Poética da extração, literatura e psicanálise : o (des) fazer a forma, o estilo e a transmissão do impossível

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Camila Backes dos
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/193740
Resumo: Esta tese relaciona a obra do escritor norte-americano Jonathan Safran Foer e a poética da extração amparada na relação entre a literatura e a psicanálise de Sigmund Freud e Jacques Lacan. Tree of Codes, o livro-impossível, é escrito através de um processo de escavação na obra do escritor polonês Bruno Schulz. Foer recortou e extraiu/subtraiu noventa por cento da obra de Schulz chegando a um resultado que corresponde ao que podemos entender como próprio da inespecifidade da arte e da literatura contemporânea: um livro-escultura-objeto-obra-de-arte. Um objeto que guarda consigo algo de inclassificável. Através da operação de corte/extração/subtração o que se tem é a produção de uma ausência na qual a obra de Schulz aparece como resto. Com o objetivo de lermos Foer, observamos o que autores como Roland Barthes e Antoine Compagnon nos ensinam sobre o “cortar para ler” na teoria da escrita e da leitura. O trabalho com Tree of Codes permite interrogar o pensamento acerca da extração que, na Psicanálise, mantém relação com a formulação sobre o traço e a invenção. As proposições de Freud e Lacan, quando se debruçam sobre a constituição psíquica do sujeito, situam o corte como fundamento para a insurgência de um traço, que, na sua repetição, marcará o estilo. Na tessitura entre Schulz, Foer, Freud e Lacan, avançamos na direção das noções de corte, objeto a e estilo, num exercício de fazer aparecer em Foer uma teoria sobre a articulação entre esses elementos. Por fim, esta tese também analisa o romance de Foer Extremamente alto & incrivelmente perto, que, através da elaboração da morte e da perda do personagem principal, o pequeno Oskar Schell, nos apresenta uma “queda ao contrário”. Temos assim, nesta tese, “duas quedas ao contrário”: a queda do corpo do World Trade Center e também a queda de palavras na manufatura de Tree of Codes. Após o corte na forma o que surge é uma (des)forma, ou, o que observamos que é possível operar quando algo de si entra em cena: o estilo. Pensar com a poesia, ou com a linguagem poética, é estar atento às novas configurações da forma, o que nos aproxima àquilo que Lacan aponta com o indizível e a impossibilidade de a verdade dizer-se toda.
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Com o objetivo de lermos Foer, observamos o que autores como Roland Barthes e Antoine Compagnon nos ensinam sobre o “cortar para ler” na teoria da escrita e da leitura. O trabalho com Tree of Codes permite interrogar o pensamento acerca da extração que, na Psicanálise, mantém relação com a formulação sobre o traço e a invenção. As proposições de Freud e Lacan, quando se debruçam sobre a constituição psíquica do sujeito, situam o corte como fundamento para a insurgência de um traço, que, na sua repetição, marcará o estilo. Na tessitura entre Schulz, Foer, Freud e Lacan, avançamos na direção das noções de corte, objeto a e estilo, num exercício de fazer aparecer em Foer uma teoria sobre a articulação entre esses elementos. Por fim, esta tese também analisa o romance de Foer Extremamente alto & incrivelmente perto, que, através da elaboração da morte e da perda do personagem principal, o pequeno Oskar Schell, nos apresenta uma “queda ao contrário”. Temos assim, nesta tese, “duas quedas ao contrário”: a queda do corpo do World Trade Center e também a queda de palavras na manufatura de Tree of Codes. Após o corte na forma o que surge é uma (des)forma, ou, o que observamos que é possível operar quando algo de si entra em cena: o estilo. Pensar com a poesia, ou com a linguagem poética, é estar atento às novas configurações da forma, o que nos aproxima àquilo que Lacan aponta com o indizível e a impossibilidade de a verdade dizer-se toda.This thesis establishes a relation between the literary works of the north american writer Johathan Safran Foer and the so called poetics of extraction supported between literature and freudian / lacanian psychoanalysis. Tree of Codes, The Impossible Book, is a book written through an excavation process of the works of polish writer Bruno Schulz. Foer cut and extracted / subtracted ninety percent of Schult’s work, getting to what we may understand as the inespecific nature of contemporary art and literature: a book-sculpture-object-work-of-art – an object that is always a bit unclassifiable. What results of this cut / extraction / subtraction operation is a produced lack, in which Schulz’ works appear as a remnant. To a specific read of Foer, we relate to what authors as Roland Bathes and Antoine Compagnon designate as “cut to read” in reading and writing theory. Working with Tree of Codes enables us to question the idea of extraction, which in psychoanalysis is related to the understanding of the concepts of trace and invention. The propositions of Sigmund Freud and Jacques Lacan about the psychic composition of the subject recognize the cut as the founding element of the trace, which the repetition will compose a style. In the intercession between Schulz, Foer, Freud and Lacan, we trace theoretical notions of cut, object and style, trying to find in Foer’s work an articulation between these elements. At least, this thesis also analyses the romance Extremely Loud & Incredibly Close, in which through the elaboration process of death and loss lived by the main character, Oskar Schell, presents an “upside down fall”. Being so, we understand that this thesis presents two “upside down falls”: the body that falls from the World Trade Center in Extremely Loud & Incredibly Close, and the fall of words in the making of Tree of Codes. After the die-cut process what results is an unform, operating with what is possible when something itself appears: the style. To think with poetry or with poetic language is to be aware to new configurations of the shape, approximating us to what Lacan appoints as the unutterable/unnamable and the impossibility of the enunciation of the truth as a whole.application/pdfporPsicologia socialPsicanalise e literaturaPsychoanalysisTransmissionStyleUnformLiteraturePoética da extração, literatura e psicanálise : o (des) fazer a forma, o estilo e a transmissão do impossívelinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Psicologia Social e InstitucionalPorto Alegre, BR-RS2018doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001093042.pdf.txt001093042.pdf.txtExtracted Texttext/plain354456http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/193740/2/001093042.pdf.txt81608a2d43c87f6900dbfc66ab8461e1MD52ORIGINAL001093042.pdfTexto completoapplication/pdf2383098http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/193740/1/001093042.pdf34e28b0b50c1d396626da597b1820060MD5110183/1937402019-05-04 02:35:25.10629oai:www.lume.ufrgs.br:10183/193740Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532019-05-04T05:35:25Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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