Desenvolvimento de linguagem oral em crianças com surdez pré-lingual submetidos a implante coclear

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Alice Lang
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/266421
Resumo: Introdução: A surdez, especialmente quando ocorre no período anterior à aquisição de linguagem (pré-lingual), tem grande impacto na comunicação e, por consequência, na cognição, desempenho escolar, desenvolvimento emocional e bem-estar psicossocial. Em casos de surdez severa-profunda, o implante coclear (IC) pode ser indicado. Muitos centros realizam este tipo de reabilitação no Brasil através do programa de saúde auditiva do sistema único de saúde (SUS). Contudo, existem poucas publicações na literatura nacional que avaliem o desempenho dos pacientes implantados nestes programas. Objetivo: descrever características (da perda auditiva, sociodemográficas e socioculturais) e o desenvolvimento de linguagem oral em uma amostra de pacientes pediátricos com surdez pré-lingual de um programa público de implante coclear no Brasil. Após, explorar quais as características relacionadas a melhores resultados de linguagem. Métodos: estudo de coorte retrospectivo com crianças que realizaram a cirurgia de implante coclear no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) entre 2010 e 2020. Dados sobre a história médica pregressa, aspectos sociodemográficos, socioculturais e verificação de adesão ao programa foram coletados através de entrevistas e revisão de prontuário médico. A avaliação de desenvolvimento de linguagem foi realizada através dos questionários MUSS, MAIS e IT-MAIS e comparados com os marcos de desenvolvimento de linguagem. Audiometria em campo livre em uso de implante coclear para os pacientes que não tinham nenhum exame documentado nos 24 meses anteriores à avaliação. Resultados: Das 189 crianças implantadas entre 2010-2020, 129 foram incluídas neste estudo. A taxa de abandono do programa foi, portanto, de 31.7%. A idade média na primeira cirurgia de IC foi de 40.5 (±16.9) meses, com 77.5% dos pacientes tendo recebido implante unilateral. Em relação à escolaridade materna, 27.1% alcançou o nível superior e 7.8% das mães avaliadas relataram diagnóstico de depressão. A reabilitação pós-operatória com fonoterapia frequente não foi realizada por 26.4% dos pacientes e 30% das consultas agendadas para programação do implante coclear não foram realizadas. Resultados de linguagem abaixo do esperado para a idade auditiva (< escore Z -1) para o escore MAIS foram encontrados em 59,7% da amostra enquanto que para o escore MUSS a proporção foi de 62%. Fatores como hábito de leitura frequente, exposição ao bilinguismo e menor média quadritonal foram identificadas como variáveis independentes positivamente associadas ao desfecho de linguagem tanto para o Zescore MAIS quanto para o MUSS. Baixa idade gestacional e maior exposição a telas foram associadas a piores desfechos apenas para o Z-escore MUSS, de forma independente, enquanto que a presença de depressão materna foi associada a piores desfechos para o Z-escore MAIS. Conclusões: O perfil dos pacientes é homogêneo em relação ao status socioeconômico e eles apresentam uma idade média elevada na realização do implante coclear. A adesão ao tratamento pósoperatório revelou falhas, como alta taxa de perda de seguimento e baixa assiduidade às sessões de fala e programação e os pacientes apresentavam baixo desempenho de linguagem receptiva e expressiva.
