Avaliação da dor e do estresse em crianças hospitalizadas em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nátali Castro Antunes Caprini Oliveira
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.17.2019.tde-27052019-153142
Resumo: O presente estudo de corte transversal teve por objetivo avaliar a intensidade de dor aguda e o comportamento de estresse em crianças de um a sete anos de idade, hospitalizadas em unidade pediátrica de cuidados intensivos, e comparar grupos diferenciados, respectivamente por: tipo de doença (aguda vs. crônica), tipo de tratamento (cirúrgico vs. clínico), fase de desenvolvimento (1-3 anos vs. 4-7 anos) e sexo (meninos vs. meninas). O estudo teve como objetivo secundário comparar duas avaliações de dor e estresse realizadas durante dois procedimentos dolorosos em dias diferentes para verificar a reatividade comportamental das crianças durante a internação. A amostra do estudo foi composta por 44 crianças (59% de meninos) com idade entre um e sete anos (média = 38 meses; ± 23,2), que estavam internadas no Centro de Terapia Intensiva Pediátrico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Os motivos da internação referiam-se a tratamento pós-cirúrgico (n = 30; 68%) ou clínico (n = 12; 32%), havendo uma prevalência de pacientes com doenças crônicas (n = 25; 57%). Foram realizadas duas avaliações de dor aguda e de estresse comportamental (Avaliação 1 e Avaliação 2) no decorrer de procedimento doloroso envolvendo inserção de agulha (tipo punção para coleta de sangue). Para avaliação do indicador de intensidade de dor aguda foi aplicada a escala Face, Legs, Activity, Cry and Consolability (FLACC) e para avaliação do indicador de estresse comportamental foi utilizada a escala Observational Scale of Behavioral Distress (OBSD). O comportamento das crianças foi filmado durante os procedimentos, incluindo as fases de Linha de base, Procedural e de Recuperação, para posterior aplicação das escalas de dor e de estresse. Para obtenção dos indicadores da história dos procedimentos de dor e estresse do contexto foi aplicada a escala Neonatal Infant Stressor Scale (NISS), analisando-se os dados de prontuários médicos das crianças. No tratamento dos dados, foram realizadas análises estatísticas do tipo descritivo, de comparação intragrupo (testes de Wilcoxon e McNemar), ANOVA de medidas repetidas, de comparação entre grupos (teste de Mann-Whitney), de correlação entre duas variáveis numéricas (teste de Pearson) e de associação entre duas variáveis categóricas (teste do Qui-quadrado). Os dados foram analisados por meio do SPSS (versão 25.0, Chicago, Il, USA). O nível de significância de 5% (p <= 0,05) foi adotado em todos os testes do estudo. Os resultados mostraram que as crianças internadas na unidade de tratamento intensivo enfrentaram uma média de 17 eventos estressores por dia e de 47 eventos dolorosos durante a internação até o dia em que foram avaliadas. As crianças apresentaram intensidade de dor classificada como moderada nas duas avaliações (média = 5; ± 2,7 naAvaliação 1, e média = 6; ± 2,7 na Avaliação 2, na fase Procedural). Observou-se uma intensificação estatisticamente significativa da dor do primeiro para o segundo procedimento doloroso na fase Procedural (p = 0,03). Notou-se que na avaliação 2, os meninos apresentaram maior reatividade à dor na fase de Recuperação após o procedimento doloroso (p = 0,02), em comparação às meninas. Em relação ao estresse comportamental das crianças, houve também uma maior sensibilização das crianças para os comportamentos de estresse na segunda avaliação em comparação à primeira, especialmente na Linha de base (média = 3; ± 2,9 na Avaliação 1, e média = 5; ± 3,6 na Avaliação 2; p < 0,001). Na avaliação 1, as crianças que tinham doenças agudas, em comparação às crianças com doenças crônicas, apresentaram maior reatividade à dor e ao estresse nas fases Procedural (p = 0,02, na avaliação de dor, e p = 0,03, na avaliação de estresse) e de Recuperação (p = 0,04, nas avaliações de dor e estresse). Na avaliação 2, as crianças que foram