Formação inicial em educação física: análises de uma construção curricular

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Wilson Alviano Junior
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.48.2011.tde-04082011-134313
Resumo: Os anos 1990 assistem uma expansão das IES privadas que cada vez mais atraem grandes contingentes em uma busca legítima por melhores condições de trabalho. Em 1980 as IES privadas brasileiras contavam com 49.451 docentes em seus quadros e as IES públicas com 60.037; em 2004 as IES privadas contabilizaram 185.258 docentes contra 93.800, ou seja, um crescimento superior a 270%. Em 1998 a participação das IES privadas no Brasil beira os 80%. O aumento desenfreado vem precarizando as condições de trabalho docente. Neste contexto, verificamos que os cursos de Licenciatura em Educação Física ligados às IES privadas são responsáveis pela formação da absoluta maioria dos professores do componente. Segundo dados oficiais, na região denominada Grande São Paulo a oferta na rede privada é superior a 5000, enquanto a rede pública oferece apenas 50 vagas. A presente investigação analisou o processo de elaboração de um currículo de formação inicial de professores de uma IES privada situada nessa região, com o objetivo de mapear os diversos olhares sobre sua elaboração, entender as relações de poder estabelecidas durante este processo, bem como as identidades colocadas em jogo exaltadas, admitidas ou excluídas, a partir dos mecanismos de construção curricular. O estudo também procurou elucidar qual identidade de professor de Educação Física foi mobilizada pelos membros do colegiado responsável pelo processo. Seguindo as recomendações de Kincheloe e Berry (2007), a bricolagem foi adotada como forma de realizar a pesquisa. Os participantes do colegiado do curso foram entrevistados a partir da interpretação do posicionamento inicial do coordenador e o material resultante foi submetido ao entretecimento e ao confronto com a teorização educacional pós-crítica. Com base nos Estudos Culturais, o currículo é considerado como um artefato elaborado em circunstâncias singulares, construído e construtor de discursos, linguagem e processos de subjetivação. Sendo o currículo um campo de lutas, visualizamos o projeto pedagógico final como produto de um debate que objetivou a legitimação das concepções em jogo. Concepções de ser humano, de sociedade, de escola, de professor, de aluno, de docência, de educação e de Educação Física. O estudo realizado possibilitou compreender que a ideia de trabalho coletivo que permeou a construção curricular, ao sofrer um estranhamento durante a pesquisa, mostrou-se frágil e destituída de um caráter democrático, visto que as preocupações personalistas de pequenos grupos fizeram valer sua condição de poder enquanto as perspectivas dos setores fundamentais da sociedade como os professores em atuação na Educação Básica e os próprios estudantes de Educação Física não tiveram suas vozes ouvidas nesta construção.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Formação inicial em educação física: análises de uma construção curricular Initial training in physical education: a curricular construction analyses. 2011-03-18Marcos Garcia NeiraOsvaldo Luiz FerrazDagmar Aparecida Cynthia Franca HungerVilma Leni Nista PiccoloSamuel de Souza NetoWilson Alviano JuniorUniversidade de São PauloEducaçãoUSPBR currículo curriculum educação física formação de professores formation of teachers physical education Os anos 1990 assistem uma expansão das IES privadas que cada vez mais atraem grandes contingentes em uma busca legítima por melhores condições de trabalho. Em 1980 as IES privadas brasileiras contavam com 49.451 docentes em seus quadros e as IES públicas com 60.037; em 2004 as IES privadas contabilizaram 185.258 docentes contra 93.800, ou seja, um crescimento superior a 270%. Em 1998 a participação das IES privadas no Brasil beira os 80%. O aumento desenfreado vem precarizando as condições de trabalho docente. Neste contexto, verificamos que os cursos de Licenciatura em Educação Física ligados às IES privadas são responsáveis pela formação da absoluta maioria dos professores do componente. Segundo dados oficiais, na região denominada Grande São Paulo a oferta na rede privada é superior a 5000, enquanto a rede pública oferece apenas 50 vagas. A presente investigação analisou o processo de elaboração de um currículo de formação inicial de professores de uma IES privada situada nessa região, com o objetivo de mapear os diversos olhares sobre sua elaboração, entender as relações de poder estabelecidas durante este processo, bem como as identidades colocadas em jogo exaltadas, admitidas ou excluídas, a partir dos mecanismos de construção