para diálogos e troca de conhecimentos para implementar políticas e práticas, seguindo o caráter multissetorial. As ações privadas acabam por pautar muitas dessas discussões, ao mesmo tempo em que foram sendo priorizados encontros bilaterais entre entes governamentais e privados, havendo portanto uma diminuição do grau de multissetorialismo, uma vez que o Estado passou a ser mais afetado pelo funcionamento dessas plataformas. Ainda que regulações estatais tenham ocupado mais espaço ao longo do período analisado, as grandes corporações privadas ainda mantêm uma preponderância e certa liberdade de autorregulação em meio a governança multissetorial, já que detêm recursos de poder tecnológicos e influência relevantes nas sociedades ocidentais.
id UNSP_bee3f383ac7417de8176fba17de0c37a
oai_identifier_str oai:repositorio.unesp.br:11449/191751
network_acronym_str UNSP
network_name_str Repositório Institucional da UNESP
repository_id_str 2946
spelling O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)The role of transnational corporations in global Internet governance: Google and Facebook in the discussions on network neutrality and data policy (2013-2018)InternetMultissetorialismoGovernançaInstituiçõesTransnacionaisGovernanceInstitutionsTransnationalMultistakeholderGobernanzaInstitucionesTransnacionalesMultisectorialismoA governança global da Internet busca se consolidar pelo caráter multissetorial, onde atores estatais e não-estatais compartilham interesses, objetivos e ações no meio digital que afetam sociedades de modo profundo. Seja econômica, cultural ou politicamente, as plataformas digitais exercem papel fundamental na vida dos usuários da Internet, atingindo também a esfera estatal. Desse modo, as características originais da Internet como liberdade e universalidade são tensionadas diante de tais atores. Problemas como uso indiscriminado de dados pessoais por grandes corporações transnacionais e diferentes conteúdos disponibilizados pelo setor privado em diferentes países são alguns dos processos que evoluíram em discussões e regulações nos últimos anos. Foi em 2013 que as denúncias de Edward Snowden sobre a espionagem estadunidense criaram um questionamento mais forte acerca da centralidade da Internet nos Estados Unidos, com outros países como Brasil e União Europeia se sobressaindo na governança global, ao mesmo tempo em que grandes empresas como Google e Facebook detêm recursos de poder consideráveis, a partir da coleta e do processamento de dados de bilhões de pessoas no mundo todo. A autorregulação privada que se fortaleceu após o caso Snowden enfrenta um revés a partir de 2018, com tentativas de regulação estatais pela União Europeia, à luz do caso Cambridge Analytica, onde processos eleitorais foram influenciadas pelo uso indevido de dados pessoais. Assim, é no Fórum de Governança da Internet (IGF) onde tais atores têm o espaço para diálogos e troca de conhecimentos para implementar políticas e práticas, seguindo o caráter multissetorial. As ações privadas acabam por pautar muitas dessas discussões, ao mesmo tempo em que foram sendo priorizados encontros bilaterais entre entes governamentais e privados, havendo portanto uma diminuição do grau de multissetorialismo, uma vez que o Estado passou a ser mais afetado pelo funcionamento dessas plataformas. Ainda que regulações estatais tenham ocupado mais espaço ao longo do período analisado, as grandes corporações privadas ainda mantêm uma preponderância e certa liberdade de autorregulação em meio a governança multissetorial, já que detêm recursos de poder tecnológicos e influência relevantes nas sociedades ocidentais.The global Internet governance aims to consolidate itself through the multistakeholder model, where state and non-state actors share interests, goals and actions on the digital space, which can deeply affect societies. Whether economic, cultural or political, the digital platforms play a fundamental part on the Internet users lives, reaching also the state sphere. Therefore, the Internet’s original characteristics, such as freedom and universality, are stressed by these private actors. Issues as the indiscriminate use of personal data by large transnational corporations and varied available content by the private sector in different countries are some of the procedures that have evolved in discussions and regulations over the last years. In 2013, the Edward Snowden’s disclosures on the U.S. espionage have created a stronger questioning regarding the Internet’s centrality in that country, with other state actors such as Brazil and the European Union projecting themselves dominantly on global governance, at the same time that large companies such as Google and Facebook