Análise do perfil clínico de pacientes chagásicos e não-chagásicos portadores de marca-passo cardíaco

• Autor(a) principal: Leonor Garcia Rincon
• Data de Publicação: 2003
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9MPK8C
• topic: Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical; Marca-passo artificial; Chagas, Doença de; Doença de Chagas/complicações; Cardiopatias

A doença de Chagas tem como uma de suas principais complicações o acometimento do sistema cardiovascular, causando dano crônico ao miocárdio e ao sistema de condução intracardíaco, além de arritmias e morte súbita. Estudos comparativos da cardiopatia chagásica com outras cardiopatias dilatadas revelam que pacientes chagásicos apresentam pior prognóstico. No entanto adequada caracterização do perfil funcional do paciente chagásico portador de marca-passo ainda não foi bem definida. Este estudo transversal teve como objetivo comparar pacientes chagásicos e não chagásicos, portadores de marca-passo cardíaco, analisando dados clínicos, radiológicos, ecocardiográficos, Holter 24h e de telemetria em ambos os grupos. Foram selecionados 45 pacientes chagásicos e 35 não chagásicos portadores de marca-passo cardíaco uni ou bicameral, modelo AffinityR, fabricado pela St. Jude Medical. Esses pacientes foram submetidos a um protocolo de estudo que incluiu história clínica, sorologia para doença de Chagas, radiografia do tórax, estudo ecocardiográfico, eletrocardiografia dinâmica e análise do sistema de estimulação cardíaca pela telemetria. Os dois grupos não apresentaram diferença significativa quanto à maioria das variáveis clínicas, radiológicas e medida do limiar de estimulação ventricular, embora os chagásicos (55,9 anos) fossem significativamente mais jovens que os não chagásicos (68,3 anos) valor de p=0,000. Quando comparados aos não chagásicos, os pacientes chagásicos apresentaram maior comprometimento da função sistólica do ventrículo esquerdo, avaliada através da medida da fração de ejeção ao ecocardiograma (p< 0,044). Arritmia ventricular ao Holter 24h foi significativamente mais freqüente no grupo chagásico (p = 0,013). A análise das variáveis obtidas através do ecocardiograma e do Holter 24horas indicou que havia uma relação direta entre a baixa fração de ejeção e a ocorrência de arritmias ventriculares nos pacientes chagásicos, sendo esta associação, segundo a literatura, um importante fator preditor de mortalidade. Conclusão: no presente estudo, os pacientes chagásicos foram mais jovens, apresentaram uma menor fração de ejeção ao ecocardiograma e maior incidência de arritmia ventricular ao Holter, observando-se uma correlação positiva entre a baixa fração de ejeção e a presença de arritmia ventricular ao Holter 24h.