submetidas a cirurgias apresentaram maior reatividade à dor e ao estresse na Linha de base (p = 0,02, na avaliação de dor, e p < 0,001, na avaliação de estresse) e na fase Procedural (p = 0,01, na avaliação de dor, e p < 0,001 na avaliação de estresse), em comparação às crianças que receberam tratamento clínico. Adicionalmente, encontrou-se associação significativa entre os indicadores de dor e estresse comportamental experimentados pelas crianças; quanto maior a intensidade de dor durante o procedimento de inserção de agulha, maior reação de estresse apresentado pelas crianças (r = 0,84; p < 0,001, na Avaliação 1, e r = 0,84; p < 0,001, na Avaliação 2). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de idade das crianças analisadas. Conclui-se que as crianças apresentaram altos níveis de exposição a eventos estressores no contexto de cuidados intensivos e níveis moderados de intensidade de dor e estresse comportamental. A reatividade à dor foi mais intensa nos pacientes cirúrgicos e com doenças agudas. Houve uma alta associação entre reatividade à dor e comportamentos de estresse, sendo que ambos se intensificaram durante o tratamento das crianças. Cuidados de manejo não farmacológico à dor aguda devem ser implementados como medida preventiva e de alívio de dor.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Avaliação da dor e do estresse em crianças hospitalizadas em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Pain and distress assessments in children hospitalized in the Pediatric Intensive Care Unit 2018-11-21Maria Beatriz Martins LinharesAna Paula de Carvalho Panzeri CarlottiCláudia Maria GaspardoMaria de Fatima Junqueira MarinhoNátali Castro Antunes Caprini OliveiraUniversidade de São PauloMedicina (Saúde Mental)USPBR Child development Cuidados intensivos Desenvolvimento infantil Distress Dor Estresse Intensive care Pain O presente estudo de corte transversal teve por objetivo avaliar a intensidade de dor aguda e o comportamento de estresse em crianças de um a sete anos de idade, hospitalizadas em unidade pediátrica de cuidados intensivos, e comparar grupos diferenciados, respectivamente por: tipo de doença (aguda vs. crônica), tipo de tratamento (cirúrgico vs. clínico), fase de desenvolvimento (1-3 anos vs. 4-7 anos) e sexo (meninos vs. meninas). O estudo teve como objetivo secundário comparar duas avaliações de dor e estresse realizadas durante dois procedimentos dolorosos em dias diferentes para verificar a reatividade comportamental das crianças durante a internação. A amostra do estudo foi composta por 44 crianças (59% de meninos) com idade entre um e sete anos (média = 38 meses; ± 23,2), que estavam internadas no Centro de Terapia Intensiva Pediátrico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Os motivos da internação referiam-se a tratamento pós-cirúrgico (n = 30; 68%) ou clínico (n = 12; 32%), havendo uma prevalência de pacientes com doenças crônicas (n = 25; 57%). Foram realizadas duas avaliações de dor aguda e de estresse comportamental (Avaliação 1 e Avaliação 2) no decorrer de procedimento doloroso envolvendo inserção de agulha (tipo punção para coleta de sangue). Para avaliação do indicador de intensidade de dor aguda foi aplicada a escala Face, Legs, Activity, Cry and Consolability (FLACC) e para avaliação do indicador de estresse comportamental foi utilizada a escala Observational Scale of Behavioral Distress (OBSD). O comportamento das crianças foi filmado durante os procedimentos, incluindo as fases de Linha de base, Procedural e de Recuperação, para posterior aplicação das escalas de dor e de estresse. Para obtenção dos indicadores da história dos procedimentos de dor e estresse do contexto foi aplicada a escala Neonatal Infant Stressor Scale (NISS), analisando-se os dados de prontuários médicos das crianças. No tratamento dos dados, foram realizadas análises estatísticas do tipo descritivo, de comparação intragrupo (testes de Wilcoxon e McNemar), ANOVA de medidas repetidas, de comparação entre grupos (teste de Mann-Whitney), de correlação entre duas