Efeitos do tempo de cirrose e gravidade da doença na funcionalidade, força máxima, espessura muscular e na qualidade muscular em pacientes cirróticos

• Autor(a) principal: Broilo, Marcella Dossin
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/271906
• topic: Cirrose hepática; Força muscular; Desempenho físico funcional; Hepatic cirrhosis; Physical functional performance; Muscle strength

Introdução: A cirrose é uma doença de carácter progressivo e parcialmente irreversível nos estágios avançados, sendo desencadeada por alterações fisiológicas e estruturais que levam ao dano crônico do fígado em função do processo inflamatório. Mesmo que as causas sejam variadas, com o passar do tempo, há prejuízo da função do órgão. Além do fígado, outros órgãos e sistemas são afetados com a cirrose, entre eles, o sistema muscular. Portanto, parece haver comprometimento da força e massa muscular em pacientes cirróticos, com tendência de ser maior a redução da força muscular, ocasionando complicações adicionais relacionadas à fragilidade, o que resulta em um reduzido desempenho funcional, e por consequência, alto nível de dependência. O alto grau de comprometimento funcional característico desta população, capaz de diminuir a expectativa de vida, é um indicativo fundamental para justificar a sua avaliação. A hipótese norteadora do presente estudo é que, pessoas com maior tempo e gravidade da doença apresentarão pior desempenho nos testes funcionais, na força máxima e na qualidade muscular (QM), avaliada por tensão específica. Além disso, semelhante ao que ocorre com indivíduos idosos, a força muscular estará mais associada ao desempenho funcional do que à massa muscular, em pacientes cirróticos. Objetivo: Verificar os possíveis impactos do tempo de cirrose e da gravidade da doença na funcionalidade, força máxima, espessura muscular e na QM (i.e., tensão específica) em pacientes com cirrose nos estágios A e B do escore de Child-Pugh ou compensados. Metodologia: Foi realizado um estudo de caráter exploratório transversal de associações, que incluiu 23 participantes (15 homens e 8 mulheres) com cirrose compensada com idade entre 18 e 70 anos, que tiveram sua capacidade funcional, força máxima, espessura muscular e qualidade muscular avaliados por testes funcionais (i.e. timed-up-and-go (TUG), escada, marcha e sentar e levantar), dinamômetro isocinético e ultrassonografia musculoesquelética, respectivamente. Para a análise estatística, após a realização do teste t de student independente com a medida de tempo (TA x TB) e Meld-Na (MA x MB), foi utilizado a ANCOVA two-way (2x2) e o Post-Hoc de Tukey para as análises. O valor de alfa de 5% foi adotado e o tamanho do efeito foi calculado por meio do eta ao quadrado parcial (η 2p). Para verificar as associações foi realizado, separadamente, correlações de Person entre cada par de variáveis. Resultados: Com exceção do desempenho no teste de escada, o desempenho em todos os demais testes funcionais apresentou associações significativas com o fatortempo de doença [TUG (p=0,04), marcha (p=0,04), e sentar e levantar (p=0,03)]. Já para o fator gravidade da doença, avaliado pelo Meld-Na, não foram encontradas associações significativas com o desempenho em nenhum dos testes funcionais avaliados (p>0,05). Os valores de força muscular, espessura muscular e QM avaliada por tensão específica, não se associaram significativamente com os fatores tempo e gravidade da doença (i.e, Meld-Na) (p>0,05). Houve uma correlação inversamente proporcional entre força máxima e o desempenho em todos os testes funcionais, [TUG (R= -0.69**), escada (R= -0.52**), marcha (R= -0.54**), e sentar e levantar (R= - 0.44**)]. Conclusão: A capacidade funcional foi severamente afetada pelo tempo de doença, tendo sido, o desempenho funcional relacionado com os níveis de força em pacientes cirróticos.