Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa Filho,Rubens Carmo
Data de Publicação: 2009
Outros Autores: Gutierrez,Fernando, Fernandes,Haggéas, Mendes,Ciro, Lobo,Suzana
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista brasileira de terapia intensiva (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000300013
Resumo: A anemia é um problema prevalente nas unidades de terapia intensiva. Ela surge nos primeiros dias e pode sustentar-se, ou agravar-se, durante a internação. A etiologia normalmente é multifatorial. A transfusão de hemácias é a intervenção mais comumente utilizada para combatê-la. Aproximadamente 12 milhões de unidades de sangue são utilizadas para transfusões nos Estados Unidos, sendo 25% a 30% dentro das terapias intensivas. A maior segurança com a diminuição das infecções provocadas por transfusões permitiu uma ampliação de indicações clínicas. No entanto, a terapia transfusional está associada a outros efeitos adversos, como infecções nosocomiais, comprometimento imunológico, injúria pulmonar, reações hemolíticas e aumento da incidência de câncer. Alguns trabalhos já tentaram demonstrar associação entre a correção da anemia, mortalidade e morbidade, entretanto a literatura ainda não alcançou um consenso. Atualmente, uma das propostas de segurança da Organização Mundial de Saúde é a redução de transfusões potencialmente desnecessárias, promovendo uma postura de transfusão racional. Esta revisão narrativa pretende abordar como objetivo primário as controvérsias referentes ao limiar transfusional, de acordo com estudos recentes, e como objetivos secundários citar aspectos da anemia iatrogênica e da variabilidade de atitudes entre intensivistas para a implementação das melhores práticas relativas à transfusão. Não faz parte de nossos objetivos discutir as complicações transfusionais, embora tenham sido mencionadas. Foi feita busca em fontes eletrônicas da literatura médica (PubMed - Clinical Queries), e UpToDate versão 16.2 e consulta adicional em livros texto Mostrou-se que a prática transfusional ainda é extremamente variada dentro das terapias intensivas. São escassas as evidências de que a hemotransfusão de rotina em pacientes não-hemorrágicos deva ser aplicada naqueles com hemoglobina superiores a 7 g/dL. Não existe um consenso sobre o limiar transfusional em pacientes críticos. Os pacientes com doença cardiovascular parecem apresentar um maior risco de morte do que aqueles sem doença cardiovascular, para qualquer nível de hemoglobina. A transfusão guiada por níveis de hemoglobina e parâmetros fisiológicos, oxi-hemodinâmicos individualizados e contexto clínico parece ser atualmente estratégia mais aceita do que a correção arbitrária e isolada da hemoglobina.
id AMIB-1_9e6ea3e9dcb83bd6cf6498ee5ffab495
oai_identifier_str oai:scielo:S0103-507X2009000300013
network_acronym_str AMIB-1
network_name_str Revista brasileira de terapia intensiva (Online)
repository_id_str
spelling Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidênciasAnemia/terapiaCuidados intensivosTransfusão de sangueA anemia é um problema prevalente nas unidades de terapia intensiva. Ela surge nos primeiros dias e pode sustentar-se, ou agravar-se, durante a internação. A etiologia normalmente é multifatorial. A transfusão de hemácias é a intervenção mais comumente utilizada para combatê-la. Aproximadamente 12 milhões de unidades de sangue são utilizadas para transfusões nos Estados Unidos, sendo 25% a 30% dentro das terapias intensivas. A maior segurança com a diminuição das infecções provocadas por transfusões permitiu uma ampliação de indicações clínicas. No entanto, a terapia transfusional está associada a outros efeitos adversos, como infecções nosocomiais, comprometimento imunológico, injúria pulmonar, reações hemolíticas e aumento da incidência de câncer. Alguns trabalhos já tentaram demonstrar associação entre a correção da anemia, mortalidade e morbidade, entretanto a literatura ainda não alcançou um consenso. Atualmente, uma das propostas de segurança da Organização Mundial de Saúde é a redução de transfusões potencialmente desnecessárias, promovendo uma postura de transfusão racional. Esta revisão narrativa pretende abordar como objetivo primário as controvérsias referentes ao limiar transfusional, de acordo com estudos recentes, e como objetivos secundários citar aspectos da anemia iatrogênica e da variabilidade de atitudes entre intensivistas para a implementação das melhores práticas relativas à transfusão. Não faz parte de nossos objetivos discutir as complicações transfusionais, embora tenham sido mencionadas. Foi feita busca em fontes eletrônicas da literatura médica (PubMed - Clinical Queries), e UpToDate versão 16.2 e consulta adicional em livros texto Mostrou-se que a prática transfusional ainda é extremamente variada dentro das terapias intensivas. São escassas as evidências de que a hemotransfusão de rotina em pacientes não-hemorrágicos deva ser aplicada naqueles com hemoglobina superiores a 7 g/dL. Não existe um consenso sobre o limiar transfusional em pacientes críticos. Os pacientes com doença cardiovascular parecem apresentar um maior risco de morte do que aqueles sem doença cardiovascular, para qualquer nível de hemoglobina. A transfusão guiada por níveis de hemoglobina e parâmetros fisiológicos, oxi-hemodinâmicos individualizados e contexto clínico parece ser atualmente estratégia mais aceita do que a correção arbitrária e isolada da hemoglobina.Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB2009-08-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000300013Revista Brasileira de Terapia Intensiva v.21 n.3 2009reponame:Revista brasileira de terapia intensiva (Online)instname:Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)instacron:AMIB10.1590/S0103-507X2009000300013info:eu-repo/semantics/openAccessCosta Filho,Rubens CarmoGutierrez,FernandoFernandes,HaggéasMendes,CiroLobo,Suzanapor2009-10-30T00:00:00Zoai:scielo:S0103-507X2009000300013Revistahttp://www.scielo.br/rbtihttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phpdiretoria@amib.org.br||rbti.artigos@amib.org.br1982-43350103-507Xopendoar:2009-10-30T00:00Revista brasileira de terapia intensiva (Online) - Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)false
