Restrições aspectuais à distribuição do advérbio baixo ‘muito’
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Publication Date: | 2018 |
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Language: | por |
Source: | Cadernos de Estudos Linguísticos |
Download full: | https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8649885 |
Summary: | Embora a posição de ‘muito’ (PB) em SVs (sintagmas verbais) seja invariável, há restrições ao licenciamento ‘muito’, ainda pouco descritas na literatura, que levantam uma questão ainda sem resposta: por que motivo sua inserção em diversas sentenças gera agramaticalidade (*‘Finalmente encontrei muito a chave que eu tanto procurava’, *‘O bebê de Maria nasceu muito hoje’, *Ronaldo marcou muito um gol nessa partida’ etc.)? Neste artigo, argumentando que os casos em que ‘muito’ não é licenciado não são passíveis de explicação sintática. Propomos uma condição semântica para o licenciamento de ‘muito’, com base em Doetjes (2008), que trata ‘muito’ como uma expressão do tipo C, que não faz seleção categorial. Defendemos que ‘muito’ faz seleção semântica: seleciona expressões graduáveis (cf. Kennedy & McNally 2005 para very - inglês). Mais especificamente, ‘muito’ seleciona grau não-máximo em uma dimensão licenciada pelo verbo. Mostraremos que sentenças não são bem formadas com ‘muito’ modificador de SV se o predicado verbal não tem graus, e que a interpretação das bem formadas é sempre de grau não-máximo: sentenças com ‘muito’ no SV não podem descrever um episódio único completo, se a dimensão em que ocorre a marcação de grau for a progressão para a culminância. A leitura de iteratividade, típica de ‘muito’ em SV, é uma leitura de continuidade indefinida: não se pode aferir o número máximo de ocorrências daquele evento durante o intervalo temporal considerado, o que equivale a uma soma vaga, não-máxima. Defenderemos que ‘muito’ produz sempre escalas não máximas: em dimensões aspectuais, isso equivale a atelicidade ou a imperfectividade. Tratamos ‘muito’ como uma m-word, consoante a proposta de Rett (2008) para many e much (inglês). |
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Restrições aspectuais à distribuição do advérbio baixo ‘muito’‘muito’advérbios baixosmodificadores de grauaspecto verbala influência do aspecto na modificação de sintagmas verbaisEmbora a posição de ‘muito’ (PB) em SVs (sintagmas verbais) seja invariável, há restrições ao licenciamento ‘muito’, ainda pouco descritas na literatura, que levantam uma questão ainda sem resposta: por que motivo sua inserção em diversas sentenças gera agramaticalidade (*‘Finalmente encontrei muito a chave que eu tanto procurava’, *‘O bebê de Maria nasceu muito hoje’, *Ronaldo marcou muito um gol nessa partida’ etc.)? Neste artigo, argumentando que os casos em que ‘muito’ não é licenciado não são passíveis de explicação sintática. Propomos uma condição semântica para o licenciamento de ‘muito’, com base em Doetjes (2008), que trata ‘muito’ como uma expressão do tipo C, que não faz seleção categorial. Defendemos que ‘muito’ faz seleção semântica: seleciona expressões graduáveis (cf. Kennedy & McNally 2005 para very - inglês). Mais especificamente, ‘muito’ seleciona grau não-máximo em uma dimensão licenciada pelo verbo. Mostraremos que sentenças não são bem formadas com ‘muito’ modificador de SV se o predicado verbal não tem graus, e que a interpretação das bem formadas é sempre de grau não-máximo: sentenças com ‘muito’ no SV não podem descrever um episódio único completo, se a dimensão em que ocorre a marcação de grau for a progressão para a culminância. A leitura de iteratividade, típica de ‘muito’ em SV, é uma leitura de continuidade indefinida: não se pode aferir o número máximo de ocorrências daquele evento durante o intervalo temporal considerado, o que equivale a uma soma vaga, não-máxima. Defenderemos que ‘muito’ produz sempre escalas não máximas: em dimensões aspectuais, isso equivale a atelicidade ou a imperfectividade. Tratamos ‘muito’ como uma m-word, consoante a proposta de Rett (2008) para many e much (inglês).Universidade Estadual de Campinas2018-04-06info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionAvaliado pelos parespesquisa teórica e com intuição linguísticaapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/864988510.20396/cel.v60i1.8649885Cadernos de Estudos Linguísticos; v. 60 n. 1 (2018): Estudos formais sobre as categorias de tempo, modo e aspecto; 198-221Cadernos de Estudos Linguísticos; Vol. 60 No. 1 (2018): Estudos formais sobre as categorias de tempo, modo e aspecto; 198-221Cadernos de Estudos Linguísticos; Vol. 60 Núm. 1 (2018): Estudos formais sobre as categorias de tempo, modo e aspecto; 198-2212447-0686reponame:Cadernos de Estudos Linguísticosinstname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPporhttps://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8649885/17874https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8649885/20110https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8649885/20111Copyright (c) 2018 Cadernos de Estudos Linguísticosinfo:eu-repo/semantics/openAccessGomes, Ana Paula Quadros2018-08-31T09:56:11Zoai:ojs.periodicos.sbu.unicamp.br:article/8649885Revistahttp://revistas.iel.unicamp.br/index.php/cel/PUBhttp://revistas.iel.unicamp.br/index.php/cel/oaispublic@iel.unicamp.br||revistacel@iel.unicamp.br2447-06860102-5767opendoar:2022-11-08T14:23:55.715779Cadernos de Estudos Linguísticos - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false |
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