Raquitismo Hipofosfatêmico: relato de caso sobre o diagnóstico da rara e variável doença
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Outros Autores: | , , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Brazilian Journal of Health Review |
Texto Completo: | https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/63935 |
Resumo: | O raquitismo hipofosfatêmico hereditário é caracterizado por hiperfosfatúria persistente e calcificação deficiente da osteoide. A forma predominante possui herança dominante ligada ao cromossomo X (XLHR; OMIM 307800), com mutação no gene regulador do fosfato com homologia para endopeptidases (PHEX). Configura desordem metabólica rara, com prevalência 1:20.000. Apresentar caso de XLHR e destacar a importância de diagnóstico e tratamento precoces, visando à prevenção de sequelas incapacitantes. Paciente masculino, 6 anos, encaminhado ao ambulatório de endocrinologia pediátrica devido dor e deformidade dos membros inferiores (MMII) ao início da deambulação. Ao exame, estatura de 1,01m (Z-escore -3) e MMII em varo bilateralmente. Possuía história familiar, em mãe e avó materna, de raquitismo hipofosfatêmico. Investigação laboratorial revelou níveis preservados de cálcio sérico, vitamina D, relação calciúria/creatininúria e paratormônio, porém fosfatase alcalina aumentada (578U/L), fósforo sérico de 2,5mg/dl e taxa de reabsorção tubular de fosfato estimada em 68%, confirmando hiperfosfatúria. Radiologicamente, apresentava arqueamento de ossos longos em MMII, epífises irregulares e indefinidas, linhas metafisárias alargadas e osteocondrite em côndilos femorais. Análise molecular do gene PHEX identificou a mutação ChrX:22.196.490CAG>C, reconhecidamente patogênica, em sítio de splicing, presente em hemizigose na criança e heterozigose na mãe, confirmando diagnóstico de XLHR. Iniciado tratamento com reposição de fosfato e calcitriol. O gene PHEX codifica a expressão do fator de crescimento fibroblástico 23 (FGF23), de ação fosfatúrica. Mutações nesse gene induzem aumento de FGF23, resultando em ampliação da fosfatúria, hipofosfatemia e comprometimento da mineralização óssea. Mais de 300 mutações em PHEX são descritas, majoritariamente em sítio de splicing. O diagnóstico precoce constitui desafio. Apesar do XLHR representar 80% dos casos familiares de raquitismo hipofosfatêmico, essa doença rara detém grande variabilidade clínica e deve sempre ser considerada na investigação de baixa estatura e deformidade dos MMII em crianças. |
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