dc.title.none.fl_str_mv Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências
title Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências
spellingShingle Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências
Costa Filho,Rubens Carmo
Anemia/terapia
Cuidados intensivos
Transfusão de sangue
title_short Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências
title_full Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências
title_fullStr Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências
title_full_unstemmed Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências
title_sort Transfusão de hemácias em terapia intensiva: controvérsias entre evidências
author Costa Filho,Rubens Carmo
author_facet Costa Filho,Rubens Carmo
Gutierrez,Fernando
Fernandes,Haggéas
Mendes,Ciro
Lobo,Suzana
author_role author
author2 Gutierrez,Fernando
Fernandes,Haggéas
Mendes,Ciro
Lobo,Suzana
author2_role author
author
author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Costa Filho,Rubens Carmo
Gutierrez,Fernando
Fernandes,Haggéas
Mendes,Ciro
Lobo,Suzana
dc.subject.por.fl_str_mv Anemia/terapia
Cuidados intensivos
Transfusão de sangue
topic Anemia/terapia
Cuidados intensivos
Transfusão de sangue
description A anemia é um problema prevalente nas unidades de terapia intensiva. Ela surge nos primeiros dias e pode sustentar-se, ou agravar-se, durante a internação. A etiologia normalmente é multifatorial. A transfusão de hemácias é a intervenção mais comumente utilizada para combatê-la. Aproximadamente 12 milhões de unidades de sangue são utilizadas para transfusões nos Estados Unidos, sendo 25% a 30% dentro das terapias intensivas. A maior segurança com a diminuição das infecções provocadas por transfusões permitiu uma ampliação de indicações clínicas. No entanto, a terapia transfusional está associada a outros efeitos adversos, como infecções nosocomiais, comprometimento imunológico, injúria pulmonar, reações hemolíticas e aumento da incidência de câncer. Alguns trabalhos já tentaram demonstrar associação entre a correção da anemia, mortalidade e morbidade, entretanto a literatura ainda não alcançou um consenso. Atualmente, uma das propostas de segurança da Organização Mundial de Saúde é a redução de transfusões potencialmente desnecessárias, promovendo uma postura de transfusão racional. Esta revisão narrativa pretende abordar como objetivo primário as controvérsias referentes ao limiar transfusional, de acordo com estudos recentes, e como objetivos secundários citar aspectos da anemia iatrogênica e da variabilidade de atitudes entre intensivistas para a implementação das melhores práticas relativas à transfusão. Não faz parte de nossos objetivos discutir as complicações transfusionais, embora tenham sido mencionadas. Foi feita busca em fontes eletrônicas da literatura médica (PubMed - Clinical Queries), e UpToDate versão 16.2 e consulta adicional em livros texto Mostrou-se que a prática transfusional ainda é extremamente variada dentro das terapias intensivas. São escassas as evidências de que a hemotransfusão de rotina em pacientes não-hemorrágicos deva ser aplicada naqueles com hemoglobina superiores a 7 g/dL. Não existe um consenso sobre o limiar transfusional em pacientes críticos. Os pacientes com doença cardiovascular parecem apresentar um maior risco de morte do que aqueles sem doença cardiovascular, para qualquer nível de hemoglobina. A transfusão guiada por níveis de hemoglobina e parâmetros fisiológicos, oxi-hemodinâmicos individualizados e contexto clínico parece ser atualmente estratégia mais aceita do que a correção arbitrária e isolada da hemoglobina.
publishDate 2009
dc.date.none.fl_str_mv 2009-08-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000300013
url http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000300013
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 10.1590/S0103-507X2009000300013
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv text/html
dc.publisher.none.fl_str_mv Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB
publisher.none.fl_str_mv Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB
dc.source.none.fl_str_mv Revista Brasileira de Terapia Intensiva v.21 n.3 2009
reponame:Revista brasileira de terapia intensiva (Online)
instname:Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)
instacron:AMIB
instname_str Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)
instacron_str AMIB
institution AMIB
reponame_str Revista brasileira de terapia intensiva (Online)
collection Revista brasileira de terapia intensiva (Online)
repository.name.fl_str_mv Revista brasileira de terapia intensiva (Online) - Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)
repository.mail.fl_str_mv diretoria@amib.org.br||rbti.artigos@amib.org.br
_version_ 1754212858060603392