variáveis numéricas (teste de Pearson) e de associação entre duas variáveis categóricas (teste do Qui-quadrado). Os dados foram analisados por meio do SPSS (versão 25.0, Chicago, Il, USA). O nível de significância de 5% (p <= 0,05) foi adotado em todos os testes do estudo. Os resultados mostraram que as crianças internadas na unidade de tratamento intensivo enfrentaram uma média de 17 eventos estressores por dia e de 47 eventos dolorosos durante a internação até o dia em que foram avaliadas. As crianças apresentaram intensidade de dor classificada como moderada nas duas avaliações (média = 5; ± 2,7 naAvaliação 1, e média = 6; ± 2,7 na Avaliação 2, na fase Procedural). Observou-se uma intensificação estatisticamente significativa da dor do primeiro para o segundo procedimento doloroso na fase Procedural (p = 0,03). Notou-se que na avaliação 2, os meninos apresentaram maior reatividade à dor na fase de Recuperação após o procedimento doloroso (p = 0,02), em comparação às meninas. Em relação ao estresse comportamental das crianças, houve também uma maior sensibilização das crianças para os comportamentos de estresse na segunda avaliação em comparação à primeira, especialmente na Linha de base (média = 3; ± 2,9 na Avaliação 1, e média = 5; ± 3,6 na Avaliação 2; p < 0,001). Na avaliação 1, as crianças que tinham doenças agudas, em comparação às crianças com doenças crônicas, apresentaram maior reatividade à dor e ao estresse nas fases Procedural (p = 0,02, na avaliação de dor, e p = 0,03, na avaliação de estresse) e de Recuperação (p = 0,04, nas avaliações de dor e estresse). Na avaliação 2, as crianças que foram submetidas a cirurgias apresentaram maior reatividade à dor e ao estresse na Linha de base (p = 0,02, na avaliação de dor, e p < 0,001, na avaliação de estresse) e na fase Procedural (p = 0,01, na avaliação de dor, e p < 0,001 na avaliação de estresse), em comparação às crianças que receberam tratamento clínico. Adicionalmente, encontrou-se associação significativa entre os indicadores de dor e estresse comportamental experimentados pelas crianças; quanto maior a intensidade de dor durante o procedimento de inserção de agulha, maior reação de estresse apresentado pelas crianças (r = 0,84; p < 0,001, na Avaliação 1, e r = 0,84; p < 0,001, na Avaliação 2). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de idade das crianças analisadas. Conclui-se que as crianças apresentaram altos níveis de exposição a eventos estressores no contexto de cuidados intensivos e níveis moderados de intensidade de dor e estresse comportamental. A reatividade à dor foi mais intensa nos pacientes cirúrgicos e com doenças agudas. Houve uma alta associação entre reatividade à dor e comportamentos de estresse, sendo que ambos se intensificaram durante o tratamento das crianças. Cuidados de manejo não farmacológico à dor aguda devem ser implementados como medida preventiva e de alívio de dor. The present cross-sectional study aimed to evaluate acute pain intensity and distress behavior in children aged one to seven years hospitalized in the Pediatric Intensive Care Unit (PICU), and to compare groups differentiated by: type of disease (acute vs. chronic), type of treatment (surgical vs. clinical), developmental phase (1-3 years vs. 4-7 years), and gender (boys vs. girls). The secondary objective of the study was to compare two pain and distress assessments performed during painful procedures on different days to verify the behavioral reactivity of the children during the hospitalization. The study sample consisted of 44 children (59% boys) aged between one and seven years (mean = 38 months ± 23), who were hospitalized at the PICU of the Hospital of Clinics, Ribeirão Preto Medical School, University of São Paulo. The reasons for hospitalization were post-surgical (n = 30; 68%) or clinical treatment (n = 12; 32%), with a prevalence of patients with chronic diseases (n = 25; 57%). Two evaluations of acute pain and behavioral distress (Assessment 1 and Assessment 2) were performed during painful procedure involving needle insertion (type of puncture for blood collection). The Face, Legs, Activity, Cry and Consolability (FLACC) scale was used to evaluate the acute pain intensity indicator and the Observational Scale of Behavioral Distress (OBSD) was used to evaluate the behavioral distress indicator. The behavior of the children was video recorded during the procedures, including the Baseline, Procedural, and Recovery phases for later scoring of the pain and distress scales. The Neonatal Infant Stressor Scale (NISS) was used to obtain the indicators of the history of the pain and stress events of the context, analyzing the medical records. In the treatment of the data, descriptive statistical data analyzes, within groups comparison (Wilcoxon and McNemar tests), repeated measures ANOVA, comparison between groups (Mann-Whitney test) and correlation analysis between two numerical variables (Pearson\'s test) and association of variables for two categorical variables (Chisquare test) were performed. Data were analyzed using SPSS (version 25.0, Chicago, Il, USA). The significance level of 5% (p <= 0.05) was adopted in all study tests. The results showed that the children hospitalized in the intensive care unit faced an average of 17 stressors per day and 47 painful events during hospitalization until the day they were evaluated. The children presented pain intensity classified as moderate in both evaluations (mean = 5 ± 2,7, in Assessment 1, and mean = 6 ± 2,7, in Assessment 2 in the Procedural phase). There was a statistical significant increase in pain from the first to the second painful procedure in the Procedural phase (p = 0.03). It was observed in the Assessment 2 that the boys presented greater reactivity to the pain in the Recovery phase of the procedure (p =0.02), compared to the girls. Regarding the behavioral distress of the children, there was also a greater sensitization of the children for distress in the second assessment compared to the first, especially in the Baseline (mean = 3 ± 2,9, in Assessment 1, and mean = 5 ± 3,6, in Assessment 2, p <0.001). In the Assessment 1, children who had acute diseases compared to children with chronic diseases showed greater reactivity to pain and distress in the Procedural phase (p = 0.02, in the pain assessment, and p = 0.03, in the distress assessment), and Recovery phase (p = 0.04, in pain and distress assessments). In the assessment 2, children who underwent surgeries presented greater reactivity to pain and distress in the Baseline (p = 0.02, in the pain assessment, and p <0.001, in the distress assessment) and in the Procedural phase (p = 0.01, in the pain assessment, and p <0.001 in the distress assessment), compared to the children who received clinical treatment. Additionally, a significant association was found between the indicators of pain and behavioral distress experienced by children; the higher the pain intensity during the needle insertion procedure, the higher the distress reactions presented by the children (r = 0.84, p <0.001, in Assessment 1, and r = 0.84, p <0.001, in Assessment 2). No statistically significant differences were found between the age groups of the children. In conclusion, children presented high levels of exposure to stressors in the context of intensive care and moderate levels of pain intensity and behavioral distress. The reactivity to pain was more intense in surgical patients and with acute diseases. There was a high association between reactivity to pain and distress behaviors, both of which intensify during the treatment of the children. Non-pharmacological management of acute pain should be implemented as a preventive and pain relief measure. https://doi.org/10.11606/T.17.2019.tde-27052019-153142info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T20:16:52Zoai:teses.usp.br:tde-27052019-153142Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:23:18.754416Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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Os motivos da internação referiam-se a tratamento pós-cirúrgico (n = 30; 68%) ou