THE URBAN CLIMATE AS A SOCIAL CONSTRUCTION: FROM THE POLYSEMIC VULNERABILITY OF SICK CITIES TO THE HEALTHY CITIES UTOPIAN FALLACY
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Brasileira de Climatologia (Online) |
Texto Completo: | https://revistas.ufpr.br/revistaabclima/article/view/25794 |
Resumo: | A história da humanidade tem-se desenrolado num mundo de mudanças constantes, por vezes lentas, outras rápidas, em parte devido a intervenções humanas, com as suas consequências intencionais ou involuntárias, e em parte devido a causas naturais. Não há nisto seguramente qualquer razão para pensar que, a médio e longo prazo, seja possível prever os acontecimentos futuros. Por não termos a capacidade de lidar com as grandes catástrofes, por limitações tecnológicas, econômicas ou políticas, a humanidade optou por resignar-se aceitando a vulnerabilidade diante dos eventos de grande magnitude (e mais raros), em troca de uma maior capacidade de lidar com as perturbações menores e comuns. As cidades, como espaços produzidos, ao mesmo tempo em que criam oportunidades civilizatórias, também se transformam em armadilha ambiental. A cidade é um sistema de fixos e de fluxos, que se relacionam e se produzem de forma contraditória. Para Santos (2002), estes derivam das intervenções sociais e econômicas no ambiente intra-urbano, por meio das relações entre os agentes sociais. Entretanto é possível admitir que dentre os tipos de fluxos que atuam no espaço urbano, numa perspectiva ambiental, encontra-se a dinâmica atmosférica e o ritmo climático, que funcionam como forças capazes de agir de forma a pressionar o sistema urbano, ao produzir tipos de tempo que afetam e, não raras vezes condicionam a vida cotidiana das cidades. Como a produção do espaço urbano segue a lógica da reprodução capitalista, portanto gerador de espaços segregados e fragmentados, longe de se produzir um sistema que respeite e se adapte às condições ambientais e naturais, é de se esperar que esta contradição resulte em impactos altamente sensíveis aos diversos grupos sociais que habitam a cidade de forma também desigual, tornando as desigualdades sociais, ainda mais agudas. Admitindo que, em geral, o equilíbrio entre o sistema urbano e o sistema climático é precário, então quanto maior o desequilíbrio entre estes sistemas, maior a vulnerabilidade urbana, principalmente nas cidades da periferia do mundo desenvolvido, como é o caso das cidades tropicais brasileiras. Se a cidade é o habitat da modernidade, se os sistemas urbanos são altamente complexos e desiguais e, se a atmosfera urbana é o produto da interação entre as variáveis do clima e as intervenções socioeconômicas, então os diversos grupos sociais não experimentam nem se relacionam com o tempo e o clima urbano da mesma forma. Espaços desiguais potencializam os efeitos do clima, que se manifestam, também, de forma desigual. Nesta perspectiva, tem-se que admitir que o clima urbano possa ser interpretado como uma construção social. Se o espaço urbano (os fixos) é uma armadilha, uma presa fácil para a ação dos eventos extremos numa visão fatalista, teríamos que aceitar o fato de estarmos “condenados” à cidade – à cidade enferma, como nos provoca Gaspar (2009). Mas, o espaço urbano também pode ser uma oportunidade (MONTEIRO, 2010), ainda que utópica, de construirmos uma cidade que seja o território da satisfação e da felicidade – a cidade saudável. |
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THE URBAN CLIMATE AS A SOCIAL CONSTRUCTION: FROM THE POLYSEMIC VULNERABILITY OF SICK CITIES TO THE HEALTHY CITIES UTOPIAN FALLACYO CLIMA URBANO COMO CONSTRUÇÃO SOCIAL: DA VULNERABILIDADE POLISSÊMICA DAS CIDADES ENFERMAS AO SOFISMA UTÓPICO DAS CIDADES SAUDÁVEISUrban Climate; Climate Risk; Healthy City; Public HealthClima Urbano; Risco Climático; Cidade Saudável; Saúde PúblicaA história da humanidade tem-se desenrolado num mundo de mudanças constantes, por vezes lentas, outras rápidas, em parte devido a intervenções humanas, com as suas consequências intencionais ou involuntárias, e em parte devido a causas naturais. Não há nisto seguramente qualquer razão para pensar que, a médio e longo prazo, seja possível prever os acontecimentos futuros. Por não termos a capacidade de lidar com as grandes catástrofes, por limitações tecnológicas, econômicas ou políticas, a humanidade optou por resignar-se aceitando a vulnerabilidade diante dos eventos de grande magnitude (e mais raros), em troca de uma maior capacidade de lidar com as perturbações menores e comuns. As cidades, como espaços produzidos, ao mesmo tempo em que criam oportunidades civilizatórias, também se transformam em armadilha ambiental. A cidade é um sistema de fixos e de fluxos, que se relacionam e se produzem de forma contraditória. Para Santos (2002), estes derivam das intervenções sociais e econômicas no ambiente intra-urbano, por meio das relações entre os agentes sociais. Entretanto é possível admitir que dentre os tipos de fluxos que atuam no espaço urbano, numa perspectiva ambiental, encontra-se a dinâmica atmosférica e o ritmo climático, que funcionam como forças capazes de agir de forma a pressionar o sistema urbano, ao produzir tipos de tempo que afetam e, não raras vezes condicionam a vida cotidiana das cidades. Como a produção do espaço urbano