Constituição da infância na sociedade ocidental
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/46775 |
Resumo: | A Infância na História veio a constituir-se, como tema e objecto epistémico, desde inícios do período moderno, ainda que a História da Infância, como conhecimento e narrativa, seja mais recente. A constituição histórica da Infância inclui distintos modos de representar e de significar, assinalando tempos de convergência e tempos de divergência ou mesmo contradições e rupturas. Na religião, na civilidade, na arte, na literatura, na pedagogia, a Infância resulta de uma constelação, que congrega dimensões demográficas, económicas, afectivas, socioculturais. A Infância teve infâncias que se traduzem em novos espaços, novas manifestações de afectividade e de relação nos quadros públicos, privado e doméstico, e a que foram sendo destinados espaços, tempos e meios de ser ensinada e de aprender. A Infância emergiu e foi constituída como campo de ciência e de educação. De motivo e tema, a Infância e particularmente a criança tornaram-se objecto de investigação, cruzando diferentes domínios científicos, e designadamente a psicologia, a medicina, a pediatria, a pedagogia e mais recentemente a sociologia e a história. A escola surgiu como lugar e tempo da infância. Desde o século XVIII, a historiografia regista aspectos estruturais de duração longa e conjunturas onde a evolução sofreu acelerações e rupturas. A Infância congrega e representa crianças, consignando homogeneidade e admitindo a diversidade e a especificidade. Assim, a escola surgiu como lugar e tempo da infância, mas não foi cumprida de modo uniforme. Neste artigo procurar-se-á problematizar, documentar e entender a Infância como conceito e como categoria epistémica, com um passado recente, mas nem por isso, isento de controvérsia, denso, cumulativo, muito particularmente no Mundo Ocidental. Tomando como principal referência a Europa, dar-se-á particular atenção aos aspectos de natureza conceptual e à sistematização das principais linhas histórico-pedagógicas de constituição da Infância. No fundamental, o método utilizado é o historiográfico, combinando diacronia e sincronia e recorrendo a um exercício hermenêutico dos principais textos e teses sobre o tema. É, no entanto, uma abordagem aberta à interdisciplinaridade que procura abranger a constelação de vectores de natureza substantiva, teórica e metodológica, constitutivos da Infância na Sociedade Ocidental. |
id |
RCAP_d5a0a449c425e59027138079c806fcf4 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ul.pt:10451/46775 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Constituição da infância na sociedade ocidentalConstitution of childhood in western societyLa constitution de l'enfance dans la société occidentaleInfânciaEscola - lugar e tempo de InfânciaCultura de infânciaInfância na sociedade ocidentalChildhoodSchool - place and time of childhoodCulture of childhoodChildhood in western societyEnfanceÉcole - lieu et temps de l'enfanceCulture de l'enfanceEnfance dans la société occidentaleA Infância na História veio a constituir-se, como tema e objecto epistémico, desde inícios do período moderno, ainda que a História da Infância, como conhecimento e narrativa, seja mais recente. A constituição histórica da Infância inclui distintos modos de representar e de significar, assinalando tempos de convergência e tempos de divergência ou mesmo contradições e rupturas. Na religião, na civilidade, na arte, na literatura, na pedagogia, a Infância resulta de uma constelação, que congrega dimensões demográficas, económicas, afectivas, socioculturais. A Infância teve infâncias que se traduzem em novos espaços, novas manifestações de afectividade e de relação nos quadros públicos, privado e doméstico, e a que foram sendo destinados espaços, tempos e meios de ser ensinada e de aprender. A Infância emergiu e foi constituída como campo de ciência e de educação. De motivo e tema, a Infância e particularmente a criança tornaram-se objecto de investigação, cruzando diferentes domínios científicos, e designadamente a psicologia, a medicina, a pediatria, a pedagogia e mais recentemente a sociologia e a história. A escola surgiu como lugar e tempo da infância. Desde o século XVIII, a historiografia regista aspectos estruturais de duração longa e conjunturas onde a evolução sofreu acelerações e rupturas. A Infância congrega e representa crianças, consignando homogeneidade e admitindo a diversidade e a especificidade. Assim, a escola surgiu como lugar e tempo da infância, mas não foi cumprida de modo uniforme. Neste artigo procurar-se-á problematizar, documentar e entender a Infância como conceito e como categoria epistémica, com um passado recente, mas nem por isso, isento de controvérsia, denso, cumulativo, muito particularmente no Mundo Ocidental. Tomando como principal referência a Europa, dar-se-á particular atenção aos aspectos de natureza conceptual e à sistematização das principais linhas histórico-pedagógicas de constituição da Infância. No fundamental, o método utilizado é o historiográfico, combinando diacronia e sincronia e recorrendo a um exercício hermenêutico dos principais textos e teses sobre o tema. É, no entanto, uma abordagem aberta à interdisciplinaridade que procura abranger a constelação de