curricular. O estudo também procurou elucidar qual identidade de professor de Educação Física foi mobilizada pelos membros do colegiado responsável pelo processo. Seguindo as recomendações de Kincheloe e Berry (2007), a bricolagem foi adotada como forma de realizar a pesquisa. Os participantes do colegiado do curso foram entrevistados a partir da interpretação do posicionamento inicial do coordenador e o material resultante foi submetido ao entretecimento e ao confronto com a teorização educacional pós-crítica. Com base nos Estudos Culturais, o currículo é considerado como um artefato elaborado em circunstâncias singulares, construído e construtor de discursos, linguagem e processos de subjetivação. Sendo o currículo um campo de lutas, visualizamos o projeto pedagógico final como produto de um debate que objetivou a legitimação das concepções em jogo. Concepções de ser humano, de sociedade, de escola, de professor, de aluno, de docência, de educação e de Educação Física. O estudo realizado possibilitou compreender que a ideia de trabalho coletivo que permeou a construção curricular, ao sofrer um estranhamento durante a pesquisa, mostrou-se frágil e destituída de um caráter democrático, visto que as preocupações personalistas de pequenos grupos fizeram valer sua condição de poder enquanto as perspectivas dos setores fundamentais da sociedade como os professores em atuação na Educação Básica e os próprios estudantes de Educação Física não tiveram suas vozes ouvidas nesta construção. The 1990s watched a growth of the private Educational Superior Institutions (ESI) which have been attracting more and more larger groups in a real search for better working conditions. In 1980 the Brazilian private ESI had 49.451 docents in their working facilities and the public ESI has 60.037; in 2004 the private ESI had 185.258 docents against 93.800; therefore, an increase larger than 270%. In 1998 the participation of the private ESI in Brazil was about 80%. The conditions of the docents job have been worsening due to this uncontrolled increase. In this context, we verify that the courses of licentiate in Physical Education linked to the private ESI are responsible for the formation of the great majority of the teachers of this component. According to official data, in the Greater Sao Paulo area the offer in the private sector is greater than 5000, while the public sector offers only 50 openings. The current investigation analyzed the process of elaboration of a curriculum of initial formation of teachers in a private ESI situated in this location, with the objective of mapping the several points of views about the elaboration, of understanding the relationships of power established during this process, as well as identities placed in stake exalted, admitted or excluded according to the mechanisms of curriculum construction. The study also attempted to elucidate which of the identities of the teacher was mobilized by the members of the collegiate responsible for the process. Following the recommendations of Kincheloe and Berry (2007), the bricolage was adopted as the form to perform the research. The participants of the collegiate of the course were interviewed from the interpretation of the initial positioning of the coordinator and the resultant material was submitted to the intertwining and the confrontation with the post critical educational theorization. Based on the Cultural Studies, the curriculum is considered as an artifact elaborated in unique circumstances, constructed and constructor of speeches, language and processes of subjectification. As the curriculum is a field of fight, we visualize the final pedagogical project as a product of a debate that had the objective of legitimation of the conception at stake. Conceptions of being human, of society, of school, of teacher, of student, of docency, of education and of Physical Education. The research performed made it possible to comprehend that the idea of collective work that permeated the curricular construction, while suffering an awkwardness during the research, demonstrated itself fragile and displaced of a democratic character, considering personal concerns from small groups overpowered their privileged condition once the perspectives of the fundamental sectors of society such as the teacher working in the Basic Education and the students themselves of Physical Education, didnt voice in this construction. https://doi.org/10.11606/T.48.2011.tde-04082011-134313info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:12:10Zoai:teses.usp.br:tde-04082011-134313Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:07:11.257467Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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