BARTOLOMÉ DE LAS CASAS, ROGER WILLIAMS E O PROBLEMA DA IDOLATRIA NOS SÉCULOS XVI E XVII

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BARBOSA , ADRIEL MOREIRA
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Metodista
Texto Completo: http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/2081
Resumo: Esta pesquisa investiga uma possível relação entre as críticas de Bartolomé de las Casas e Roger Williams ao sistema colonial de suas respectivas nações, mas com um foco específico, que é a crítica à idolatria ao ouro e à terra. Ela explora a possibilidade de ambas terem sido dirigidas às transformações sociais decorrentes do incremento da economia mercantil, i.e., a possibilidade de a crítica de Bartolomé de las Casas à ambição dos conquistadores e a de Roger Williams ao avanço colonial novo-inglês sobre as terras pertencentes aos nativos americanos indicar que o conceito de idolatria teria sido usado de forma específica, como instrumento de crítica a certos aspectos da emergente economia mercantil. Assumo a hipótese de que certos fenômenos relacionados à expansão da economia de mercado tornavam as mudanças na ordem social mais intensas e agressivas à época desses personagens, confrontando uma tradição de longa duração sobre as questões econômicas, para as quais o melhor instrumento de crítica teria sido o conceito teológico de idolatria. Suas críticas estariam se orientando pelo deslocamento de sentido dos atos individuais e coletivos, devido à inversão de valores que se gestava na sociedade de seu tempo, o que tornava o comportamento humano guiado por motivações de natureza interesseira cada vez mais aceito. O objetivo é identificar nas obras de Bartolomé de las Casas e Roger Williams sua crítica à idolatria do ouro e da terra e determinar sua possível relação com as transformações decorrentes da influência da emergente economia de mercado. Para isso, são necessários quatro passos: (1) reconstruir o universo sociocultural e econômico dos séculos XVI e XVII, em relação à emergente economia de mercado, entendida nesta análise como um fenômeno de longa duração que, acompanhando as contribuições de Jacques Le Goff, Paul Hugon, Henri Pirenne, Marcel Mazoyer e Laurence Roudart, demonstram ter se intensificado no período mercantilista; (2) apresentar a crítica de Bartolomé de Las Casas à cobiça pelo ouro dos conquistadores e colonizadores na América espanhola, pela perspectiva de relação dessa crítica com o sistema de encomiendas; (3) apresentar a crítica de Roger Williams à cobiça pela terra dos colonos da Nova Inglaterra, considerando sua relação com o debate sobre a legitimidade do sistema de cartas-patentes (charters) e do argumento legal do vacuum domicilium; (4) analisar comparativamente a crítica à idolatria de Bartolomé de Las Casas e Roger Williams a partir da compreensão da potencialidade do conceito teológico de idolatria para a crítica das questões econômicas, mediante a compreensão do uso desse conceito como forma de denúncia de fetichismo e da oposição entre os ídolos que oprimem e o Deus que liberta, da teologia latino-americana, representada por Pablo Richard. Tal oposição seria claramente explicitada nos conflitos Javé-Ball (no Antigo Testamento) e Javé-Mamon (no Novo Testamento), que, por sua vez, estão relacionados e apontam para uma disputa política calcada na terra e no dinheiro.
