Complicações neurológicas por osteomas dos seios paranasais: A propósito de um caso de pneumatocele extradural por osteoma do seio frontal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Melaragno Filho,R.
Data de Publicação: 1951
Outros Autores: Cutin,Moysés
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1951000200003
Resumo: Os autores relatam o caso de um homem de 38 anos de idade que apresentava uma hemiparesia direita nítida, sem afasia, datando de cerca de um mês. O déficit motor no dimídio direito se iniciara com violenta cefaléia, rebelde ao uso de analgésicos, mas que, pouco a pouco, cedeu completamente. O exame clínico não revelou qualquer causa capaz de explicar a hemiparesia. Liqüido cefaiorraquidiano e exame oftalmoscòpico inteiramente normais. As radiografias simples do crânio mostravam opacificação de consistência compacta no seio frontal e imagem aérea, volumosa, ocupando a maior parte do hemicrânio esquerdo. Os cortes planigráficos sagitais revelaram erosão da parede posterior e do assoalho do seio frontal, sem continuidade com a coleção de ar. Durante a operação foi verificada integridade da dura mater. Dias após a intervenção, a motricidade voluntária do hemicorpo direito já havia melhorado consideravelmente e, um mês após, o exame neurológico foi totalmente negativo. Tratava-se de osteoma ebùrneo. Após estudar os aspectos otorrinolaringológicos dos osteomas dos seios frontais, os autores consideram as suas eventuais complicações. Assim, se o tumor crescer para o lado, poderá invadir a órbita, causando exoftalmo, proptose e diplopia; expandindo-se para trás, poderá erosar a parede posterior do seio frontal, ocasionando pneumatocele extradural, como ocorreu no caso registrado neste trabalho; sucessivamente, poderá também perfurar a dura mater (pneumatocele subdural), invadir o tecido cerebral (pneumatocele intracerebral) e mesmo se comunicar com o ventrículo lateral (pneumatocele ventricular). Essas coleções aéreas intracranianas (pneumocéfalos) são eventualidades excepcionais em doença também rara. De fato, até 1941, haviam sido registrados 321 casos de osteomas, dos quais apenas 8 se complicaram de pneumocéfalo: 2 extradurais, 4 intracerebrais e 2 ventriculares. Por outro lado, essas complicações neurológicas de osteomas podem se agravar pela inflamação do seio paranasal infectado. Comparando os casos de pneumatocele subdural traumático com os determinados por osteomas sinusais, os autores chamam a atenção para a inconstância e a transitoriedade com que, nestes últimos, se evidencia a rinorréia cefalorraquidiana. Para que se forme a coleção aérea intracraniana é necessário que o duto nasofrontal seja permeável; evidentemente, se este houver sido previamente obliterado pela expansão do tumor, o pneumatocele não poderá se constituir. Os autores explicam a hemiparesia apresentada pelo paciente, como o resultado de uma compressão da coleção de ar, através da dura mater e dos planos subjacentes, sobre o hemisfério cerebral esquerdo.
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