Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Duarte, Carina Marques
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/26739
Resumo: Apesar da grande quantidade de estudos acerca da obra de Fernando Pessoa, um número ínfimo deles enfoca o Fausto, poema dramático no qual Pessoa trabalhou entre 1908 e 1933, deixando-o, inconcluso e fragmentário, depositado na famosa arca junto com todo o seu espólio. Este trabalho pretende, tomando por base a edição organizada por Teresa Sobral Cunha, analisar como se processa a retomada do Fausto de Goethe pelo texto do poeta português. Para tanto, servem como pressupostos teóricos os conceitos de dialogismo, intertextualidade e, especialmente, hipertextualidade. Fernando Pessoa se apropria do texto do poeta alemão para transformá-lo, ou seja, ainda que algumas cenas de Fausto: tragédia subjectiva sejam reminiscências goetheanas, há uma reelaboração dos elementos alheios e o texto é relançado em um novo circuito de sentido. Existem, é certo, analogias entre os textos; todavia, as diferenças – que aqui serão enfatizadas – são marcantes. O Fausto de Goethe é um drama de ação, já o de Fernando Pessoa se enquadra na categoria de teatro estático, ideal para a representação de uma tragédia anímica. O personagem de Pessoa, a exemplo do seu antecessor, deseja ultrapassar limites; tenciona fazê-lo, porém, através do pensamento. Aqui, uma vez que o pacto inexiste, não há ameaça de danação eterna. Além disso, o protagonista é abúlico, não age, não ama e não se transforma. Enquanto o Fausto de Goethe, na figura do seu herói, expressa o otimismo e a crença no progresso, o de Pessoa, por sua vez, é a representação do sentimento de crise, da descrença na ação e da falta de esperança, características próprias do Decadentismo.
id URGS_b0993d95e11b0519145c131944f7bccb
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/26739
network_acronym_str URGS
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
repository_id_str 1853
spelling Duarte, Carina MarquesTutikian, Jane Fraga2010-11-11T04:20:23Z2010http://hdl.handle.net/10183/26739000760107Apesar da grande quantidade de estudos acerca da obra de Fernando Pessoa, um número ínfimo deles enfoca o Fausto, poema dramático no qual Pessoa trabalhou entre 1908 e 1933, deixando-o, inconcluso e fragmentário, depositado na famosa arca junto com todo o seu espólio. Este trabalho pretende, tomando por base a edição organizada por Teresa Sobral Cunha, analisar como se processa a retomada do Fausto de Goethe pelo texto do poeta português. Para tanto, servem como pressupostos teóricos os conceitos de dialogismo, intertextualidade e, especialmente, hipertextualidade. Fernando Pessoa se apropria do texto do poeta alemão para transformá-lo, ou seja, ainda que algumas cenas de Fausto: tragédia subjectiva sejam reminiscências goetheanas, há uma reelaboração dos elementos alheios e o texto é relançado em um novo circuito de sentido. Existem, é certo, analogias entre os textos; todavia, as diferenças – que aqui serão enfatizadas – são marcantes. O Fausto de Goethe é um drama de ação, já o de Fernando Pessoa se enquadra na categoria de teatro estático, ideal para a representação de uma tragédia anímica. O personagem de Pessoa, a exemplo do seu antecessor, deseja ultrapassar limites; tenciona fazê-lo, porém, através do pensamento. Aqui, uma vez que o pacto inexiste, não há ameaça de danação eterna. Além disso, o protagonista é abúlico, não age, não ama e não se transforma. Enquanto o Fausto de Goethe, na figura do seu herói, expressa o otimismo e a crença no progresso, o de Pessoa, por sua vez, é a representação do sentimento de crise, da descrença na ação e da falta de esperança, características próprias do Decadentismo.Despite the large number of studies concerning the work of Fernando Pessoa, a small percentage of them focuses on Faust, a dramatic poem in which Pessoa worked between the years of 1908 and 1933, leaving it, incomplete and fragmentary, deposited in his famous ark along with all his estate. This study aims to, based on the edition organized by Teresa Sobral Cunha, examine how the Portuguese poet text processes the resumption of Goethe's Faust. To do so, were used as theoretical concepts dialogism, intertextuality, and especially hypertextuality. Fernando Pessoa appropriates the text of the German poet to transform it, that is, even if some scenes of Faust: subjective tragedy are goetheans reminiscences’, there is a reworking of the extraneous elements and the text is relaunched in a new circuit of meaning. There are, of course, analogies between the texts, however, the differences - which are emphasized here - are striking. Goethe's Faust is a drama of action while Fernando Pessoa’s fits in the category of static theater, ideal for the representation of a tragedy pertaining to the soul. Pessoa’s character, like his predecessor, would exceed limits, it intends to do so, however, through thought. Here, since the pact does not exist, there is no threat of eternal damnation. Moreover, the protagonist is apathetic and does not act, love and transform. While Goethe's Faust, in the figure of his hero, expressed optimism and belief in progress, Pessoa’s, in turn, is the representation of the sense of crisis, of disbelief in action and lack of hope, characteristics of Decadence.application/pdfporLiteratura portuguesaLiteratura comparadaTeoria literáriaDialogismoIntertextualidadeHipertextualidadePessoa, Fernando, 1888-1935. Fausto : tragédia subjetivaGoethe, Johann Wolfgang von, 1749-1832. Faust : FaustoDecadentismo (Movimento literário)FaustFernando PessoaGoetheHypertextualityDo criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2010mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000760107.pdf000760107.pdfTexto completoapplication/pdf734625http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/26739/1/000760107.pdf17933a28d07ee49342ab2b9e9785728cMD51TEXT000760107.pdf.txt000760107.pdf.txtExtracted Texttext/plain351651http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/26739/2/000760107.pdf.txtf2ff5e15b65b3b4742ed1dcf07197b44MD52THUMBNAIL000760107.pdf.jpg000760107.