hold resources of considerable power, starting from the data collect and processing from billions of people all around the world. The private self-regulation that became stronger after the Snowden case has been facing a setback since 2018, with attempts of state regulations by the European Union, in view of the Cambridge Analytica case, where electoral procedures were influenced by the inappropriate use of personal data. Thereby, it is on the Internet Governance Forum (IGF) that such actors have space for dialogues and knowledge exchange to implement policies and activities, following the multistakeholder nature. The private actions ended up guiding several of these discussions, while bilateral meetings between governmental and private entities were being prioritized, leading to a decrease in the multistakeholder model, once that the state became more affected by the functioning of these platforms. Although the state regulations have occupied more space during the analyzed period of time, the big private corporations still hold a preponderance and a certain freedom of self-regulation among the multistakeholder governance, since they hold resources of technological power and relevant influence on the Western societies.La gobernanza global de Internet busca consolidarse por su carácter multisectorial, donde los actores estatales y no estatales comparten intereses, objetivos y acciones en el ambiente digital los cuales afectan a las sociedades de manera profunda. Sean de carácter económico, cultural o político, las plataformas digitales juegan un papel fundamental en la vida de los usuarios de Internet, afectando también el ámbito estatal. De esta manera, las características originales de Internet como libertad y universalidad son tensionadas ante dichos actores. Los problemas en relación al uso indiscriminado de datos personales por parte de grandes corporaciones transnacionales y a la exposición de diferentes contenidos por parte del sector privado en distintos países son algunos de los procesos que han sido debatidos en las discusiones y regulaciones en los últimos años. Las acusaciones hechas por Edward Snowden en 2013 sobre el espionaje estadounidense plantearon un cuestionamiento más incisivo sobre la centralidad de Internet en los Estados Unidos (cuestionamiento también hecho por Brasil y la Unión Europea, los cuales se sobresalieron como actores destacados en la temática de la gobernanza global), al mismo tiempo en que grandes empresas, como Google y Facebook, poseían considerables recursos para recopilar y procesar datos de miles de millones de personas en todo el mundo. La autorregulación privada que se había fortalecido tras el caso Snowden ha enfrentado un revés desde 2018, con los intentos de regulación estatal por parte de la Unión Europea tras el caso Cambridge Analytica, en que los procesos electorales fueron influenciados por el mal uso de los datos personales. Por lo tanto, es en el Foro de Gobernanza de Internet (IGF) donde dichos actores tienen el espacio para el diálogo y el intercambio de conocimientos para implementar políticas y prácticas, siguiendo una orientación de carácter multisectorial. Las acciones privadas terminan por guiar muchas de estas discusiones, al mismo tiempo en que las reuniones bilaterales entre entidades gubernamentales y privadas han sido priorizadas, reduciendo así el grado de multisectorialismo, una vez que el estado se encontró más afectado por el funcionamiento de estas plataformas. Aunque las regulaciones estatales han ocupado más espacio durante el período analizado, las grandes corporaciones privadas aún mantienen una preponderancia y cierta libertad de autorregulación en medio de la gobernanza multisectorial, por tener significativo poder tecnológico y de influencia en las sociedades occidentales.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)FAPESP: 2018/02378-4Universidade Estadual Paulista (Unesp)Mariano, Marcelo Passini [UNESP]Universidade Estadual Paulista (Unesp)Pigatto, Jaqueline Trevisan [UNESP]2020-03-04T20:34:37Z2020-03-04T20:34:37Z2020-02-18info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/11449/19175100092941333004110044P03505849964932313porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNESPinstname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)instacron:UNESP2023-10-20T06:06:09Zoai:repositorio.unesp.br:11449/191751Repositório InstitucionalPUBhttp://repositorio.unesp.br/oai/requestopendoar:29462023-10-20T06:06:09Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)false
dc.title.none.fl_str_mv O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)
The role of transnational corporations in global Internet governance: Google and Facebook in the discussions on network neutrality and data policy (2013-2018)
