Derivação ventriculoatrial no tratamento da hidrocefalia em crianças
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1969 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Arquivos de neuro-psiquiatria (Online) |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1969000100001 |
Resumo: | Na última década, devido ao desenvolvimento das técnicas de derivação ventrículo-venosa, aumentou consideravelmente o interesse pelo tratamento cirúrgico da hidrocefalia. Entretanto, com o tempo, foram sendo observadas complicações que fizeram arrefecer o entusiasmo inicial de alguns cirurgiões. Julgamos oportuno, por isso, fazer uma avaliação dos resultados obtidos em uma série de 136 crianças hidrocefálicas operadas entre dezembro de 1958 e dezembro de 1965, e nas quais foi feita derivação ventrículo-atrial. Das crianças operadas, 72 estão vivas e com a hidrocefalia compensada e 30 faleceram, não sendo possível estabelecer as condições atuais das 34 restantes. A análise das condições pré-operatórias, das complicações e dos resultados finais permitiram algumas conclusões: 1) é pequena a ocorrência de manifestações clínicas de tromboembolismo pulmonar, no pós-operatório da ventrículo-atriostomia, justificando-se o uso destas derivações, enquanto não se desenvolverem formas mais eficazes de tratamento da hidrocefalia; 2) exames cardiológicos repetidos devem ser feitos em doentes submetidos às derivações ventrículo-atriais, a fim de permitir o diagnóstico precoce de sobrecarga do coração direito; 3) com enérgico tratamento das complicações infecciosas, progresso das técnicas de assepsia e seleção cuidadosa dos casos, os resultados tendem a melhorar; 4) o médico que trata hidrocefálicos deve prevenir os familiares a respeito da possível necessidade de novos atos cirúrgicos, devendo estar preparado para reintervir tantas vezes quantas forem necessárias; 5) não é justificada a conduta de trocar o catéter atrial sempre que a extremidade do mesmo atinge o nível da quarta vértebra torácica, como recomendam alguns cirurgiões; 6) não é justificada a afirmação de que uma criança submetida à ventrículo-atriostomia necessite permanecer sempre com a drenagem funcionando; 7) para avaliar o prognóstico quanto ao desenvolvimento mental dos hidrocefálicos. há necessidade de considerar em conjunto os elementos: exame neurológico, transiluminação do crânio, etiologia do processo, eletrencefalograma, teste de Gesell e, quando possível, a medida da espessura do pálio cerebral; 8) pode-se esperar desenvolvimento psíquico normal (QI acima de 85) em cerca de 40% dos doentes com hidrocefalia controlada. |
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