Monsaraz: análise do processo de conservação e transformação urbana no século XX

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Amendoeira, Ana Paula Ramalho
Data de Publicação: 1998
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/15701
Resumo: Introdução - Se o viajante se entristece "de pensar que Monsaraz seja sobretudo uma fachada" que tristeza não há-de sentir quem ali criou "corpo e espírito" ? Mesmo que os horizontes sejam só para os olhos, como diz o escritor, eles existem, naquele lugar de excepção com que sempre nos lembramos de conviver. Monsaraz é um conjunto classificado Monumento Nacional, muito divulgado, muito visitado, muito recuperado, muito vendido, muito explorado. Tem muitos restaurantes, muitos alojamentos, muitas lojas de artesanato, muitas casas de férias, muita poluição visual com sinais e placas de informação turística. Monsaraz é pouco povoada, tem poucas actividades (e já nenhuma das existentes é tradicional), pouca urbanidade, poucas tradições vivas, poucas crianças. Será o discurso sobre Monsaraz a crónica de uma morte anunciada ou, ao contrário, o seu sucesso mediático é consequência de qualidade nas intervenções e de conservação integrada? Até que ponto foram aqui tidas em conta as práticas internacionais de conservação urbana? Que valores sustentam a imagem de Monsaraz e a partir de que período se valoriza a vila? Embora a escala da vila proporcione uma intensificação da análise, não foram produzidos conhecimentos sobre o seu processo de conservaçãol. Apenas conhecemos hoje o ponto de chegada de um percurso que teve início, de forma consciente, na primeira metade do século. Embora as intervenções não tenham cessado, ao longo de praticamente sessenta anos, não tem havido a necessidade, ou a curiosidade simples, de saber quem e o que estava para trás. As intervenções realizadas, por sua vez, não primam pela informação rigorosa do que foi feito. Diríamos que há uma estratigrafia de intervenientes e intervenções, dada a inexistência de registos, antes e depois das obras efectuadas (com excepção para a documentação produzida pela DGEMI). É portanto necessária uma abordagem quase arqueológica, no sentido da recolha dos vestígios de um passado, todavia tão recente, e que só lacunarmente pode ser reconstituído e interpretado. O conhecimento rigoroso do processo não é fácil e não sabemos mesmo se é possível. Não obstante, tentámos esgotar todas as hipóteses de descortinar fragmentos, mesmo os aparentemente insignificantes, para conseguir aceder ao fundamental e perceber, por fim, porque é este, e não outro, o ponto de chegada. Se este pode ser irreversível em muitos aspectos, perceber o porquê, ajuda-nos na integração dos erros, motiva-nos para continuar nos caminhos certos e, sobretudo, descodifica-nos os nossos valores. "Pensar a cidade é antes de tudo pensar o tempo e encontrar na história processos lógicos de evolução e transformação. (...) Não se trata de os aplicar ao novo, mas de se inspirar a fim de imaginar outros que não sejam pura invenção, e de aproveitar da, história como experimentação'. Se o património serve para inventar o futuro, como diz F. Choay, diremos que ele nos serve para inventar e garantir o nosso futuro local, neste período de crises escatológicas, em que "Deus está no detalhe".
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