Promoção do uso racional de medicamentos em crianças vivendo com HIV/AIDS pelo método pedagógico Waldorf / Promotion of rational use of drugs in children living with HIV/AIDS by Waldorf pedagogical method
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Brazilian Journal of Health Review |
Texto Completo: | https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/26451 |
Resumo: | 1 INTRODUÇÃOA utilização de medicamentos em pacientes pediátricos exige uma série de cuidados adicionais, uma vez que são bastante susceptíveis a ocorrência de subdoses e eventos adversos. Com relação ao uso de medicamentos para crianças vivendo com HIV/AIDS, esse quadro torna-se ainda mais complexo, as quais vivenciam o seu desenvolvimento associado a uma doença com características crônicase que exige cuidados permanentes (1).O tratamento utilizado em crianças vivendo com HIV/AIDS são chamados de terapia antirretroviral (TARV), que consiste em uma associação de três ou mais antirretrovirais, com doses individualizadas e variadas. A TARV deve ser administrada de maneira cautelosa e requer o acompanhamento de profissionais preparados, com intuito de propor uma boa qualidade de vida para portador, especialmente às crianças (2).Considerando-se que tal terapia é de uso contínuo, possivelmente muitas crianças já sofreram mudanças em seu tratamento, por múltiplas causas que afetam e são afetadas pela adesão, principalmente pelas dificuldades de adaptação da prescrição (horário, dosagem e frequência) e pelo cotidiano pessoal/social, além da falha terapêutica (2,3). Diante disso, é necessário ser avaliados e estudados caso a caso para que sejam tomadas medidas em conjunto por profissionais envolvidos da saúde, com ênfase para o profissional farmacêutico, que faz a dispensação de medicamentos, buscando dispor de uma farmacoterapia de qualidade e que possibilite alcançar resultados satisfatórios (4).No atendimento aos pacientes pediátricos, o farmacêutico é o profissional que promove suas ações através do chamado cuidado farmacêutico. Essa ferramenta da farmácia contemporânea auxilia no processo do tratamento à base de antirretrovirais, onde envolve fatores como: farmacoterapia correta, dispensação de qualidade, intervenções farmacêuticas, acompanhamento farmacoterapêutico e o Uso Racional de Medicamentos (URM) (5).O cuidado farmacêutico dentro da complexidade que envolve o HIV deve ser altamente predominante no tratamento dos pacientes, realizando a aproximação para que a dispensação e o consumo do medicamento seja feito corretamente. Estudos abordam que o cuidado farmacêutico é considerado fundamental para elevar a adesão dos antirretrovirais e dispor de benefícios clínicos ao paciente desses medicamentos e ainda desenvolver uma empatia entre o usuário e o serviço. Estas medidas adotadas durante o tratamento é muito importante, sendo que a baixa adesão a TARV ocasiona a redução da eficácia do tratamento e a piora no estado clínico do indivíduo (4,6).Diante desse contexto, as crianças vivendo com HIV/AIDS inserem-se no grupo de crianças com necessidades especiais de saúde, possuindo maior demanda de cuidado medicamentoso, tornando-se importante aprofundar cada vez mais os conhecimentos acerca das vivências e experiências desses pacientes, com vistas a encontrar subsídios para a construção de projetos que contemplem as suas especificidades e que envolvam as etapas de seu crescimento e desenvolvimento (7,8).Com relação ao desenvolvimento humano, o ato de brincar é fundamental, em especial na infância, a fase mais determinante dentro deste seguimento. Para que haja o brincar da maneira mais livre possível, torna-se necessário que existam brinquedos que facilitem e auxiliem este momento. Pensando nisso, o filósofo, educador e artista Rudolf Steiner criou, no século XX, a chamada Pedagogia Waldorf, com objetivos e princípios tão diferentes quanto qualquer outra pedagogia (9,10).A Pedagogia Waldorf defende a evolução do ensino mediante o estágio de desenvolvimento da criança, crendo numa abordagem de acordo com a necessidade de cada um, como individuo único; com as expressões artísticas como base de aprendizagem, a relação entre crianças e profissionais revela-se saudável e propícia a aprendizagem sustentável e autônoma, ou seja, baseada na autoeducação. Cada aspecto do currículo está relacionado com a vida da criança e a sua etapa de desenvolvimento respeitando-se, deste modo, a estimulação do pensamento crítico. As crianças ficam livres através da experiência de diversas impressões sensoriais e através do movimento. Sua afeição natural é de explorar o ambiente físico e