vectores de natureza substantiva, teórica e metodológica, constitutivos da Infância na Sociedade Ocidental.Childhood in History came to constitute, as theme and subject, from the beginning of the modern period, although the History of Childhood, as knowledge and narrative, is more recent. The historical constitution of childhood includes different ways of representing and signifying, indicating times of convergence and times of divergence or even contradictions and ruptures. In religion, civility, art, literature, pedagogy, Childhood results from a constellation that brings together demographic, economic, affective, sociocultural dimensions. Childhood has had childhoods that translate into new spaces, new manifestations of affectivity and relationship in the public, private and domestic settings, and to which spaces, times and means of being taught and learning have been destined. Childhood emerged and was constituted as a field of science and education. From motive and theme, Childhood and particularly the child have become the object of investigation, crossing different scientific domains, namely psychology, medicine, pediatrics, pedagogy and, more recently, sociology and history. The school emerged as the place and time of childhood. Since the eighteenth century historiography records structural aspects of long duration and conjunctures where evolution has suffered accelerations and ruptures. Childhood brings together and represents children, consigning homogeneity and admitting diversity and specificity. Thus, school emerged as the place and time of childhood, but was not uniformly fulfilled. In this article we will try to problematize, document and understand Childhood as a concept and epistemic category, with a recent past, but not without controversy, dense, cumulative, particularly in the Western World. Taking Europe as its main reference, particular attention will be paid to aspects of a conceptual nature and to the systematization of the main historical and pedagogical lines of the constitution of childhood. In the fundamental, the method used is the historiographic, combining diachrony and synchrony and resorting to a hermeneutical exercise of the main texts and theses on the subject. It is, however, an open-ended approach to interdisciplinarity that seeks to encompass the constellation of substantive, theoretical, and methodological vectors of Childhood in Western Society.L’enfance dans l’histoire a commencé à se constituer, comme thème et subject, depuis le début de la période moderne, bien que l’histoire de l’enfance, en tant que savoir et récit, soit plus récente. La constitution historique de l'enfance comprend différentes manières de représenter et de signifier, indiquant des temps de convergence et des temps de divergence ou même de contradictions et de ruptures. Dans religion, civilité, art, littérature, pédagogie, Enfance résulte d'une constellation qui associe des dimensions démographiques, économiques, affectives et socioculturelles. L'enfance a eu des enfances qui se traduisaient par de nouveaux espaces, de nouvelles manifestations de l'affectivité et des relations dans les contextes public, privé et domestique, et auxquelles des espaces, des époques et des moyens d'apprentissage et d'enseignement étaient destinés. L'enfance a émergé et a été constituée comme un domaine de la science et de l'éducation. De motif et de thème, l’enfance et en particulier l’enfant sont devenus des objets d’investigation, croisant différents domaines scientifiques, à savoir la psychologie, la médecine, la pédiatrie, la pédagogie et, plus récemment, la sociologie et l’histoire. L'école est apparue comme le lieu et l'époque de l'enfance. Depuis le XVIIIe siècle, l'historiographie enregistre des aspects structurels de longue durée et des conjonctures où l'évolution a subi des accélérations et des ruptures. L'enfance rassemble et représente des enfants, en homogénéisant et en admettant diversité et spécificité. Ainsi, l'école est apparue comme le lieu et l'époque de l'enfance, mais n'a pas été réalisée de manière uniforme. Dans cet article, nous allons essayer de problématiser, documenter et comprendre l'enfance en tant que concept et catégorie épistémique, avec un passé récent, non sans controverse, dense, cumulatif, en particulier dans le monde occidental. En prenant l'Europe comme référence principale, une attention particulière sera accordée aux aspects de nature conceptuels et à la systématisation des principales lignes historiques et pédagogiques de la constitution de l'enfance. La mréthode utilisée est fondamentalement la méthode historiographique, combinant diachronie et synchronie et faisant appel à un exercice herméneutique des principaux textes et thèses sur le sujet. Il s’agit toutefois d’une approche ouverte de l’interdisciplinarité qui vise à englober la constellation de vecteurs fondamentaux, théoriques et méthodologiques de l’enfance dans la société occidentale.Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa CatarinaRepositório da Universidade de LisboaMagalhães, Violante F.Magalhães, Justino2021-03-10T14:57:46Z2019-092019-09-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/46775porMagalhães, V. F, & Magalhães, J. (2019). Constituição da infância na sociedade ocidental. Perspectiva, 37(3), 710-727. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e65387https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e653872175-795Xinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:48:52Zoai:repositorio.ul.pt:10451/46775Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:58:41.117774Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Constituição da infância na sociedade ocidental Constitution of childhood in western society La constitution de l'enfance dans la société occidentale |
