Mercado de trabalho invisível : a articulação entre o trabalho no mercado informal, o emprego e o desemprego na trajetória de trabalhadores

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Katia Ackermann
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.47.2007.tde-17012008-144510
Resumo: Esta pesquisa teve como ponto de partida o reconhecimento da existência de parcelas da população que sempre tiveram que recorrer ao mercado informal de trabalho para garantir sua sobrevivência. No Brasil, o emprego nunca foi pleno, diferentemente da Europa, onde houve, de fato, a construção de um Estado de bem-estar social. A partir da década de 1980, a reestruturação produtiva e a intensificação liberal provocaram não somente a diminuição de postos de trabalho formais, mas também crescente flexibilização das relações de trabalho e degradação das condições de trabalho. Desde então, um número cada vez maior de trabalhadores não consegue encontrar uma vaga no mercado formal de trabalho e, assim, acessar os direitos do trabalho. Este estudo teve como objetivo compreender como os trabalhadores articulam o trabalho, o emprego e o desemprego nas suas trajetórias de trabalho. As questões que se pretendeu responder foram: como as pessoas \"se viram\" diante da impossibilidade de ter acesso à proteção social garantida pelo vínculo empregatício? Que valores orientam essas trajetórias? Que lugar o emprego, enquanto símbolo e garantia de acesso aos direitos sociais, e o trabalho no mercado informal assumem na vida desses trabalhadores? Quais vantagens e desvantagens são atribuídas ao emprego e ao trabalho no mercado informal? Qual é o papel desempenhado pela rede de sociabilidade nas trajetórias de trabalho dos entrevistados? Para tanto, foram analisadas individualmente as trajetórias de sete trabalhadores de classes pobres que realizam atividades no mercado informal. As trajetórias de trabalho analisadas nesta pesquisa demonstram a complexidade e a diversidade da questão do trabalho no mercado informal. São muitas as articulações possíveis entre o emprego e o trabalho no mercado informal nos percursos dos trabalhadores. Também são muitos os arranjos encontrados para gerar renda e garantir a própria sobrevivência e a de suas famílias. Pudemos, neste trabalho, testemunhar a grande flexibilidade e inventividade com que as pessoas de classes pobres conseguem transformar as mais diversas situações em oportunidade de geração de renda, o que revela que os trabalhadores encontram formas de superar as situações de dificuldade que experimentam. As redes de sociabilidade, a dádiva e os valores da ética do trabalho e/ ou da ética do provedor constituíram-se em elementos fundamentais em nossas análises. Esses elementos aparecem de diferentes maneiras nas trajetórias de trabalho e as combinações entre eles produzem não apenas diversificadas articulações entre o trabalho no mercado informal e o emprego, mas também distintas compreensões a respeito desses conceitos por parte dos entrevistados. As narrativas dos trabalhadores mostraram que o trabalho inicialmente denominado precário e o emprego possuem outras dimensões além daquelas que usualmente os acompanham. As vantagens e desvantagens percebidas em cada uma dessas modalidades de inserção no mercado de trabalho denotaram que o trabalho no mercado informal não é percebido e vivido apenas como precariedade (trabalho precário) e também o emprego não apareceu apenas como vínculo seguro e desejável.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis Mercado de trabalho invisível : a articulação entre o trabalho no mercado informal, o emprego e o desemprego na trajetória de trabalhadores Invisible work market : the articulation between work in informal market, employment and unemployment in workers\' trajectories 2007-07-30Leny SatoMarcelo Afonso RibeiroRosemeire Aparecida ScopinhoKatia AckermannUniversidade de São PauloPsicologia SocialUSPBR industrial psychology informal work labour psicologia organizacional psicologia social redes sociais social networks social psychology trabalho trabalho informal Esta pesquisa teve como ponto de partida o reconhecimento da existência de parcelas da população que sempre tiveram que recorrer ao mercado informal de trabalho para garantir sua sobrevivência. No Brasil, o emprego nunca foi pleno, diferentemente da Europa, onde houve, de fato, a construção de um Estado de bem-estar social. A partir da década de 1980, a reestruturação produtiva e a intensificação liberal provocaram não somente a diminuição de postos de trabalho formais, mas também crescente flexibilização das relações de trabalho e degradação das condições de trabalho. Desde então, um número cada vez maior de trabalhadores não consegue encontrar uma vaga no mercado formal de trabalho e, assim, acessar os direitos do trabalho. Este estudo teve como objetivo compreender como os trabalhadores articulam o trabalho, o emprego e o desemprego nas suas trajetórias de trabalho. As questões que se pretendeu responder foram: como as pessoas \"se viram\" diante da impossibilidade de ter acesso à proteção social garantida pelo vínculo empregatício? Que valores orientam essas trajetórias? Que lugar o emprego, enquanto símbolo e garantia de acesso aos direitos sociais, e o trabalho no mercado informal