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg992http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/26739/3/000760107.pdf.jpg59f49a538c11985e8b04964e49527cafMD5310183/267392021-03-09 04:47:51.522349oai:www.lume.ufrgs.br:10183/26739Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532021-03-09T07:47:51Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa
title Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa
spellingShingle Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa
Duarte, Carina Marques
Literatura portuguesa
Literatura comparada
Teoria literária
Dialogismo
Intertextualidade
Hipertextualidade
Pessoa, Fernando, 1888-1935. Fausto : tragédia subjetiva
Goethe, Johann Wolfgang von, 1749-1832. Faust : Fausto
Decadentismo (Movimento literário)
Faust
Fernando Pessoa
Goethe
Hypertextuality
title_short Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa
title_full Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa
title_fullStr Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa
title_full_unstemmed Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa
title_sort Do criador de civilização ao eu-abismo : uma leitura palimpsestuosa do Fausto de Fernando Pessoa
author Duarte, Carina Marques
author_facet Duarte, Carina Marques
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Duarte, Carina Marques
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Tutikian, Jane Fraga
contributor_str_mv Tutikian, Jane Fraga
dc.subject.por.fl_str_mv Literatura portuguesa
Literatura comparada
Teoria literária
Dialogismo
Intertextualidade
Hipertextualidade
Pessoa, Fernando, 1888-1935. Fausto : tragédia subjetiva
Goethe, Johann Wolfgang von, 1749-1832. Faust : Fausto
Decadentismo (Movimento literário)
topic Literatura portuguesa
Literatura comparada
Teoria literária
Dialogismo
Intertextualidade
Hipertextualidade
Pessoa, Fernando, 1888-1935. Fausto : tragédia subjetiva
Goethe, Johann Wolfgang von, 1749-1832. Faust : Fausto
Decadentismo (Movimento literário)
Faust
Fernando Pessoa
Goethe
Hypertextuality
dc.subject.eng.fl_str_mv Faust
Fernando Pessoa
Goethe
Hypertextuality
description Apesar da grande quantidade de estudos acerca da obra de Fernando Pessoa, um número ínfimo deles enfoca o Fausto, poema dramático no qual Pessoa trabalhou entre 1908 e 1933, deixando-o, inconcluso e fragmentário, depositado na famosa arca junto com todo o seu espólio. Este trabalho pretende, tomando por base a edição organizada por Teresa Sobral Cunha, analisar como se processa a retomada do Fausto de Goethe pelo texto do poeta português. Para tanto, servem como pressupostos teóricos os conceitos de dialogismo, intertextualidade e, especialmente, hipertextualidade. Fernando Pessoa se apropria do texto do poeta alemão para transformá-lo, ou seja, ainda que algumas cenas de Fausto: tragédia subjectiva sejam reminiscências goetheanas, há uma reelaboração dos elementos alheios e o texto é relançado em um novo circuito de sentido. Existem, é certo, analogias entre os textos; todavia, as diferenças – que aqui serão enfatizadas – são marcantes. O Fausto de Goethe é um drama de ação, já o de Fernando Pessoa se enquadra na categoria de teatro estático, ideal para a representação de uma tragédia anímica. O personagem de Pessoa, a exemplo do seu antecessor, deseja ultrapassar limites; tenciona fazê-lo, porém, através do pensamento. Aqui, uma vez que o pacto inexiste, não há ameaça de danação eterna. Além disso, o protagonista é abúlico, não age, não ama e não se transforma. Enquanto o Fausto de Goethe, na figura do seu herói, expressa o otimismo e a crença no progresso, o de Pessoa, por sua vez, é a representação do sentimento de crise, da descrença na ação e da falta de esperança, características próprias do Decadentismo.
publishDate 2010
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2010-11-11T04:20:23Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2010
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/26739
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000760107
url http://hdl.handle.net/10183/26739
identifier_str_mv 000760107
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/26739/1/000760107.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/26739/2/000760107.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/26739/3/000760107.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 17933a28d07ee49342ab2b9e9785728c
f2ff5e15b65b3b4742ed1dcf07197b44
59f49a538c11985e8b04964e49527caf
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br
_version_ 1797064536349474816