title |
Constituição da infância na sociedade ocidental |
spellingShingle |
Constituição da infância na sociedade ocidental Magalhães, Violante F. Infância Escola - lugar e tempo de Infância Cultura de infância Infância na sociedade ocidental Childhood School - place and time of childhood Culture of childhood Childhood in western society Enfance École - lieu et temps de l'enfance Culture de l'enfance Enfance dans la société occidentale |
title_short |
Constituição da infância na sociedade ocidental |
title_full |
Constituição da infância na sociedade ocidental |
title_fullStr |
Constituição da infância na sociedade ocidental |
title_full_unstemmed |
Constituição da infância na sociedade ocidental |
title_sort |
Constituição da infância na sociedade ocidental |
author |
Magalhães, Violante F. |
author_facet |
Magalhães, Violante F. Magalhães, Justino |
author_role |
author |
author2 |
Magalhães, Justino |
author2_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Repositório da Universidade de Lisboa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Magalhães, Violante F. Magalhães, Justino |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Infância Escola - lugar e tempo de Infância Cultura de infância Infância na sociedade ocidental Childhood School - place and time of childhood Culture of childhood Childhood in western society Enfance École - lieu et temps de l'enfance Culture de l'enfance Enfance dans la société occidentale |
topic |
Infância Escola - lugar e tempo de Infância Cultura de infância Infância na sociedade ocidental Childhood School - place and time of childhood Culture of childhood Childhood in western society Enfance École - lieu et temps de l'enfance Culture de l'enfance Enfance dans la société occidentale |
description |
A Infância na História veio a constituir-se, como tema e objecto epistémico, desde inícios do período moderno, ainda que a História da Infância, como conhecimento e narrativa, seja mais recente. A constituição histórica da Infância inclui distintos modos de representar e de significar, assinalando tempos de convergência e tempos de divergência ou mesmo contradições e rupturas. Na religião, na civilidade, na arte, na literatura, na pedagogia, a Infância resulta de uma constelação, que congrega dimensões demográficas, económicas, afectivas, socioculturais. A Infância teve infâncias que se traduzem em novos espaços, novas manifestações de afectividade e de relação nos quadros públicos, privado e doméstico, e a que foram sendo destinados espaços, tempos e meios de ser ensinada e de aprender. A Infância emergiu e foi constituída como campo de ciência e de educação. De motivo e tema, a Infância e particularmente a criança tornaram-se objecto de investigação, cruzando diferentes domínios científicos, e designadamente a psicologia, a medicina, a pediatria, a pedagogia e mais recentemente a sociologia e a história. A escola surgiu como lugar e tempo da infância. Desde o século XVIII, a historiografia regista aspectos estruturais de duração longa e conjunturas onde a evolução sofreu acelerações e rupturas. A Infância congrega e representa crianças, consignando homogeneidade e admitindo a diversidade e a especificidade. Assim, a escola surgiu como lugar e tempo da infância, mas não foi cumprida de modo uniforme. Neste artigo procurar-se-á problematizar, documentar e entender a Infância como conceito e como categoria epistémica, com um passado recente, mas nem por isso, isento de controvérsia, denso, cumulativo, muito particularmente no Mundo Ocidental. Tomando como principal referência a Europa, dar-se-á particular atenção aos aspectos de natureza conceptual e à sistematização das principais linhas histórico-pedagógicas de constituição da Infância. No fundamental, o método utilizado é o historiográfico, combinando diacronia e sincronia e recorrendo a um exercício hermenêutico dos principais textos e teses sobre o tema. É, no entanto, uma abordagem aberta à interdisciplinaridade que procura abranger a constelação de vectores de natureza substantiva, teórica e metodológica, constitutivos da Infância na Sociedade Ocidental. |
publishDate |
2019 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2019-09 2019-09-01T00:00:00Z 2021-03-10T14:57:46Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10451/46775 |
url |
http://hdl.handle.net/10451/46775 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
Magalhães, V. F, & Magalhães, J. (2019). Constituição da infância na sociedade ocidental. Perspectiva, 37(3), 710-727. https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e65387 https://doi.org/10.5007/2175-795X.2019.e65387 2175-795X |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina |
publisher.none.fl_str_mv |
Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799134532571496448 |