Ligas Acadêmicas e Formação Médica: Estudo Exploratório numa Tradicional Escola de Medicina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moreira,Lucas Magalhães
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Mennin,Regina Helena Petroni, Lacaz,Francisco Antônio de Castro, Bellini,Victor Campos
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Brasileira de Educação Médica (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022019000100115
Resumo: RESUMO O grande número de ligas acadêmicas na Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) leva a questionamentos acerca de seu significado para os estudantes e do papel que desempenham na formação médica, assim como preocupações sobre distorções no ensino, especialização precoce, relevância social e inserção no Sistema Único de Saúde (SUS). Para tentar elucidar essas questões, este estudo, de caráter qualitativo, constou de análise documental dos estatutos das ligas; análise de conteúdo dos depoimentos dos alunos participantes das ligas, colhidos em quatro grupos focais e em entrevistas com dois docentes preceptores de ligas. Foram encontradas 45 ligas atualmente em funcionamento na EPM–Unifesp, a grande maioria ligada a uma especialidade médica. Os principais motivadores para participação nas ligas foram a busca por prática, vontade de conhecer melhor uma especialidade, complementação de conhecimentos e necessidade de reconhecimento como adulto profissionalmente responsável. Tanto alunos quanto professores reconhecem que, por vezes, as ligas ocupam-se de reparar falhas da graduação. Das ligas estudadas, poucas têm atuação em pesquisa ou extensão, priorizando aulas teóricas e atendimentos, supervisionados por docentes, médicos não docentes, residentes ou alunos de anos mais adiantados. Os preceptores se encarregam principalmente da parte organizacional. As ligas podem reproduzir modelos da graduação, isto é, sobrecarga de atividades, aulas expositivas e ruins. Quanto à inserção no SUS, as ligas poderiam ser um espaço de capacitação para nele atuar. Apesar de estudantes afirmarem que pensam em fazer residência na área da liga, os docentes discordam de que elas levem a uma especialização precoce. Considera-se que, ao mesmo tempo em que preenchem lacunas e expectativas em relação ao curso, as ligas têm limitações quanto ao impacto de suas atividades na formação e relevância social, podendo subverter a estrutura curricular e também favorecer a especialização precoce. Recomenda-se maior atenção por parte da Câmara de Graduação da EPM às ligas acadêmicas no que se refere a número de ligas existentes, processo seletivo, atividades desenvolvidas, docentes envolvidos e objetivos explicitados, no sentido de avaliar o papel das ligas no currículo e na formação médica.
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