social, enfrentando desafios e curiosidades (10,11).Os brinquedos da Pedagogia Waldorf são confeccionados para estimularem a brincadeira espontânea, o contato com a natureza, despertando a imaginação e a criatividade das crianças, lançando todo o potencial lúdico delas. A idéia da Pedagogia Waldorf é que todos os brinquedos sejam sempre de acabamentos muito simples, pois partem do princípio de que quanto menos interferência, maior o espaço para a liberdade criativa da criança. São brinquedos que estão interligados a natureza, como: argila, tronco de árvores e de madeira, algodão e lã. Assim a arte de brincar através desta pedagogia, na contramão da tendência comumente observada nos meios educacionais formais, segue a necessidade de superar a concepção instrumental do ensino e, portanto, reorientar a prática pedagógica, tanto para o desenvolvimento global dos educandos quanto para a multidimensionalidade do processo educativo (9,10).Nesse cenário, a busca por novas estratégias podem contribuir para tornar a terapia antirretroviral mais segura e eficaz, princípios do uso racional de medicamentos. Para isso, idealizou-se a inserção na prática farmacêutica do método pedagógico Waldorf, baseado em abordagem lúdica, onde crianças aprendem através das artes e autoeducação. 2 OBJETIVOSPromover o uso racional de medicamentos (URM) em crianças vivendo com HIV/AIDS, através do método pedagógico Waldorf. 3 MÉTODOEstudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de prática no serviço, considerando-se que a pesquisa qualitativa é baseada no conhecimento e na experiência de vida real das pessoas que vivenciam o fenômeno. A abordagem qualitativa descritiva é empregada pelos pesquisadores para descrever dimensões, variações e significados dos fenômenos em estudo (12).Os participantes do estudo foram 10 crianças vivendo com HIV/AIDS, acompanhadas de junho a setembro de 2019. As etapas de campo da pesquisa foram desenvolvidas em um Centro de referência em HIV/AIDS, dentro da Unidade Dispensadora de Medicamentos (UDM).Os critérios de inclusão definidos para o estudo foram idade entre 4 a 7 anos de idade, segundo a progressão proposta na pedagogia Waldorf, baseadas em ciclos de sete anos e a apresentação da mesma metodologia nesta fase de setênio (0 a 7 anos) (10).Por meio de encaminhamento mensal do setor pediátrico à UDM, os pacientes foram estimulados ao uso racional de medicamentos através de elementos artístico-educativos fudamentados no projeto Waldorf, produzidos pela farmacêutica.No momento da dispensação, de acordo com a prescrição médica, a profissional orientou os pacientes com os materiais elaborados sobre: forma farmacêutica, dose e posologia do tratamento, por meio de objetos artístico-educativos: frascos de soluções orais feitas com argilas, simulando similaridade com os frascos de antirretrovirais; seringa medidora feita com garrafa pet e retalhos de tecidos, representando as seringas utilizadas para a medição de doses líquidas; bonecos produzidos com pregadores de madeira, para estímulo na tomada de medicamentos da forma farmacêutica em comprimidos; e embalagem com ilustrações (sol e lua), como auxílio na memorização da posologia.A pesquisa foi desenvolvida através dos objetos produzidos como estratégia de interpretação das informações para o uso racional do medicamento. Para a execução e análise, ocorreram três fases: a exploração do material pelas crianças e a orientação sobre o URM por meio dos objetos apresentados; a repetição do manuseio para a fixação das orientações e observação do comportamento das crianças frente aos objetos e formas de uso; e a última etapa, o questionamento a cerca das percepções e vivências dos pais/responsáveis e das crianças, e o registro das informações encontradas nos prontuários dos pacientes inclusos. 4 RESULTADOS/DISCUSSÃODurante orientação, observou-se grande interesse e curiosidade das crianças em relação aos objetos. Em seguida, ficaram livres para o manuseio e o despertar da imaginação. Segundo Quevedo e Oliveira (9), é de extrema importância considerarmos a Pedagogia Waldorf como fundamentação para nos basear quando deixarmos nossas crianças livres para brincar, valorizando e respeitando cada fase do ser humano.Com relação a idade dos pacientes, os critérios de inclusão foram definidos de acordo com o primeiro setênio (0-7 anos), proposto na pedagogia aplicada. Como esclarece Gudrun Burkhard (13), esse cenário de desenvolvimento infantil tem como pano de fundo a reestruturação das substâncias herdadas e a individuação somática, orientadas pela própria individualidade. É também o período em que todas as