Jeguatá : caminhar é conhecer - metodologia e prática para construção e difinição de itinerários paisagísticos Mbyá-Guarani em Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Marcelo Juliano Santos dos
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/245516
Resumo: O gigantismo urbano tem causado impactos crescentes nos sistemas terrestres. Há sinais e rastros químicos nas camadas estratigráficas, registrando uma nova era geológica, o Antropoceno. Megacidades do século XXI parecem estar desconectadas da natureza. São cidades eminentemente tecnológicas, cuja edificações assemelham-se a falésias de concreto e cânions urbanos, sob céus repletos de gases nocivos. Mas não apenas isso. Também insistem em inviabilizar as comunidades originárias e suas paisagens que inda habitam no entorno. Isso também afeta os moradores urbanos, quando estes não são capazes de desfrutar dos aspectos estéticos e também terapêuticos dos elementos naturais ali presentes. Esse trabalho propõe-se a investigar roteiros de interesse turístico, educativo e geoambiental, para visitação paisagística e cultural, em áreas indígenas e Unidades de Conservação próximas aos centros urbanos. Objetiva-se não só ouvir as vozes dos povos originários no lugar em que vivem, mas também garantir a continuidade do modo de vida indígena, sua cosmovisão e paisagens. Além disso, espera-se chamar a atenção dos moradores da cidade sobre as potencialidades culturais e paisagísticas das comunidades indígenas, através do que os Guarani chamam de Jeguatá, que é o próprio caminhar com sabedoria em solo sagrado, o Tape Porã, que é para eles uma trilha bonita. Assim urge a importância de conservá-las. A investigação deu-se na região da comunidade mbyá-guarani da Tekoá Anhetenguá (TA) e no Refúgio de Vida Silvestre do Morro São Pedro (REVIS-MSP), onde se propôs itinerários paisagísticos-culturais conectando territórios e comunidades indígenas. Para tanto, fez-se uso do Sistema de Informação Geográfica (SIG) e metodologia participativa e coletiva de etnomapeamento de trilhas e caminhos com a comunidade mbyá-guarani. Considerando os aspectos geográficos e geoambientais aqui trazidos, temos a interface entre grandes ecossistemas com diferentes complexidades paisagísticas, encontradas nas periferias de Porto Alegre. Do ponto de vista da fruição, os itinerários ajudam no desenvolvimento cognitivo e bem- estar humano, bem como trazem benefícios para a saúde física e mental de possíveis usuários. Inserem-se dentro da perspectiva de “paisagens terapêuticas” e “terapias na natureza”, bem como da influência da paisagem na cognição e bem-estar humanos, conceitos que guiam parte desta pesquisa. Os resultados mostram claramente as possibilidades de empoderamento da cultura mbyá-guarani através da construção de cenários e experiências de atividades com as trilhas, oferecendo imersão intercultural e contato com a natureza, tanto para a comunidade indígena como para a sociedade dos não índios.
