Los homies ilustrados: violência, mídia e póscolonialidade no cenário das maras centro americanas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rosa, Fatima Sabrina da
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNISINOS (RBDU Repositório Digital da Biblioteca da Unisinos)
Texto Completo: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/9189
Resumo: Esta tese apresenta os resultados de uma investigação acerca do cenário que envolve as maras, agrupamentos juvenis envolvidos com a violência, cuja atuação transnacional tem lugar, sobretudo nos países do chamado Triângulo Norte Centro-Americano (TNCA), composto por El Salvador, Guatemala e Honduras, com atuação também no México e no Sul dos EUA. A Mara Salvatrucha 13 e a Barrio Dieciocho surgem nas periferias de Los Angeles, formadas por jovens emigrados, na sua maioria salvadorenhos, que se deparam com condições de vulnerabilidade, organizando-se em grupos para defender-se das demais gangues étnicas com quem disputam os subúrbios. Constituída desde os anos 1980, essa forma de sociabilidade atua praticando delitos como extorsão, roubos, sequestros e tráfico humano nas fronteiras. Além disso, vem demonstrando uma capacidade de adaptação e autorreprodução que parece proveniente das terríveis condições estruturais das regiões onde circulam, mas também de uma autorrepresentação que visa desviar-se de binarismos, apresentando algumas características do que Toro (1994) define como pós-colonialidade. À semelhança do que acontece com a chamada narcocultura, as produções audiovisuais em torno das maras têm emergido em uma relação de retro-alimentação com o imaginário acerca da violência que paira sobre as sociedades em que estão inseridas. Desse modo, esta tese constitui-se de uma investigação sobre o contexto que engloba as maras, suas relações sociais e a forma como as produções audiovisuais sobre as mesmas têm influenciado nessa dinâmica. Para tanto, foi utilizada uma abordagem transdisciplinar e transversal que tem como principal aporte uma discussão ancorada nas teorias da pós-colonialidade. Os procedimentos metodológicos consistiram em realizar a apreciação de produções audiovisuais, utilizando como suporte a análise de discurso, segundo Bardin (1977); a perspectiva de Jolli (1999) sobre a interpretação de imagens; a análise de performance, conforme Cohen (2002) e Gómez-Peña (2005); e o modelo de análise cinematográfica proposto por Zavala (2003). O corpus é composto por três tipos de materiais: artigos acadêmicos, relatórios de investigação e diagnósticos sobre o contexto social das maras, os quais aparecem diluídos na caracterização do objeto e como suporte para as demais análises; vídeos de entrevistas e reportagens sobre a atuação das maras; imagens e produções audiovisuais que envolvem ou citam essas, com especial atenção para a 4 película de ficção intitulada Sin Nombre (Cary Fukunaga, 2009), analisada em profundidade. O referencial teórico baseia-se fundamentalmente em autores vinculados ao pensamento pós-colonial e pós-moderno, quais sejam: Toro (1994), Castro-Gómez (2006), Bhabha (2013), Baudrillard (1990), Imbert (2010), entre outros. A análise empreendida resultou em uma discussão sobre a relação entre violência, imaginário e mídia em que as maras aparecem de forma ambivalente, sendo alvo de curiosidade e repúdio ao mesmo tempo, bem como na configuração de um cenário em que emergem elementos característicos da pós-modernidade e, principalmente da pós-colonialidade, que são discutidos em torno da noção de diferença. São eles: hiper-realidade, ambivalência, processo de hibridação, transculturalidade, translocalidade e globalidade referencial.