A eletrencefalografia no diagnóstico e prognóstico dos abscessos cerebrais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pupo,Paulo Pinto
Data de Publicação: 1957
Outros Autores: Pimenta,Aloysio Mattos, Barini,Orestes
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1957000200002
Resumo: Os autores, que vêm fazendo exames eletrencefalográficos sistematizadamente em casos de abscessos cerebrais desde 1951, relatam sua experiência, ressaltando os elementos que o EEG proporciona para o diagnóstico e prognóstico desses processos. O material que apresentam é de 22 casos (20 com EEG pré-operatório, 17 dos quais com seguimento eletrencefalográfico pós-operatório, e 2 nos quais só foi feito EEG pós-operatório) com diagnóstico confirmado pela ar-teriografia e pela intervenção cirúrgica. Todos foram submetidos a trata- mento cirúrgico e antibiótico, sendo o seguimento clínico-eletrencefalográfico a partir do 30º dia após a intervenção cirúrgica. No grupo dos pacientes com EEG pré-operatório foram encontradas alterações difusas do traçado em 20 casos (100%) e alterações focais consistentes em ondas delta 0,5 a 3 c/s, potencial de 400 a 500 mV (19 casos), depressão focal do ritmo de base (11 casos), foco epileptógeno (2 casos). As ondas delta bastante lentas e a depressão focal do ritmo de base constituem elemento de valor para o diagnóstico, particularmente quando interpretados em consonância com a clínica. No grupo de pacientes seguidos com exames clínicos e eletrencefalográficos sistemáticos, por um período que variou de 1 a 60 meses, foram encontrados sinais de foco convulsiógeno ativo em 10 dos 17 pacientes observados. Na opinião dos autores êste índice anormalmente elevado está em consonância com a freqüência de epilepsia pós-abscesso cerebral. O tempo que decorreu entre a operação e o aparecimento do foco ativo variou de 1 até 25 meses. Dêsses 10 pacientes com foco ativo e com epilepsia clìnicamente comprovada, sòmente 2 tinham foco anteriormente ao processo de "cura" do abscesso. Os autores discutem êsse problema e pensam ser os processos de cicatrização - processos crônicos -- os responsáveis por tais manifestações clínico-eletrencefalográficas. Ainda neste grupo chamam atenção para o fato de que em sòmente 4 pacientes o EEG continuou a se manter normal durante todo período de observação, sendo que 2 outros tiveram EEG normal por 5 e 15 meses, respectivamente, e, mais tarde apresentaram foco ativo. Ao lado dêstes focos epileptógenos, em 3 pacientes havia também sinais de sofrimento do parênquima nervoso (ondas delta) 1 a 3 meses depois da intervenção cirúrgica (casos com convulsões reiteradas ou ainda com sinais do abscesso em evolução). Em 6 casos havia certa depressão focai pós-operatória no EEG; em 4 havia alterações frustras do ritmo de base, alterações estas de tipo cicatricial e sem correlação clínica correspondente. Concluem os autores que o EEG constitui excelente método auxiliar no diagnóstico de abscessos cerebrais e, principalmente, elemento muito útil no prognóstico dos casos tratados, quer evidenciando desaparecimento dos sinais agudos de comprometimento cerebral, quer fornecendo precocemente sinais da formação de foco convulsiógeno ativo, possibilitando a instituição precoce de terapêutica anticonvulsiva.
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