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Ela explora a possibilidade de ambas terem sido dirigidas às transformações sociais decorrentes do incremento da economia mercantil, i.e., a possibilidade de a crítica de Bartolomé de las Casas à ambição dos conquistadores e a de Roger Williams ao avanço colonial novo-inglês sobre as terras pertencentes aos nativos americanos indicar que o conceito de idolatria teria sido usado de forma específica, como instrumento de crítica a certos aspectos da emergente economia mercantil. Assumo a hipótese de que certos fenômenos relacionados à expansão da economia de mercado tornavam as mudanças na ordem social mais intensas e agressivas à época desses personagens, confrontando uma tradição de longa duração sobre as questões econômicas, para as quais o melhor instrumento de crítica teria sido o conceito teológico de idolatria. Suas críticas estariam se orientando pelo deslocamento de sentido dos atos individuais e coletivos, devido à inversão de valores que se gestava na sociedade de seu tempo, o que tornava o comportamento humano guiado por motivações de natureza interesseira cada vez mais aceito. O objetivo é identificar nas obras de Bartolomé de las Casas e Roger Williams sua crítica à idolatria do ouro e da terra e determinar sua possível relação com as transformações decorrentes da influência da emergente economia de mercado. Para isso, são necessários quatro passos: (1) reconstruir o universo sociocultural e econômico dos séculos XVI e XVII, em relação à emergente economia de mercado, entendida nesta análise como um fenômeno de longa duração que, acompanhando as contribuições de Jacques Le Goff, Paul Hugon, Henri Pirenne, Marcel Mazoyer e Laurence Roudart, demonstram ter se intensificado no período mercantilista; (2) apresentar a crítica de Bartolomé de Las Casas à cobiça pelo ouro dos conquistadores e colonizadores na América espanhola, pela perspectiva de relação dessa crítica com o sistema de encomiendas; (3) apresentar a crítica de Roger Williams à cobiça pela terra dos colonos da Nova Inglaterra, considerando sua relação com o debate sobre a legitimidade do sistema de cartas-patentes (charters) e do argumento legal do vacuum domicilium; (4) analisar comparativamente a crítica à idolatria de Bartolomé de Las Casas e Roger Williams a partir da compreensão da potencialidade do conceito teológico de idolatria para a crítica das questões econômicas, mediante a compreensão do uso desse conceito como forma de denúncia de fetichismo e da oposição entre os ídolos que oprimem e o Deus que liberta, da teologia latino-americana, representada por Pablo Richard. Tal oposição seria claramente explicitada nos conflitos Javé-Ball (no Antigo Testamento) e Javé-Mamon (no Novo Testamento), que, por sua vez, estão relacionados e apontam para uma disputa política calcada na terra e no dinheiro.This research investigates a possible relationship between the criticisms of Bartolomé de las Casas and Roger Williams to the colonial system of their respective nations, but with a specific focus, which is the criticism of the idolatry of gold and land It explores the possibility that both have addressed the social changes resulting from the increase in the mercantile economy, i. e., the possibility that Bartolomé de las Casas 'criticism of the conquerors' ambition and that of Roger Williams to the New Englander colonial advance on lands belonging to Native Americans indicate that the concept of idolatry would have been used specifically, as an instrument of criticism of a certain aspects of the emerging market economy. The hypothesis is that certain phenomena related to the expansion of the market economy made the changes in the social order more intense and aggressive at the time of these characters, confronting a long-standing tradition on economic issues, for which the best instrument of criticism would be the theological concept of idolatry. His criticisms would be guided by the progressive displacement of meaning of individual and collective acts, closely related to the inversion of values that was engendered in the society of his time, which made human behavior guided by motivations of an interest nature increasingly accepted. The objective is to identify in the works of Bartolomé de las Casas and Roger Williams their criticism of the idolatry of gold and the land and to determine its possible relationship with the transformations resulting from the influence of the emerging market economy. For this, four steps are necessary: (1) reconstruct the socio-cultural and economic universe of the 16th and 17th centuries, in relation to the emerging market economy, understood in this analysis as a long duration (longue durée) phenomenon, which, following the contributions of Jacques Le Goff, Paul Hugon, Henri Pirenne, Marcel Mazoyer and Laurence Roudart, show to have intensified during the mercantilist period; (2) to present Bartolomé de Las Casas' criticism to the greed for the gold of the conquerors and colonizers in Spanish America, from the perspective of the relationship of that critical with the encomiendas system; (3) to present Roger Williams' criticism of the greed for the land of the New England colonists, considering its relation to the debate about the legitimacy of the Charter system and the legal argument of the vacuum domicilium; (4) comparatively analyze the criticism of the idolatry of Bartolomé de Las Casas and Roger Williams from the understanding of the potential of the theological concept of idolatry for the critique of economic issues, through the understanding of the use of this concept as a form of denunciation of fetishism, and of the opposition between the idols who oppress and the God who liberates, from Latin American theology, represented by Pablo Richard. Such opposition would be clearly explained on the Javé-Ball (in the Old Testament) and Javé-Mamon (in the New Testament) conflicts, which, in turn, are related and point to a political dispute based on land and money.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Metodista de Sao PauloCiencias da Religiao:Programa de Pos Graduacao em Ciencias da ReligiaoBrasilIMSCiencias da ReligiaoWirth, Lauri EmilioSung, Jung MoSouza , José Carlos deSantos, Lyndon de AraújoTorres Londoño , FernandoBARBOSA , ADRIEL MOREIRA2021-04-15T17:10:15Z2021-03-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfBARBOSA , ADRIEL MOREIRA. BARTOLOMÉ DE LAS CASAS, ROGER WILLIAMS E O PROBLEMA DA IDOLATRIA NOS SÉCULOS XVI E XVII. 2021. 292 folhas. 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