Micoses do sistema nervoso

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lacaz,Carlos da Silva
Data de Publicação: 1947
Outros Autores: Assis,J. Lamartine de, Bittencourt,J. M. Taques
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Arquivos de neuro-psiquiatria (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1947000100001
Resumo: As micoses do sistema nervoso central não têm merecido atenção cuidadosa dos neurologistas. Elas afetam o neuraxe em diferente percentagem: a granulomatose criptocóccica (torulose) é a mais freqüente, seguindo-se a actinomicose; a granulomatose paracoccidióidica só excepcionalmente determina lesões meningoencefálicas. Do ponto de vista clínico, as neuromicoses podem ser divididas em duas formas: tumorais encefalomedulares e meningíticas. Estas predominam sobre as tumorais, das quais são mais freqüentes as de localização encefálica. Não são raros os quadros mistos, meningoencetálicos. As formas tumorals encefálicas abrangem vários tipos anátomo-patológicos - abscesso, granuloma, nódulos e cistos - sendo mais comuns os dois primeiros, todos êles produzindo o quadro clinico da síndrome hipertensiva intracraniana. As formas meningomedulares, em geral, são secundárias às lesões ósseas vertebrais, sendo a actinomicose, por ser a mais osteófila, a micose que mais freqüentemente atinge a medula. Nestes casos, o quadro clínico da síndrome compressiva é o mais comum. As meninges participam do processo fúngico, na maior parte dos casos; as manifestações clínicas variam desde o simples meningismo, até as meningites purulentas e meningoencefalites graves, havendo a possibilidade de se formarem aracnoidites císticas, ependimites e bloqueios ventriculares, do aqueduto ou mesmo do canal raquidiano. O diagnóstico das micoses do sistema nervoso central é comumente um "achado de autópsia". Somente a verificação do cogumelo no líquor e o seu isolamento permitem um diagnóstico seguro. Outros dados liquóricos, quando bem interpretados com os achados clínicos e neurológicos, orientam o analista na pesquisa do agente fúngico. O quadro anátomo-patológico nada tem de caraterístico, a não ser a presença do agente parasitário e só o seu encontro firma o diagnóstico. Examinamos 25 casos de granulomatose paracoccidióidica, que foram estudados do ponto de vista neurológico, liquórico e sorológico, procurando-se sistematizar as provas de fixação de complemento com filtrado de P. brasiliensis. São descritas as técnicas utilizadas e os resultados obtidos. Dos 25 casos estudados, 24 eram de localização tegumentar e visceral e não havia lesão neurológica imputável à infecção fúngica: pequenas alterações liquóricas encontradas foram explicadas pela rotura da barreira hemoliquórica, com passagem de reaginas do sangue para o líquor. O último caso descrito era de localização faringo-laringo-pulmonar, com provável repercussão medular, originando uma síndrome meningo-radículo-medular que cedeu quase completamente ao tratamento sulfanilamídico.
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