clínico (n = 12; 32%), havendo uma prevalência de pacientes com doenças crônicas (n = 25; 57%). Foram realizadas duas avaliações de dor aguda e de estresse comportamental (Avaliação 1 e Avaliação 2) no decorrer de procedimento doloroso envolvendo inserção de agulha (tipo punção para coleta de sangue). Para avaliação do indicador de intensidade de dor aguda foi aplicada a escala Face, Legs, Activity, Cry and Consolability (FLACC) e para avaliação do indicador de estresse comportamental foi utilizada a escala Observational Scale of Behavioral Distress (OBSD). O comportamento das crianças foi filmado durante os procedimentos, incluindo as fases de Linha de base, Procedural e de Recuperação, para posterior aplicação das escalas de dor e de estresse. Para obtenção dos indicadores da história dos procedimentos de dor e estresse do contexto foi aplicada a escala Neonatal Infant Stressor Scale (NISS), analisando-se os dados de prontuários médicos das crianças. No tratamento dos dados, foram realizadas análises estatísticas do tipo descritivo, de comparação intragrupo (testes de Wilcoxon e McNemar), ANOVA de medidas repetidas, de comparação entre grupos (teste de Mann-Whitney), de correlação entre duas variáveis numéricas (teste de Pearson) e de associação entre duas variáveis categóricas (teste do Qui-quadrado). Os dados foram analisados por meio do SPSS (versão 25.0, Chicago, Il, USA). O nível de significância de 5% (p <= 0,05) foi adotado em todos os testes do estudo. Os resultados mostraram que as crianças internadas na unidade de tratamento intensivo enfrentaram uma média de 17 eventos estressores por dia e de 47 eventos dolorosos durante a internação até o dia em que foram avaliadas. As crianças apresentaram intensidade de dor classificada como moderada nas duas avaliações (média = 5; ± 2,7 naAvaliação 1, e média = 6; ± 2,7 na Avaliação 2, na fase Procedural). Observou-se uma intensificação estatisticamente significativa da dor do primeiro para o segundo procedimento doloroso na fase Procedural (p = 0,03). Notou-se que na avaliação 2, os meninos apresentaram maior reatividade à dor na fase de Recuperação após o procedimento doloroso (p = 0,02), em comparação às meninas. Em relação ao estresse comportamental das crianças, houve também uma maior sensibilização das crianças para os comportamentos de estresse na segunda avaliação em comparação à primeira, especialmente na Linha de base (média = 3; ± 2,9 na Avaliação 1, e média = 5; ± 3,6 na Avaliação 2; p < 0,001). Na avaliação 1, as crianças que tinham doenças agudas, em comparação às crianças com doenças crônicas, apresentaram maior reatividade à dor e ao estresse nas fases Procedural (p = 0,02, na avaliação de dor, e p = 0,03, na avaliação de estresse) e de Recuperação (p = 0,04, nas avaliações de dor e estresse). Na avaliação 2, as crianças que foram submetidas a cirurgias apresentaram maior reatividade à dor e ao estresse na Linha de base (p = 0,02, na avaliação de dor, e p < 0,001, na avaliação de estresse) e na fase Procedural (p = 0,01, na avaliação de dor, e p < 0,001 na avaliação de estresse), em comparação às crianças que receberam tratamento clínico. Adicionalmente, encontrou-se associação significativa entre os indicadores de dor e estresse comportamental experimentados pelas crianças; quanto maior a intensidade de dor durante o procedimento de inserção de agulha, maior reação de estresse apresentado pelas crianças (r = 0,84; p < 0,001, na Avaliação 1, e r = 0,84; p < 0,001, na Avaliação 2). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de idade das crianças analisadas. Conclui-se que as crianças apresentaram altos níveis de exposição a eventos estressores no contexto de cuidados intensivos e níveis moderados de intensidade de dor e estresse comportamental. A reatividade à dor foi mais intensa nos pacientes cirúrgicos e com doenças agudas. Houve uma alta associação entre reatividade à dor e comportamentos de estresse, sendo que ambos se intensificaram durante o tratamento das crianças. 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