assumem na vida desses trabalhadores? Quais vantagens e desvantagens são atribuídas ao emprego e ao trabalho no mercado informal? Qual é o papel desempenhado pela rede de sociabilidade nas trajetórias de trabalho dos entrevistados? Para tanto, foram analisadas individualmente as trajetórias de sete trabalhadores de classes pobres que realizam atividades no mercado informal. As trajetórias de trabalho analisadas nesta pesquisa demonstram a complexidade e a diversidade da questão do trabalho no mercado informal. São muitas as articulações possíveis entre o emprego e o trabalho no mercado informal nos percursos dos trabalhadores. Também são muitos os arranjos encontrados para gerar renda e garantir a própria sobrevivência e a de suas famílias. Pudemos, neste trabalho, testemunhar a grande flexibilidade e inventividade com que as pessoas de classes pobres conseguem transformar as mais diversas situações em oportunidade de geração de renda, o que revela que os trabalhadores encontram formas de superar as situações de dificuldade que experimentam. As redes de sociabilidade, a dádiva e os valores da ética do trabalho e/ ou da ética do provedor constituíram-se em elementos fundamentais em nossas análises. Esses elementos aparecem de diferentes maneiras nas trajetórias de trabalho e as combinações entre eles produzem não apenas diversificadas articulações entre o trabalho no mercado informal e o emprego, mas também distintas compreensões a respeito desses conceitos por parte dos entrevistados. As narrativas dos trabalhadores mostraram que o trabalho inicialmente denominado precário e o emprego possuem outras dimensões além daquelas que usualmente os acompanham. As vantagens e desvantagens percebidas em cada uma dessas modalidades de inserção no mercado de trabalho denotaram que o trabalho no mercado informal não é percebido e vivido apenas como precariedade (trabalho precário) e também o emprego não apareceu apenas como vínculo seguro e desejável. This research was started by recognizing the existence of parts of the population who always had to turn to the informal work market in order to survive. In Brazil, employment never reached the whole population, unlike Europe, where there was in fact the constitution of welfare states. Since the 1980s, the productive restructuring, along with the intensification of the liberal economy, resulted not only in the reduction of the number of formal jobs available, but also in the increasing of the flexibility of work relations and the debasing of working conditions. Since then, a greater amount of workers cannot find jobs in the formal work market, becoming obstructed to access work rights. This study\'s goal was to understand how workers articulate work, employment and unemployment in their work trajectories. The questions intended to answer were: how do workers \"make do\" with the impossibility of having access to social protections that are guaranteed by the employment? Which values guide these work trajectories? How does employment, as a symbol and guarantee of the access to social rights, take place in these workers lives? And how does the work in the informal market take place in their lives? Which advantages and disadvantages are attributed to formal employment and to informal work market? What is the importance of the social networks in these work trajectories? In order to answer these questions, the trajectories of seven working class people, somehow involved in the informal work market, were analyzed. The work trajectories analyzed in this research show the complexity and the diversity present in the informal work market issue. There are many possible articulations between employment and informal work market in these trajectories. There are also many possible life sets to earn any income and guarantee their own surviving, as well as their families\'. It was possible, in this research, to witness the great inventivity and flexibility these workers have to transform several and different situations in opportunities to earn income. This fact reveals that workers find their ways to overcome the difficulties experienced. The social networks, the gift, the values related to the (protestant) work ethic and to the provider ethic were extremely important elements in our analysis. These elements appear in different ways in their work trajectories. The combinations between them result not only in diverse articulations between the informal work market and employment, but also in different comprehensions of the workers about these concepts. The narratives of the workers showed that the work initially called precarious and employment have other dimensions beyond those that usually go along with them. The advantages and disadvantages perceived in each of these types of insertion in the work market showed that work in the informal market is not experienced as precarious exclusively; furthermore, employment did not arrear only as a wished and safe situation. https://doi.org/10.11606/D.47.2007.tde-17012008-144510info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:09:44Zoai:teses.usp.br:tde-17012008-144510Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:46:46.849382Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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