O risco na escolha de cultivares de milho

• Autor(a) principal: Lister Manuel Corvalan Latapia
• Data de Publicação: 1987
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.11.1987.tde-20231122-100539

A agricultura está sujeita, em todo seu processo produtivo, a uma ampla possibilidade de fenômenos não controláveis, originando riscos e incertezas que influenciam o comportamento dos agricultores frente a uma decisão. O fator risco poderia atuar, assim, como impedimento ao processo de adoção de novas tecnologias por parte dos agricultores, os quais frequentemente encaram as alternativas tecnológicas provenientes de trabalhos experimentais como as mais arriscadas. O presente trabalho teve corno objetivo: 1. Classificar as variedades de milho híbrido dos experimentos de pesquisa quanto ao grau de risco dos rendimentos (produção/ha), segundo o método de dominância estocástica (DE). 2. Verificar se o critério de escolha de cultivares de milho usadas pelos agricultores obedece ao princípio de DE. 3. Simular o efeito de um programa de seguro agrícola com base no critério de DE, sobre os valores dos prêmios de seguro e adoção de determinadas tecnologias. O método de análise de dominância estocástica foi aplicado às informações de rendimento das variedades de milho dos: a) Ensaios Nacionais de Milho no período compreendido entre 1980/81 e 1985/86 para as localidades de Ribeirão Preto e Campinas do estado de são Paulo e Uberaba e Viçosa do estado de Minas Gerais; b) Ensaios Regionais de Milho no período 1974/75 a 1984/85 na localidade de Chapecó, do estado de Santa Catarina. As informações sobre as preferências dos agricultores por determinadas variedades de milho foram obtidas da comercialização de sementes pela Cooperativa Regional Alfa Ltda. de Chapecó, S.C., Federação Meridional de Cooperativas Agropecuárias Ltda. e Companhia Agrícola de Minas Gerais de Ouro Fino, M.G. e pela Cooperativa de Laticínios e Agrícola de Batatais Ltda., S.P. A estrutura dos Custos de Produção de milho utilizada para a simulação de uma política agrícola foi a estimada pelo Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina. Dos resultado obtidos na presente pesquisa, pode-se dizer que o critério de dominância estocástica teve desempenho bom no processo de seleção de cultivares de milho. O método apresenta facilidade operacional, não exigências de premissas de normalidade da distribuição dos rendimentos e não requer pressuposições mais restritas sobre as funções de preferência dos agricultores. Diante disso, sugere-se que o método seja utilizado em conjunto pelas distintas instituições de avaliação, seleção, extensão e de produção de sementes com a finalidade de difundir e oferecer no mercado somente variedades estocasticamente eficientes. Elas mostram, em geral, um rendimento médio esperado maior que as estocasticamente ineficientes, possibilitando, assim, aumentos na produtividade dos cultivos a curto prazo. Não foi possível inferir tendências das preferências dos agricultores por determinado conjunto estocasticamente eficiente ou ineficiente porque não foi possível conseguir dados de séries de comercialização de sementes. Somente logrou-se deduzir que os agricultores em geral desconhecem as características dos rendimentos das novas variedades de milho. Neste sentido os organismos de extensão têm uma grande responsabilidade na explicação das características do comportamento das variedades, frente aos diversos ambientes de modo a influir nos juízos subjetivos dos agricultores. A simulação de um programa de seguro agrícola baseado no critério de dominância estocástica para a seleção de variedades, revelou que as variedades dominantes possuem uma maior probabilidade de obter rendimentos que asseguram 80%, 100% e 120% dos custos operacionais, bem como apresentam menores valores dos prêmios de riscos que as estocasticamente ineficientes. Neste sentido, um programa de seguro múltiplo baseado neste critério de seleção de alternativas levaria à adoção de variedades dominantes com menores valores dos prêmios dos seguros e com a vantagem de oferecer maiores valores esperados nos rendimentos.