Rabdomiólise e COVID-19: Uma revisão de literatura / Rhabdomyolysis and COVID-19: A review of the literature

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maciel, Victor Mota
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Milan, Letícia Mantovani, Batista, Yasmin Rabelo, Moraes, Letícia Nascimento, Corrêa, Lucas Maciel de Almeida
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Brazilian Journal of Health Review
DOI: 10.34119/bjhrv4n5-101
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/36236
Resumo: Com a descoberta do novo Coronavírus (COVID-19) surgiram relatos de associações com outras patologias. Uma delas é a rabdomiólise, uma condição clínica possivelmente fatal definida por lesão muscular, com liberação de conteúdo intracelular, incluindo mioglobina, creatinoquinase (CK), lactato desidrogenase e eletrólitos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a relação entre rabdomiólise e a infecção pelo COVID-19. Foi realizado levantamento bibliográfico do período de 2020 a 2021 na base de dados PubMed. Foram utilizadas as palavras-chave “COVID-19” e “Rhabdomyolysis”. Foram selecionados 79 artigos no idioma inglês e, após leitura dos resumos, foram excluídos 47 que não se relacionavam diretamente à temática central do estudo. Alguns trabalhos pontuam a rabdomiólise como sendo uma complicação raramente descrita em infecções pelo COVID-19. Um estudo chinês com 1099 pacientes infectados reportou apenas 0,2% de incidência desta complicação. Sabe-se que a mialgia é um importante sintoma relatado durante o curso da infecção. Em outro estudo, cerca de 44% dos pacientes contaminados relatavam mialgia, fazendo parte da tríade clássica da rabdomiólise (mialgia, fraqueza muscular e urina escura). Elevados níveis de CK (?200U/L) foram detectados em 13,7% dos pacientes contaminados, sugerindo que algum componente de injúria muscular possa ser relativamente comum durante a infecção pelo COVID-19, embora a franca rabdomiólise seja rara. Os níveis de CK são muito variáveis, tendo alcançado faixas de até 420.000U/L em um caso publicado desta associação. Além de situações que cursam com esforço muscular intenso, infecções virais já foram previamente relacionadas à patologia em questão, sendo exemplos o vírus da Influenza, coxsackie, Epstein-Barr e outros. Ainda não se sabe ao certo o mecanismo da destruição muscular causa pelos vírus, mas dois mecanismos principais foram propostos: primeiro, necrose muscular relacionada à invasão viral direta nos miócitos; segundo, o efeito tóxico nos miócitos causado pela resposta exacerbada do hospedeiro (liberação de citocinas e outros fatores imunológicos). A patogênese da rabdomiólise em infecções pelo COVID-19 ainda é incerta. Embora a presença de mialgia seja comum durante a infecção, torna-se necessária a investigação de rabdomiólise em casos álgicos mais severos e de forma precoce, a fim de evitar possível progressão para injúria renal aguda. Novos estudos são necessários para um melhor entendimento prognóstico, terapêutico e dos mecanismos patofisiológicos envolvidos.
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