INDIGNADOS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Infranca, Antonino
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Trabalho & Educação (Online)
Texto Completo: https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/9259
Resumo: A atual crise do sistema capitalista está tomando panoramas imprevisíveis desde há algum tempo, porque parece uma crise definitiva do sistema dominante, se não tanto, ao menos uma crise que obrigará o sistema a se reestruturar. O movimento global dos Indignados nasceu, imprevisivelmente, como consequência dessa crise e se desenvolveu em situações extremamente diversas e em locais diversos do globo. Indignados não são apenas os jovens espanhóis que ocuparam as praças principais das cidades espanholas ou os jovens israelenses que se acamparam no centro de Tel Aviv ou o movimento Occupy Wall Street em New York, mas também os jovens egípcios, tunisianos, líbios que derrubaram os seus respectivos regimes ditatoriais. Poderemos, portanto, considerar Indignados os jovens sírios que lutam contra um sistema ditatorial brutal e sanguinário; ou também poderemos considerar Indignados os russos que protestam contra um regime, apenas aparentemente democrático, na realidade autoritário, que está se desenvolvendo em direção a uma verdadeira e própria ditadura; ou ainda os húngaros democráticos que contestam um governo fascista, racista, nacionalista e etnocêntrico. Ser Indignado significa hoje ser contra o capitalismo globalizado por motivos diversos, mas substancialmente porque não se pode mais projetar futuro algum. Ser Indignado significa negociar os direitos mínimos à vida que se tornaram totalmente incompatíveis com a reprodução do capital, do sistema dominante político e econômico. Nesse ponto da sua luta política, os Indignados expressaram, ao mesmo tempo, uma refuta completa da sociedade do consumo e uma profunda atenção no que toca à questão ambiental; colocaram em discussão dois princípios da reprodução do sistema dominante. Desejariam poder ser integrados no sistema econômico dominante, mas, estando na condição de excluídos do sistema, colocam-no em discussão a partir das questões mais fundamentais, não tendo, contudo, ainda um projeto econômico alternativo ao atual dominante. O protesto deles parte de uma tomada de posição individual, inspirada num comportamento conveniente (καθεκοντος, que seria aquilo que o sujeito individual consegue conceber de si mesmo) ao alcançar o objetivo de seu protesto. É um comportamento inspirado...
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