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Após, explorar quais as características relacionadas a melhores resultados de linguagem. Métodos: estudo de coorte retrospectivo com crianças que realizaram a cirurgia de implante coclear no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) entre 2010 e 2020. Dados sobre a história médica pregressa, aspectos sociodemográficos, socioculturais e verificação de adesão ao programa foram coletados através de entrevistas e revisão de prontuário médico. A avaliação de desenvolvimento de linguagem foi realizada através dos questionários MUSS, MAIS e IT-MAIS e comparados com os marcos de desenvolvimento de linguagem. Audiometria em campo livre em uso de implante coclear para os pacientes que não tinham nenhum exame documentado nos 24 meses anteriores à avaliação. Resultados: Das 189 crianças implantadas entre 2010-2020, 129 foram incluídas neste estudo. A taxa de abandono do programa foi, portanto, de 31.7%. A idade média na primeira cirurgia de IC foi de 40.5 (±16.9) meses, com 77.5% dos pacientes tendo recebido implante unilateral. Em relação à escolaridade materna, 27.1% alcançou o nível superior e 7.8% das mães avaliadas relataram diagnóstico de depressão. A reabilitação pós-operatória com fonoterapia frequente não foi realizada por 26.4% dos pacientes e 30% das consultas agendadas para programação do implante coclear não foram realizadas. Resultados de linguagem abaixo do esperado para a idade auditiva (< escore Z -1) para o escore MAIS foram encontrados em 59,7% da amostra enquanto que para o escore MUSS a proporção foi de 62%. Fatores como hábito de leitura frequente, exposição ao bilinguismo e menor média quadritonal foram identificadas como variáveis independentes positivamente associadas ao desfecho de linguagem tanto para o Zescore MAIS quanto para o MUSS. Baixa idade gestacional e maior exposição a telas foram associadas a piores desfechos apenas para o Z-escore MUSS, de forma independente, enquanto que a presença de depressão materna foi associada a piores desfechos para o Z-escore MAIS. Conclusões: O perfil dos pacientes é homogêneo em relação ao status socioeconômico e eles apresentam uma idade média elevada na realização do implante coclear. A adesão ao tratamento pósoperatório revelou falhas, como alta taxa de perda de seguimento e baixa assiduidade às sessões de fala e programação e os pacientes apresentavam baixo desempenho de linguagem receptiva e expressiva.Introduction: Deafness, especially when it occurs in the period before language acquisition (prelingual), has a great impact on communication and, consequently, on cognition, school performance, emotional development and psychosocial well-being. In cases of severe-profound deafness, cochlear implants (CI) may be indicated. Many hospitals provide this treatment in Brazil through the public health system. However, there are few national studies that evaluate the performance of patients implanted in these programs. Objective: to describe characteristics (of hearing loss, sociodemographic and sociocultural) and the development of oral language in a sample of pediatric patients with prelingual deafness from a public cochlear implant program in Brazil. Afterwards, explore which characteristics are related to better language results. Methods: We conducted a retrospective cohort study with children who underwent CI surgery at Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) between 2010 and 2020. Data on past medical history, sociodemographic, sociocultural aspects and verification of adherence to the program were collected through of interviews and review of medical records. The language development assessment was performed using the MUSS, MAIS and IT-MAIS scales. For the classification of language development we used as parameters the values (mean±SD) found in a previous national study. From those values, the Z score for each patient at each hearing age (time of experience with the CI) was calculated. Audiometry for evaluation of pure-tone average for patients who had no documented exams in the 24 months prior to evaluation was performed. Results: Of the 189 children implanted between 2010-2020, 129 were included in this study. Therefore, the rate of loss to follow-up in the program was 31.7%. The mean age at first CI surgery was 40.5 (±16.9) months, with 77.5% of patients having received a unilateral implant. Postoperative rehabilitation with consistent speech therapy was not performed by 26.4% of patients and 30% of appointments scheduled for cochlear implant programming were not performed. Regarding maternal education, 27.1% reached higher education and 7.8% of mothers reported a diagnosis of depression. Language results below the expected for hearing age (< Z score -1) for the MAIS score were found in 59.7% of the sample, while for the MUSS score the proportion was 62%. Factors such as reading habit, exposure to bilingualism and lower pure-tone average were identified as independent variables positively associated with language outcome for both Z-score MAIS and MUSS. Lower gestational age and greater exposure to screens were associated with worse outcomes for the MUSS Z-score alone, independently, while the presence of maternal depression was associated with worse outcomes for the MAIS Z-score. Conclusions: Patients profile is very similar in regard to SES and they have an elevated mean age at cochlear implantation. Engagement to postoperative treatment revealed flaws, such as a high rate of loss to follow-up and low attendance to speech and programming sessions and patients presented with poor receptive and expressive language performances.application/pdfporImplante coclearCriançaSurdezTranstornos do desenvolvimento da linguagemCochlear implantPrelingual deafnessLanguage development disordersDesenvolvimento de linguagem oral em crianças com surdez pré-lingual submetidos a implante coclearinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do AdolescentePorto Alegre, BR-RS2022mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001177548.pdf.txt001177548.pdf.txtExtracted Texttext/plain123455http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/266421/2/001177548.pdf.txtff22aa1555a30414d07b4926f5a528eaMD52ORIGINAL001177548.pdfTexto parcialapplication/pdf2050024http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/266421/1/001177548.pdfae81c7954f60df11198175be2bd41913MD5110183/2664212023-11-02 03:26:06.123962oai:www.lume.ufrgs.br:10183/266421Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-11-02T06:26:06Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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