Caracterização da patologia cerebral, da psicopatologia e da heredologia psiquiátrica na doutrina de Kleist
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1959 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Arquivos de neuro-psiquiatria (Online) |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1959000200002 |
Resumo: | O ano de 1959 assinala três datas especiais em uma das mais férteis carreiras científicas: completa 80 anos Karl Kleist, nascido em Mülhausen, na Alsácia, a 31 de janeiro de 1879, que comemora o jubileu de venia legendi (1909); e há um quarto de século veio à luz a Gehirnpathologie (1934), que marca a nova era da fisiopatologia cerebral. A construção doutrinária de Kleist combina e aperfeiçoa as diretrizes isoladas de Meynert, de Wernicke e de Kraepelin. Constitui nela uma constante a união da psicopatologia à patologia cerebral; e a pesquisa no domínio clínico se norteia pela patogenia, pela heredologia e pela catamnese sistemática. Na própria patogênese - tanto dos quadros clínicos como dos sintomas - há a considerar a diferente participação do tronco cerebral e da corticalidade. E aqui, a seu turno, é preciso distinguir as funções que dependem de regiões posteriores. Assim, descreveu Kleist, respectivamente, os distúrbios agramáticos e os paragramáticos, os alógicos e os paralógicos, em analogia com os afásicos e os parafásicos. Demonstrou pela primeira vez, em 1905, a existência da afasia de condução e isolou dois novos tipos de apraxia: a apraxia segmentar e a apraxia de construção. Outros quadros psicopatológicos descritos por êle também se tornaram clássicos: a carência de iniciativa, a apraxia de iniciativa, a apraxia de ação coordenada (Handlungsfolge), a cegueira espacial (Ortsblindheit), a agnosia cromática - que depende da noção abstrata de côr e nada tem a ver com o daltonismo - e ainda os quadros psiquiátricos cíngulo-orbitários. Divide a esfera da personalidade em diversos estratos de grande relevância clínico-localizatória (quadro 1). A carta localizatória - plano estrutural e funcional do cérebro - ultrapassa a qualquer empreendimento análogo, tanto pela análise penetrante quanto pela adaptação à realidade clínica (figs. 1 e 2). Sobreleva notar aí que Kleist separa determinadas funções dentro do mesmo campo arquitetônico, fato êste cuja veracidade pudemos comprovar em uma observação anátomo-clínica (fig. 3). Outros aspectos desta carta dinâmica podem ser verificados experimentalmente, segundo entendemos, no cérebro de primatas (figs. 4, 5 e 6). Na clínica, a contribuição de Kleist nada ficou a dever à própria patologia cerebral. Além de descrever psicoses particulares como a "paranóia de involução" e a "psicose de pânico", psicógena, e de discutir a patogenia das "psicoses pós-operatórias" e das "psicoses gripais", descreveu e estudou exaustivamente, secundado por seus colaboradores, dois grandes grupos mórbidos : as diferentes formas de esquizofrenia e as psicoses degenerativas. Os quadros esquizofrênicos constituem tipos autônomos, que se caracterizam pelo distúrbio de sistemas cerebrais (quadro 2). As psicoses degenerativas são também endógenas, porém por tendências latentes (quadro 3) e têm que ser diferençadas tanto das esquizofrenias quanto do grupo maníaco-depressivo. Extensas e exaustivas revisões catamnésticas atestam a realidade clínica dêstes dois vastos grupos de psicoses. |
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