segue a lógica da reprodução capitalista, portanto gerador de espaços segregados e fragmentados, longe de se produzir um sistema que respeite e se adapte às condições ambientais e naturais, é de se esperar que esta contradição resulte em impactos altamente sensíveis aos diversos grupos sociais que habitam a cidade de forma também desigual, tornando as desigualdades sociais, ainda mais agudas. Admitindo que, em geral, o equilíbrio entre o sistema urbano e o sistema climático é precário, então quanto maior o desequilíbrio entre estes sistemas, maior a vulnerabilidade urbana, principalmente nas cidades da periferia do mundo desenvolvido, como é o caso das cidades tropicais brasileiras. Se a cidade é o habitat da modernidade, se os sistemas urbanos são altamente complexos e desiguais e, se a atmosfera urbana é o produto da interação entre as variáveis do clima e as intervenções socioeconômicas, então os diversos grupos sociais não experimentam nem se relacionam com o tempo e o clima urbano da mesma forma. Espaços desiguais potencializam os efeitos do clima, que se manifestam, também, de forma desigual. Nesta perspectiva, tem-se que admitir que o clima urbano possa ser interpretado como uma construção social. Se o espaço urbano (os fixos) é uma armadilha, uma presa fácil para a ação dos eventos extremos numa visão fatalista, teríamos que aceitar o fato de estarmos “condenados” à cidade – à cidade enferma, como nos provoca Gaspar (2009). Mas, o espaço urbano também pode ser uma oportunidade (MONTEIRO, 2010), ainda que utópica, de construirmos uma cidade que seja o território da satisfação e da felicidade – a cidade saudável.Human history has unfolded in a world of constant change, sometimes slow, others fast, partly due to human intervention, with its intentional or unintended consequences, and partly due to natural causes. There is certainly no reason to think that in the medium and long term, we can predict future events. Because we have less capacity to deal with major disasters, by technological limitations, economic or political, humanity has chosen to resign themselves to accepting vulnerability to events of great magnitude (and rarest), in exchange for a greater ability to cope with the common and minor disturbances. Cities as produced spaces, at the same time create opportunities civilizing also become a trap environment. The city is a system of fixed and flows, which are related and occur at cross purposes. According to Santos (2002), they derive from social and economic interventions in intra-urban environment, by means of the relations between social agents. However it is possible to admit that among the types of flows that operate in urban space, from an environmental perspective, is the atmospheric dynamics and pace of climate change, which act as forces that can act to push the urban system, to produce types of time that affect and, often condition the daily life of cities. As the production of urban space follows the logic of capitalist reproduction, thus generating fragmented and segregated spaces, far from producing a system that respects and adapts to environmental conditions and natural, it is expected that this contradiction results in highly sensitive impacts the various social groups that inhabit the city way too uneven, making social inequalities, even more acute. Acknowledging that, overall, the balance between the urban and the climate system is precarious then, greater imbalance between these systems, become largest urban vulnerability, especially in the cities of the periphery of the developed world, as is the case of tropical Brazilian cities. If the city is the habitat of modernity, urban systems are highly complex and uneven, and if the urban atmosphere is the product of interaction between climate variables and socioeconomic interventions, then the various social groups do not experience or relate to Urban weather and climate the same way. Unequal spaces enhance the effects of climate, which is also manifest unevenly. In this perspective, one has to admit that the urban climate can be interpreted as a social construction. If the urban space (the fixed) is a trap, an easy prey to the action of extreme events in a fatalistic view, we would have to accept the fact that we are "condemned" to the city - the illness city as say Gaspar (2009). But the urban space can also be an opportunity (MONTEIRO, 2010), even utopian, to build a city that is the territory of satisfaction and happiness - a healthy city.Universidade Federal do ParanáSANT’ANNA NETO, João Lima2011-06-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revistas.ufpr.br/revistaabclima/article/view/2579410.5380/abclima.v8i0.25794Revista Brasileira de Climatologia; v. 8 (2011)2237-86421980-055X10.5380/abclima.v8i0reponame:Revista Brasileira de Climatologia (Online)instname:ABClimainstacron:ABCLIMAporhttps://revistas.ufpr.br/revistaabclima/article/view/25794/17213info:eu-repo/semantics/openAccess2012-02-07T09:54:02Zoai:revistas.ufpr.br:article/25794Revistahttps://revistas.ufpr.br/revistaabclima/indexPUBhttps://revistas.ufpr.br/revistaabclima/oaiegalvani@usp.br || rbclima2014@gmail.com2237-86421980-055Xopendoar:2012-02-07T09:54:02Revista Brasileira de Climatologia (Online) - ABClimafalse |
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