energias da criança estão investidas no seu desenvolvimento físico, exigindo-lhe intensa atividade corporal. Assim, a educação infantil Waldorf prioriza o movimento, a experiência corporal que faz uso da motricidade, como também o movimento da imaginação, da fantasia da criança, pois compreende que o movimento da criança será a base para não apenas o seu desenvolvimento físico e motor, mas também para o seu desenvolvimento emocional, neurológico e até mesmo cognitivo, preparando as estruturas neurológicas para a aprendizagem a ser requerida posteriormente em seu processo de escolarização.Nos retornos a farmácia, foi solicitado para que tanto os pais/responsáveis como as crianças relatassem e/ou demonstrassem de que forma o método executado contribuiu para o uso dos antirretrovirais. Todos os casos (100%) apresentaram melhorias na prática do autocuidado e memorização das doses bem como, estímulo no comparecimento às consultas. Desta forma, propiciou o desenvolvimento dos pacientes sob a concepção do método aplicado, o qual se fundamenta no respeito às fases da criança através do brincar, assim como, oferecer elementos artísticos, criativos e artesanais criados com materiais propostos nesta pedagogia (argila, madeira e retalhos de tecidos). Steiner via o fazer artístico da criança como promotor da criatividade, embora igualmente como benéfico para outras abordagens. O autor acreditava que através das artes, a criança estabelecia uma maior vontade e facilidade de absorção de conhecimento (10).As intervenções foram registradas nos prontuários para acesso de outros profissionais envolvidos no acompanhamento: médica pediatra, enfermeira e psicóloga. Para as áreas médica e de enfermagem as informações relevantes envolviam memorização de doses e o conhecimento com relação aos medicamentos executados com relação aos medicamentos utilizados pelos pacientes. Para o profissional psicólogo foram registrados o desenvolvimento da motricidade e habilidades executadas através dos materiais produzidos. Nas reuniões mensais entre os profissionais envolvidos foram discutidos de que forma o processo pedagógico auxiliou para desenvolvimento de cada caso.Desta forma, permitiu-se identificar as necessidades e avanços dos pacientes, promovendo qualificação do projeto implantado e a integralidade no cuidado multiprofissional. No contexto cuidado farmacêutico, a colaboração profissional promove relações e interações nas quais os profissionais poderão partilhar conhecimentos, especialização e habilidades entre si, com o objetivo de proporcionar melhor atenção ao paciente (14). 5 CONCLUSÃOA apresentação de ações, estratégias e atividades para a promoção do uso racional de medicamentos, visam ampliar e qualificar o acesso a medicamentos que atendam aos critérios de qualidade, segurança e eficácia. Desta forma, a inserção da pedagogia Waldorf contribuiu ao uso racional de medicamentos em crianças vivendo com HIV/AIDS por favorecer a consolidação de informações sobre a utilização adequada dos antirretrovirais, além de promover o autocuidado, estímulo a imaginação e, consequentemente, a melhoria na absorção de conhecimento destes pacientes.Adicionalmente, fortalece a relação do profissional farmacêutico com o paciente e com outros profissionais da saúde, transformando-se em um processo dinâmico, proficiente e complementar nos cuidados em saúde na pediatria. |
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Promoção do uso racional de medicamentos em crianças vivendo com HIV/AIDS pelo método pedagógico Waldorf / Promotion of rational use of drugs in children living with HIV/AIDS by Waldorf pedagogical methodUso racional dos medicamentosHIVPediatriaPedagogia Waldorf.1 INTRODUÇÃOA utilização de medicamentos em pacientes pediátricos exige uma série de cuidados adicionais, uma vez que são bastante susceptíveis a ocorrência de subdoses e eventos adversos. Com relação ao uso de medicamentos para crianças vivendo com HIV/AIDS, esse quadro torna-se ainda mais complexo, as quais vivenciam o seu desenvolvimento associado a uma doença com características crônicase que exige cuidados permanentes (1).O tratamento utilizado em crianças vivendo com HIV/AIDS são chamados de terapia antirretroviral (TARV), que consiste em uma associação de três ou mais antirretrovirais, com doses individualizadas e variadas. A TARV deve ser administrada de maneira cautelosa e requer o acompanhamento de profissionais preparados, com intuito de propor uma boa qualidade de vida para portador, especialmente às crianças (2).Considerando-se que tal terapia é de uso contínuo, possivelmente muitas crianças já