Diarréia aguda grave associada à Escherichia coli enteropatogênica clássica (EPEC): características clínicas e perdas fecais em lactentes hospitalizados

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliva,C.A.G.
Data de Publicação: 1997
Outros Autores: Scaletsky,I., Morais,M.B. de, Fagundes Neto,U.
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista da Associação Médica Brasileira (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42301997000400003
Resumo: Escherichia coli enteropatogênica clássica (EPEC) tem sido o agente enteropatogênico mais freqüentemente isolado nas fezes de lactentes, de baixo nível socioeconômico, hospitalizados com diarréia aguda grave, na cidade de São Paulo. OBJETIVOS. 1) Analisar as características clínicas de lactentes do sexo masculino, hospitalizados com diarréia aguda grave associada à EPEC; 2) quantificar suas perdas fluidas fecais, ingestão de fórmulas alimentares e variações de peso corporal durante a evolução intra-hospitalar. CASUÍSTICA E MÉTODOS. Estudaram-se 38 lactentes do sexo masculino. Foram avaliadas as características clínicas e epidemiológicas dos pacientes e a freqüência dos diferentes sorogrupos de EPEC identificados. As crianças foram mantidas em cama metabólica, e balanços metabólicos diários foram obtidos durante toda a duração do quadro diarréico. Os lactentes permaneceram, em média, 5,8 dias em estudo metabólico. Duzentos e vinte balanços diários foram acumulados e analisados. RESULTADOS. O grupo estudado apresentou como principais características clínicas: idade inferior a 12 meses, peso insuficiente ao nascer; desmame precoce e formas graves de desnutrição protéico-calórica. O sorogrupo O111 foi o mais freqüentemente identificado (68,4%), sendo a idade dos pacientes com tal agente significativamente maior que a dos portadores do sorogrupo O55. A média dos volumes fecais diários foi de 66mL/kg/dia, havendo diferenças segundo dias de estudo. A média de ingestão diária de fórmulas alimentares foi de 85,2mL/kg/dia. Leite de vaca foi a dieta mais precocemente utilizada e as crianças que dela fizeram uso apresentaram volumes fecais maiores que os que receberam caseinato ou nutrição parenteral e incremento de peso corporal menor que os que utilizaram hidrolisado protéico ou NPT. CONCLUSÕES. Os sorogrupos de EPEC acarretaram perdas fluidas fecais de moderada e grave intensidade nos lactentes estudados. A duração da diarréia mostrou curso agudo (menor ou igual a 14 dias) na maioria das crianças estudadas, reafirmando a evolução potencialmente autolimitada da diarréia aguda. Sete (18,4%) pacientes, entretanto, desenvolveram quadro de diarréia persistente, indicando que tal evolução é esperada em uma parcela razoável de lactentes jovens hospitalizados com tal enfermidade. Os volumes médios de ingestão das fórmulas alimentares encontrados mostram o impacto da diarréia aguda na diminuição da ingestão alimentar. As médias observadas nas três diferentes fórmulas alimentares ficaram abaixo da ingestão calórica sugerida como padrão pela FAO/WHO (100cal/kg/dia). Não houve diferenças entre os volumes de aceitação segundo os tipos de fórmulas alimentares utilizadas.
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