Aspectos neurológicos e eletromiograficos da hanseniase: estudo de 100 casos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sena,Plínio Garcez de
Data de Publicação: 1976
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1976000100001
Resumo: Dos exames neurológicos, eletromiográficos, anatomopatológicos e bacterioscópicos realizados em 100 hansenianos, chegamos às seguintes conclusões: Houve elevada incidência de anormalidades reflexas. Os reflexos proprioceptivos estavam anormais em 64,5% e os exteroceptivos em 70,8%. Os primeiros mostravam de acordo com a topografia dos segmentos examinados, os seguintes valores anormais: no segmento cefálico, 25,3%; nos membros superiores, 59,1% e, nos inferiores, 74,5%. Nas fases iniciais da enfermidade, os reflexos foram normais em 41,2% dos casos examinados, observando-se também que em todos os períodos de evolução da moléstia esses valores se mantiveram mais ou menos elevados. Ainda na primeira etapa, cuja média de duração foi de 4 9 anos, observamos várias alterações, havendo predomínio dos reflexos vivos (25,1%)), seguindo-se os diminuídos (17%), exaltados (8,6%) e abolidos (8%). No estágio final da enfermidade houve decréscimo dos reflexos normais, em contraposição aos abolidos e diminuídos, cujos percentuais aumentaram para 32,7 e 30,6%, respectivamente. Anote-se também o desaparecimento dos reflexos vivos. Foi elevada a percentagem de doentes (31%) que sofreram agressão ao oitavo nervo, 17 (54,8%) dos quais apresentavam disacusia neural. Os valores correlacionados com deficit auditivo raramente estavam de acordo com os resultados positivos dos exames histopatológico e bacterioscópico. Os índices de anormalidades encontrados no exame do trigêmio e facial (7% e 5%, respectivamente), foram muito mais baixos em relação ao oitavo nervo. Estes resultados estão em contradição com os referidos na literatura. Em alguns pacientes, as hiperestesias da pele e da região plantar prenunciaram o aparecimento da enfermidade. Entre as alterações objetivas, raramente observamos a anestesia das sensibilidades superficiais associada à hiperestesia profunda e anestesia das sensibilidades superficiais com abolição das profundas. Em nenhum caso foram assinaladas alterações exclusivas das sensibilidades profundas. Lesões do neurônio motor periférico demonstráveis pela EMG foram observadas em 82 pacientes (82%). O silêncio elétrico e os potenciais polifásicos e gigantes constituíram as anormalidades mais freqüentemente notadas. Em pequeno número de casos registraram-se salvas ou alterações pseudomiotônicas. Dentre os pacientes que revelaram sinais indicativos de desenervação recente, 50% apresentavam resultados bacterioscópicos negativos. Havia predominância das anormalidades eletromiográficas nas formas virchovianas. Em relação aos nervos pesquisados, houve maior comprometimento do ulnar, seguindo-se os peroneos profundos e mediano. O estudo da velocidade média de condução das fibras motoras nos nervos mediano, ulnar e perôneo profundo, permitiu a obtenção dos seguintes resultados: 53,6; 48,1 e 50,3 m/seg. As médias das latências distais e proximiais do nervo mediano foram de 3,8 e 8,4; no ulnar, de 3,0 e 9,2; nos perôneos profundos, de 4,4 e 11,6 m/seg.
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