Caracterização morfológica e molecular de estirpes fúngicas e bacterianas isoladas de morcegos que habitam abrigos subterrâneos na região de Trás-os-Montes

• Autor(a) principal: Sousa, Márcia Daniela Rocha de
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/9393
• topic: Pseudogymnoascus destructans; microbiota

Os morcegos são reservatórios de diversas doenças, sendo portadores e disseminadores de diversas estirpes fúngicas e bacterianas com importância na saúde pública e animal. A Síndrome do Nariz Branco (WNS), foi detetada em 2006, em Nova Iorque e desde a sua deteção até ao ano de 2018, está presente em 33 estados dos EUA e em 7 províncias do Canadá, sendo que os dados apontam para a morte de cerca de 6 milhões de morcegos em várias regiões do continente americano. Em 2009, verificou-se que Pseudogymnoascus (Geomyces) destructans (Pd) era o agente causal desta infeção cutânea em morcegos. A presença de Pd, foi reportada no continente europeu em 2008 e confirmada com ferramentas moleculares em 2009, no entanto, a morte em massa não se verifica. Em Portugal, P. destructans foi isolado pela primeira vez em 2014 na região de Trásos-Montes, o que mostra a importância dos objetivos deste trabalho no contexto da avaliação integrada da relevância ecológica dos morcegos. Os resultados obtidos confirmam a ocorrência de uma microbiota diversa e complexa nos quirópteros que são espécies-chave, isto é, desempenham um importante papel nos ecossistemas onde se encontram. O isolamento de P.destructans em meios de cultura apropriados, revelou ser o método mais promissor, dada a morfologia característica das suas estruturas reprodutoras (conídeos assimetricamente curvos). Ao longo deste trabalho foram obtidos 226 isolados fúngicos e bacterianos, das amostras recolhidas em morcegos, tendo sido identificados com ferramentas moleculares 44 estirpes. A identificação morfológica e molecular dos isolados revelou a presença de fungos filamentosos na superfície cutânea, nomeadamente Pseudogymnoascus destructans (3,5%), Pseudogymnoascus pannorum (3,5%), Penicillium spp. (15,9%), entre outros. Foram também identificadas, com recurso a ferramentas moleculares, uma levedura (Holtermaniella wattica) e diversas espécies de bactérias, sendo o género com maior prevalência Pseudomonas spp. (4,9%). Curiosamente, nos testes de antagonismo realizados, este género mostrou ter elevadas percentagens de inibição de P. destructans (84,8% e 100%), com um nível de antagonismo considerado completo. Os isolados de P. destructans, no presente estudo, têm maioritariamente 99% de similaridade com as sequências anteriormente isoladas em Portugal, com a “Type strain” da Europa e com a da América do Norte. Porém, pela análise filogenética, as estirpes de P. destructans isoladas neste estudo apresentam diferenças entre si e, com as sequências das estirpes europeias e norte americanas, residindo essa diferença numa adenina, uma citocina, ou ambas, por uma timina.