Avaliação da competência aquática percecionada versus real. Aplicação no contexto de escolas de natação do litoral norte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mota Ferreira , Débora Catarina
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Bernardo, Inês, Costa, Mário J., Costa, Aldo M., Garrido, Nuno Domingos
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.6063/motricidade.23713
Resumo: O afogamento mata pelo menos 372000 pessoas por ano em todo o mundo sendo a terceira causa de morte não intencional. De todas essas mortes mais de metade ocorrem em idades abaixo dos 25 anos, estando dentro das dez principais causas de morte entre indivíduos com idades compreendidas entre o primeiro ano de vida e os 24 anos. (OMS, 2014). Um estudo realizado (Moran, Stallman, et al., 2012) sobre a perceção que os utentes das piscinas têm da sua competência aquática, diz-nos que muitos dos utentes têm uma perceção distorcida daquilo que são ou não capazes de fazer dentro de água. O objetivo geral deste trabalho é avaliar a perceção da competência aquática dos alunos e relacioná-la com a competência real. Sendo os objetivos específicos os seguintes: 1) avaliar a competência aquática dos alunos; 2) identificar sub e sobrevalorizações na avaliação da perceção dos alunos da sua competência aquática; 3) avaliar a perceção que os  professores têm da competência aquática dos seus alunos; e 4) comparar a competência aquática percecionada com a perceção que os professores têm da competência aquática dos seus alunos e com a competência aquática real dos alunos. Este estudo foi pensado como forma de avaliar a perceção da competência aquática das crianças e seus respetivos professores e fazer a relação dessa perceção com a competência real. A forma de avaliação que utilizamos foi um questionário de escala pictórica de competência aquática percecionada, desenhada e testada por (Murcia & Pérez, 2008). Esta escala foi posta em prática com alunos da escola de natação da piscina municipal de Barcelos, com idades compreendidas entre os  3 e os 7 anos, todos pertencentes ao mesmo nível de ensino (1º nível de adaptação ao meio aquático sem acompanhamento parental), e seus respetivos professores, que foram também questionados sobre a perceção da competência aquática(ACAP) dos seus alunos que participaram no estudo. A recolha de dados foi realizada com alunos do nível A da escola de natação da piscina municipal de Barcelos, e com os respetivos professores. Apenas tivemos contacto com as crianças cujos pais/encarregados de educação assinaram o termo de consentimento informado, onde estava explicado todo o processo bem como o objetivo do trabalho. Os questionários da escala pictórica foram numa primeira fase respondidos pelas crianças e respetivo professores, só posteriormente demos início à recolha da competência aquática real (CAR), essa recolha foi realizada em contexto de aula dividindo a turma em dois grupos, o grupo de meninos que não tinham autorização para participar no estudo que ficaram com o professor da turma, e o grupo que participaria no estudo teve aula com o avaliador, onde foi realizada a avaliação da competência aquática real. Os dados obtidos em cada uma das fases foram analisados através do programa de análise estatística IBM SPSS Statistics version 24, para a elaboração do gráfico Forest plot usamos o programa GraphPad Prism 8.  Foi realizada uma análise exploratória dos dados com testes de normalidade de Shapiro-Wilk e teste de Levenne para análise da homogeneidade das variâncias. Para análise das diferenças entre as respostas entre os grupos foi executada uma Análise da Variância com um fator. Para análise das comparações múltiplas foi utilizado o teste de Post-hoc de Bonferroni. Foi considerado o valor de alfa de 0,10. De acordo com os objetivos do presente trabalho, podemos verificar as respostas às questões do questionário aplicado aos Professores e Alunos, assim como a ACAR, na tabela 1. Podemos observar que em todas as questões temos alguma discrepância entre os resultados de cada um dos intervenientes, principalmente em relação às respostas dos alunos em comparação com a perceção dos professores e a competência real. As questões 1, 3, 5, 6 e 8 apresentam diferenças significativas (p=0.065; p=0.055; p=0.040; p=0.078; p=0.060; respetivamente). Já as questões Q2, Q4, Q7, Q9, Q10, mesmo apresentando diferenças nas médias das respostas de cada grupo, não apresentam valores significativos. Em relação à comparação dos valores de resposta entre Aluno, Professor e ACAR, pudemos verificar, após análise das comparações múltiplas de Bonferroni, de acordo com o forest plot mostrado na figura 1 que não houve diferenças significativas entre as respostas nas questões 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10. Por outro lado, foi possível observar diferenças na questão 3 (p=0,049) entre Aluno e ACAR, na questão 5 (p=0,043) entre ACAR e professor, e na questão 8 (0,069) entre Aluno e ACAR. Podemos ainda verificar que em Q2, Q3, Q4, Q5, Q6, Q7 e Q9, mesmo sem significância, a diferenças de médias de resposta entre Aluno-Real é positiva, sendo, portanto, os valores dos alunos mais elevados. Ainda que sem significância, a diferença entre os valores médios das respostas dos professores e da CAR é positiva nas questões 1, 2, 3, 4, 6 e 8 e negativa em Q9 e Q10. Já na diferença das médias de resposta entre Professor-Aluno, sem significância, podemos observar diferenças positivas em Q1, Q4, Q5, Q6 e Q10 e negativas em Q3, Q7, Q8 e Q9. Moran et al., (2012) , menciona a deficiência na competência aquática como uma das três principais causas do afogamento em piscinas. Como era esperado, antes da realização do estudo, pudemos observar algum tipo de discrepância relativamente à CAP (Competência Aquática Percecionada) e