title O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)
spellingShingle O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)
Pigatto, Jaqueline Trevisan [UNESP]
Internet
Multissetorialismo
Governança
Instituições
Transnacionais
Governance
Institutions
Transnational
Multistakeholder
Gobernanza
Instituciones
Transnacionales
Multisectorialismo
title_short O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)
title_full O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)
title_fullStr O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)
title_full_unstemmed O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)
title_sort O papel das corporações transnacionais na governança global da Internet: Google e Facebook nas discussões sobre neutralidade da rede e política de dados (2013-2018)
author Pigatto, Jaqueline Trevisan [UNESP]
author_facet Pigatto, Jaqueline Trevisan [UNESP]
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Mariano, Marcelo Passini [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.contributor.author.fl_str_mv Pigatto, Jaqueline Trevisan [UNESP]
dc.subject.por.fl_str_mv Internet
Multissetorialismo
Governança
Instituições
Transnacionais
Governance
Institutions
Transnational
Multistakeholder
Gobernanza
Instituciones
Transnacionales
Multisectorialismo
topic Internet
Multissetorialismo
Governança
Instituições
Transnacionais
Governance
Institutions
Transnational
Multistakeholder
Gobernanza
Instituciones
Transnacionales
Multisectorialismo
description A governança global da Internet busca se consolidar pelo caráter multissetorial, onde atores estatais e não-estatais compartilham interesses, objetivos e ações no meio digital que afetam sociedades de modo profundo. Seja econômica, cultural ou politicamente, as plataformas digitais exercem papel fundamental na vida dos usuários da Internet, atingindo também a esfera estatal. Desse modo, as características originais da Internet como liberdade e universalidade são tensionadas diante de tais atores. Problemas como uso indiscriminado de dados pessoais por grandes corporações transnacionais e diferentes conteúdos disponibilizados pelo setor privado em diferentes países são alguns dos processos que evoluíram em discussões e regulações nos últimos anos. Foi em 2013 que as denúncias de Edward Snowden sobre a espionagem estadunidense criaram um questionamento mais forte acerca da centralidade da Internet nos Estados Unidos, com outros países como Brasil e União Europeia se sobressaindo na governança global, ao mesmo tempo em que grandes empresas como Google e Facebook detêm recursos de poder consideráveis, a partir da coleta e do processamento de dados de bilhões de pessoas no mundo todo. A autorregulação privada que se fortaleceu após o caso Snowden enfrenta um revés a partir de 2018, com tentativas de regulação estatais pela União Europeia, à luz do caso Cambridge Analytica, onde processos eleitorais foram influenciadas pelo uso indevido de dados pessoais. Assim, é no Fórum de Governança da Internet (IGF) onde tais atores têm o espaço para diálogos e troca de conhecimentos para implementar políticas e práticas, seguindo o caráter multissetorial. As ações privadas acabam por pautar muitas dessas discussões, ao mesmo tempo em que foram sendo priorizados encontros bilaterais entre entes governamentais e privados, havendo portanto uma diminuição do grau de multissetorialismo, uma vez que o Estado passou a ser mais afetado pelo funcionamento dessas plataformas. Ainda que regulações estatais tenham ocupado mais espaço ao longo do período analisado, as grandes corporações privadas ainda mantêm uma preponderância e certa liberdade de autorregulação em meio a governança multissetorial, já que detêm recursos de poder tecnológicos e influência relevantes nas sociedades ocidentais.
publishDate 2020
dc.date.none.fl_str_mv 2020-03-04T20:34:37Z
2020-03-04T20:34:37Z
2020-02-18
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/11449/191751
000929413
33004110044P0
3505849964932313
url http://hdl.handle.net/11449/191751
identifier_str_mv 000929413
33004110044P0
3505849964932313
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Estadual Paulista (Unesp)
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UNESP
instname:Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron:UNESP
instname_str Universidade Estadual Paulista (UNESP)
instacron_str UNESP
institution UNESP
reponame_str Repositório Institucional da UNESP
collection Repositório Institucional da UNESP
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UNESP - Universidade Estadual Paulista (UNESP)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1797789452310937600