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Esse trabalho propõe-se a investigar roteiros de interesse turístico, educativo e geoambiental, para visitação paisagística e cultural, em áreas indígenas e Unidades de Conservação próximas aos centros urbanos. Objetiva-se não só ouvir as vozes dos povos originários no lugar em que vivem, mas também garantir a continuidade do modo de vida indígena, sua cosmovisão e paisagens. Além disso, espera-se chamar a atenção dos moradores da cidade sobre as potencialidades culturais e paisagísticas das comunidades indígenas, através do que os Guarani chamam de Jeguatá, que é o próprio caminhar com sabedoria em solo sagrado, o Tape Porã, que é para eles uma trilha bonita. Assim urge a importância de conservá-las. A investigação deu-se na região da comunidade mbyá-guarani da Tekoá Anhetenguá (TA) e no Refúgio de Vida Silvestre do Morro São Pedro (REVIS-MSP), onde se propôs itinerários paisagísticos-culturais conectando territórios e comunidades indígenas. Para tanto, fez-se uso do Sistema de Informação Geográfica (SIG) e metodologia participativa e coletiva de etnomapeamento de trilhas e caminhos com a comunidade mbyá-guarani. Considerando os aspectos geográficos e geoambientais aqui trazidos, temos a interface entre grandes ecossistemas com diferentes complexidades paisagísticas, encontradas nas periferias de Porto Alegre. Do ponto de vista da fruição, os itinerários ajudam no desenvolvimento cognitivo e bem- estar humano, bem como trazem benefícios para a saúde física e mental de possíveis usuários. Inserem-se dentro da perspectiva de “paisagens terapêuticas” e “terapias na natureza”, bem como da influência da paisagem na cognição e bem-estar humanos, conceitos que guiam parte desta pesquisa. Os resultados mostram claramente as possibilidades de empoderamento da cultura mbyá-guarani através da construção de cenários e experiências de atividades com as trilhas, oferecendo imersão intercultural e contato com a natureza, tanto para a comunidade indígena como para a sociedade dos não índios.Urban gigantism has had increasing impacts on terrestrial systems. There are chemical signs and traces in the stratigraphic layers, recording a new geological era, the Anthropocene. 21st-century megacities seem to be disconnected from nature. They are eminently technological cities whose constructions resemble concrete cliffs and urban canyons, under skies laden with poisonous gases. But not just that. They also insist on making the original communities and landscapes that still inhabit the surroundings unfeasibly. This exclusion also affects urban residents when they cannot enjoy the aesthetic and therapeutic aspects of the natural elements present near the city. This work proposes to investigate itineraries of tourist, educational and geoenvironmental interest, for landscape and cultural visitation, in indigenous areas and Conservation Units near the city of Porto Alegre and the Metropolitan Region. The objective is to hear the voices of indigenous peoples where they live and ensure the continuity of the indigenous way of life, their cosmovision and landscapes in a peri-urban region. In addition, it is hoped to draw the attention of the city's residents to the cultural and landscape potential of indigenous communities, through what the Guarani call Jeguatá, which is walking with wisdom on sacred ground, the Tape Porã, which is for they a beautiful trail. Thus, the importance of conserving them is urgent. The investigation took place in the region of the Mbyá-Guarani community of Tekoá Anhetenguá (TA) and the Refúgio de Vida Silvestre do Morro São Pedro (REVIS-MSP). This region is located in the southern zone of the municipality of Porto Alegre, where landscape-cultural itineraries connecting indigenous and conservation areas are proposed. We used the Geographic Information System (GIS) and participatory and collective methodology of ethno-mapping trails and paths with the Mbyá-Guarani community. Considering the geographic and geoenvironmental aspects, the interface between ecosystems with different landscape complexities occurs in this region, such as hills, lake plains, and mosaics of forests and fields. From the point of view of enjoyment, the scripts help in cognitive development and human well-being and bring benefits to the physical and mental health of potential users. They are inscribed in the perspective of “therapeutic landscapes” and “therapies in nature,” as well as the influence of landscape on human cognition and well-being, concepts that guide part of this research. The results clearly show the possibilities of empowerment of the Mbyá- Guarani culture through the construction of scenarios and experiences of activities with the trails, offering intercultural immersion and contact with nature, both for the indigenous community and society non-Indians.application/pdfporGeografia do turismoGeoturismoItinerários paisagísticosComunidade indígenaSistemas de Informação Geográfica (SIG)Mbyá-Guarani landscape itinerariesGeotourismGeographic information systemTherapeutic landscapesJeguatá : caminhar é conhecer - metodologia e prática para construção e difinição de itinerários paisagísticos Mbyá-Guarani em Porto Alegreinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de GeociênciasPrograma de Pós-Graduação em GeografiaPorto Alegre, BR-RS2022mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001146337.pdf.txt001146337.pdf.txtExtracted Texttext/plain298972http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/245516/2/001146337.pdf.txt2ed7e6d7eec388feea0d536a8f027accMD52ORIGINAL001146337.pdfTexto completoapplication/pdf5136830http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/245516/1/001146337.pdf38c73c9c3f9ec274c33bbc1e6e1974bcMD5110183/2455162022-10-27 04:50:07.318615oai:www.lume.ufrgs.br:10183/245516Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532022-10-27T07:50:07Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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