A perpetuação de mitos no pensamento geográfico: a ideia das influências ambientais e a falsa dicotomia determinismo/possibilismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carvalho Junior, Ilton Jardim de
Data de Publicação: 2017
Outros Autores: Moraes Sobrinho, Aparecido Pires de
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista da ANPEGE (Online)
Texto Completo: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/anpege/article/view/6944
Resumo: O objetivo deste artigo é desfazer alguns mal-entendidos na história do pensamento geográfico, enfatizando a falsa dualidade determinismo-possibilismo. Em nossa formação acadêmica, às vezes ouvimos ou lemos informações que caracterizam o pensamento geográfico do século XIX como uma banal querela entre a escola determinista alemã e a escola possibilista francesa. As críticas trocadas raramente tocaram nas principais fraquezas de ambas as teorias, e por vezes resvalaram para deboches improdutivos e críticas superficiais. Críticas mais perspicazes emergiram na década de 50, 60 e 70, quando alguns autores como Lewthwaite, Martin, Speth, Spate, Peet e Montefori, escreveram artigos para defender suas posições e suscitar novas nuances nas críticas ao possibilismo e ao determinismo. O determinismo ambiental não deve ser concebido como um rótulo dado a uma teoria que advoga determinação absoluta e única de fatores ambientais. A exacerbação da dualidade determinismo-possibilismo só ocorreu por rixas acadêmicas e contendas político-ideológicas, e também porque se fixou em demasia nos seus conceitos-modelo, que não passam de abstrações que fazem sentido apenas em um contexto metafísico. Ao longo do século XX, o possibilismo foi esvaziando-se de sentido e o determinismo foi declarado morto, entrando em cena o probabilismo, formulado na Geografia por Spate. Em não havendo mais discussões sérias acerca de um tema tão fundamental da Geografia e da ciência, mitos, fantasias, dúvidas e inseguranças foram fermentando no coração da história do pensamento geográfico.
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