O poder da ironia na crónica humorística portuguesa : análise pragmático-discursiva de crónicas de Ricardo Araújo Pereira e Eça de Queirós

• Autor(a) principal: Teixeira, Daniela Alexandra Matos
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.2/8452
• topic: Eça de Queirós, 1845-1900; Ricardo Araújo Pereira, 1974-; Crónica; Ironia; Humor; Análise discurso-pragmática; Crítica; Cortesia; Chronicle; Humor; Irony; Politeness; Criticism; Domínio/Área Científica::Humanidades::Línguas e Literaturas; ODS::04:Educação de Qualidade

O presente trabalho de investigação visa proceder a uma análise pragmático-discursiva do género textual crónica, mais propriamente, da crónica humorística, tendo em conta a multiplicidade temática a que alude, entrecruzando dois “tons” díspares, que aqui se conjugam, o jornalístico e o literário. Demonstrar-se-á como este género textual apresenta diversos mecanismos linguístico-discursivos, como sejam elementos léxico-morfossintáticos estrategicamente “arranjados”, e bem assim os atos ilocutórios, os recursos retórico-expressivos, os tipos de cómico, empregues nas várias sequências textuais. Mais do que empregar estratégias, a crónica humorística “toca consciências”, isto é, desperta nos recetores emoções, motivações e até comportamentos, com intencionalidade, em crescendo, de relato, denúncia, crítica, moralização, mudança social, ainda que para tal viole deliberadamente princípios e máximas conversacionais, em ameaça à face dos interlocutores. Proceder-se-á à análise comparativa e contrastiva de composições textuais de momentos histórico-literários distintos, representados por duas gerações de cronistas: da atualidade, atravessando os séculos XX e XXI, Ricardo Araújo Pereira, autor de “Crónicas da Boca do Inferno”, publicadas na revista Visão (versões em papel e online) e reconfiguradas em livros (2007, 2009 e 2013); do século XIX, Eça de Queirós, autor de Uma Campanha Alegre: De «As Farpas» (1965, data da edição aqui consultada), que reúne textos d’ As Farpas, escritas em parceria com Ramalho Ortigão. Pretende-se com esta análise demonstrar possíveis similaridades temáticas, confluências de intencionalidade, sublinhando o seu valor crítico, interventivo e moralizante, bem como regularidades estratégicas e sequenciais.