Os desafios para o manejo de doenças crônicas na população em situação de rua/ The challenges for the management of chronic diseases in the homeless persons
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Data de Publicação: | 2021 |
Outros Autores: | , , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Brazilian Journal of Health Review |
Texto Completo: | https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/28749 |
Resumo: | A população em situação de rua (PSR) é o grupo populacional que possui em comum a extrema pobreza, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, utilizando-se das áreas públicas como espaço de moradia e de sustento. Essas circunstâncias expõem as pessoas em situação de rua a diversos fatores de risco que ampliam sua vulnerabilidade, como a dificuldade de acesso às políticas públicas e de adesão ao tratamento de saúde. Neste escopo, esse estudo teve por objetivo analisar aspectos relacionados ao acesso aos serviços de saúde e o impacto que tem no adoecimento da população de rua, especialmente para as doenças crônicas. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, utilizando-se as bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cie?ncias da Sau?de (LILACS), PUBMED e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), com os descritores “Populac?a?o em situac?a?o de rua”, “Doenc?as cro?nicas” e “Acesso aos servic?os de sau?de”. A amostra final foi composta por 12 publicações, sendo os dados analisados por seu conteu?do e categorizados de acordo com os nu?cleos tema?ticos. Dos estudos analisados, apenas 34% são nacionais. No que tange às vulnerabilidades sociais e suas implicações na saúde, 34% abordam a falta de moradia, emprego e alimentação como sendo os principais fatores de risco para o desenvolvimento de diversas patologias e até mesmo para o negligenciamento do tratamento de doenças crônicas. No que se refere ao acesso aos serviços de saúde pelos moradores de rua, 75% destacaram a dificuldade de acesso, especialmente à atenção primária. Ressalta-se também que 25% dos estudos relataram o preconceito como a principal dificuldade ao acesso. Em análise às doenças crônicas, 75% abordam o tema, dentre eles relatando-se maior prevalência, incidência, mortalidade e morbimortalidade pela PSR. Dentre as causas da situação de rua, é destacado fatores estruturais, como pobreza, desemprego, discriminação, encarceramento, doenças mentais, abuso de substâncias e experiências traumáticas. Além disso, é reforçado que a situação de rua se torna uma vulnerabilidade ao acarretar fatores de risco psicossociais para doenças cardiovasculares, como estresse crônico, depressão, etilismo pesado e uso de cocaína, sendo a falta de acesso à saúde uma vulnerabilidade comum dentro da heterogeneidade dessa população. Dentre os motivos para a dificuldade de acesso, é destacado o preconceito, a exigência de documentação, a restrição na demanda espontânea, os atrasos e longo tempo de espera, o limite na atuação intersetorial, a ausência de serviço de saúde no local, a dificuldade de transporte, a falta de conhecimento de onde obtê-los, além dos custos do atendimento. Quanto à epidemiologia de doenças crônicas, é observado maior prevalência, incidência, mortalidade e morbimortalidade prematura por doenças crônicas, assim como maior prevalência de suas complicações e morbimortalidade por doenças episódicas, em comparação com a população geral. Dessa forma, torna-se necessária a realização de mais pesquisas que avaliem o acesso à saúde por PSR, com metodologias capazes de individualizar as necessidades sociais, criando, assim, arcabouço teórico para elaborar políticas públicas que visem uma atenção à saúde de fato universal e eficaz. |
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