à CAR (Competência Aquática Real), ainda que nem todas as questões apresentem valores significativamente diferentes, no caso das questões 2, 4, 7, 9 e 10, onde mesmo não apresentando diferenças significativas podemos ver uma pequena discrepância entre cada grupo de intervenientes. As restantes 5 questões apresentam diferenças significativas entre as médias de cada um dos intervenientes, sendo que a questão 5 foi a que apresentou maior dispersão de resultados sendo a média de respostas dos alunos de 2,2, dos professores 2,3 e a real 1,8  (p=0.040), no que diz respeito a esta questão não conseguimos ,encontrar literatura que nos ajudasse a justificar tais resultados. Comparando as respostas dadas pelos alunos sobre a perceção da sua competência com a competência real obtivemos resultados significativos nas questões 3 e 8, que vão de encontro á literatura existente, nomeadamente Moran et al., (2012) que refere o facto dos utilizadores de piscinas terem uma competência distorcida comparada com a realidade e Frias, Costa, e Garrido (2017) que no seu trabalho também, mencionam situações de sobrevalorização da perceção da competência aquática por parte do alunos. Sendo a nossa escala de respostas compreendida entre 0 e 3, podemos através dos resultados obtidos, concluir que as crianças apresentam competência superior ao valor médio da nossa escala, estando apenas uma das questões abaixo de 1,5. Em média as crianças apresentam uma competência aquática superior ao que foi avaliado por nós, mesmo que isso nem sempre sejam observáveis valores significativos, como podemos observar na tabela 1 onde são apresentados os valores médios de resposta das crianças e da ACAR, e conseguimos observar com facilidade que na maior parte das questões os valores médios de respostas dos alunos é superior aos valores da ACAR. Fazendo a comparação entre os valores dos três grupos de intervenientes concluímos que tanto os professores como as crianças têm presente a tendência para sobrevalorizar as competências dos mesmos, nomeadamente em 50% das questões isso aconteceu.  
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Sendo os objetivos específicos os seguintes: 1) avaliar a competência aquática dos alunos; 2) identificar sub e sobrevalorizações na avaliação da perceção dos alunos da sua competência aquática; 3) avaliar a perceção que os  professores têm da competência aquática dos seus alunos; e 4) comparar a competência aquática percecionada com a perceção que os professores têm da competência aquática dos seus alunos e com a competência aquática real dos alunos. Este estudo foi pensado como forma de avaliar a perceção da competência aquática das crianças e seus respetivos professores e fazer a relação dessa perceção com a competência real. A forma de avaliação que utilizamos foi um questionário de escala pictórica de competência aquática percecionada, desenhada e testada por (Murcia & Pérez, 2008). Esta escala foi posta em prática com alunos da escola de natação da piscina municipal de Barcelos, com idades compreendidas entre os  3 e os 7 anos, todos pertencentes ao mesmo nível de ensino (1º nível de adaptação ao meio aquático sem acompanhamento parental), e seus respetivos professores, que foram também questionados sobre a perceção da competência aquática(ACAP) dos seus alunos que participaram no estudo. A recolha de dados foi realizada com alunos do nível A da escola de natação da piscina municipal de Barcelos, e com os respetivos professores. Apenas tivemos contacto com as crianças cujos pais/encarregados de educação assinaram o termo de consentimento informado, onde estava explicado todo o processo bem como o objetivo do trabalho. 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Para análise das comparações múltiplas foi utilizado o teste de Post-hoc de Bonferroni. Foi considerado o valor de alfa de 0,10. De acordo com os objetivos do presente trabalho, podemos verificar as respostas às questões do questionário aplicado aos Professores e Alunos, assim como a ACAR, na tabela 1. Podemos observar que em todas as questões temos alguma discrepância entre os resultados de cada um dos intervenientes, principalmente em relação às respostas dos alunos em comparação com a perceção dos professores e a competência real. As questões 1, 3, 5, 6 e 8 apresentam diferenças significativas (p=0.065; p=0.055; p=0.040; p=0.078; p=0.060; respetivamente). Já as questões Q2, Q4, Q7, Q9, Q10, mesmo apresentando diferenças nas médias das respostas de cada grupo, não apresentam valores significativos. Em relação à comparação dos valores de resposta entre Aluno, Professor e ACAR, pudemos verificar, após análise das comparações múltiplas de Bonferroni, de acordo com o forest plot mostrado na figura 1 que não houve diferenças significativas entre as respostas nas questões 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10. 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Podemos observar que em todas as questões temos alguma discrepância entre os resultados de cada um dos intervenientes, principalmente em relação às respostas dos alunos em comparação com a perceção dos professores e a competência real. As questões 1, 3, 5, 6 e 8 apresentam diferenças significativas (p=0.065; p=0.055; p=0.040; p=0.078; p=0.060; respetivamente). Já as questões Q2, Q4, Q7, Q9, Q10, mesmo apresentando diferenças nas médias das respostas de cada grupo, não apresentam valores significativos. Em relação à comparação dos valores de resposta entre Aluno, Professor e ACAR, pudemos verificar, após análise das comparações múltiplas de Bonferroni, de acordo com o forest plot mostrado na figura 1 que não houve diferenças significativas entre as respostas nas questões 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10. 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