sofreram mudanças em seu tratamento, por múltiplas causas que afetam e são afetadas pela adesão, principalmente pelas dificuldades de adaptação da prescrição (horário, dosagem e frequência) e pelo cotidiano pessoal/social, além da falha terapêutica (2,3). Diante disso, é necessário ser avaliados e estudados caso a caso para que sejam tomadas medidas em conjunto por profissionais envolvidos da saúde, com ênfase para o profissional farmacêutico, que faz a dispensação de medicamentos, buscando dispor de uma farmacoterapia de qualidade e que possibilite alcançar resultados satisfatórios (4).No atendimento aos pacientes pediátricos, o farmacêutico é o profissional que promove suas ações através do chamado cuidado farmacêutico. Essa ferramenta da farmácia contemporânea auxilia no processo do tratamento à base de antirretrovirais, onde envolve fatores como: farmacoterapia correta, dispensação de qualidade, intervenções farmacêuticas, acompanhamento farmacoterapêutico e o Uso Racional de Medicamentos (URM) (5).O cuidado farmacêutico dentro da complexidade que envolve o HIV deve ser altamente predominante no tratamento dos pacientes, realizando a aproximação para que a dispensação e o consumo do medicamento seja feito corretamente. Estudos abordam que o cuidado farmacêutico é considerado fundamental para elevar a adesão dos antirretrovirais e dispor de benefícios clínicos ao paciente desses medicamentos e ainda desenvolver uma empatia entre o usuário e o serviço. Estas medidas adotadas durante o tratamento é muito importante, sendo que a baixa adesão a TARV ocasiona a redução da eficácia do tratamento e a piora no estado clínico do indivíduo (4,6).Diante desse contexto, as crianças vivendo com HIV/AIDS inserem-se no grupo de crianças com necessidades especiais de saúde, possuindo maior demanda de cuidado medicamentoso, tornando-se importante aprofundar cada vez mais os conhecimentos acerca das vivências e experiências desses pacientes, com vistas a encontrar subsídios para a construção de projetos que contemplem as suas especificidades e que envolvam as etapas de seu crescimento e desenvolvimento (7,8).Com relação ao desenvolvimento humano, o ato de brincar é fundamental, em especial na infância, a fase mais determinante dentro deste seguimento. Para que haja o brincar da maneira mais livre possível, torna-se necessário que existam brinquedos que facilitem e auxiliem este momento. Pensando nisso, o filósofo, educador e artista Rudolf Steiner criou, no século XX, a chamada Pedagogia Waldorf, com objetivos e princípios tão diferentes quanto qualquer outra pedagogia (9,10).A Pedagogia Waldorf defende a evolução do ensino mediante o estágio de desenvolvimento da criança, crendo numa abordagem de acordo com a necessidade de cada um, como individuo único; com as expressões artísticas como base de aprendizagem, a relação entre crianças e profissionais revela-se saudável e propícia a aprendizagem sustentável e autônoma, ou seja, baseada na autoeducação. Cada aspecto do currículo está relacionado com a vida da criança e a sua etapa de desenvolvimento respeitando-se, deste modo, a estimulação do pensamento crítico. As crianças ficam livres através da experiência de diversas impressões sensoriais e através do movimento. Sua afeição natural é de explorar o ambiente físico e social, enfrentando desafios e curiosidades (10,11).Os brinquedos da Pedagogia Waldorf são confeccionados para estimularem a brincadeira espontânea, o contato com a natureza, despertando a imaginação e a criatividade das crianças, lançando todo o potencial lúdico delas. A idéia da Pedagogia Waldorf é que todos os brinquedos sejam sempre de acabamentos muito simples, pois partem do princípio de que quanto menos interferência, maior o espaço para a liberdade criativa da criança. São brinquedos que estão interligados a natureza, como: argila, tronco de árvores e de madeira, algodão e lã. 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Para isso, idealizou-se a inserção na prática farmacêutica do método pedagógico Waldorf, baseado em abordagem lúdica, onde crianças aprendem através das artes e autoeducação. 2 OBJETIVOSPromover o uso racional de medicamentos (URM) em crianças vivendo com HIV/AIDS, através do método pedagógico Waldorf. 3 MÉTODOEstudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de prática no serviço, considerando-se que a pesquisa qualitativa é baseada no conhecimento e na experiência de vida real das pessoas que vivenciam o fenômeno. A abordagem qualitativa descritiva é empregada pelos pesquisadores para descrever dimensões, variações e significados dos fenômenos em estudo (12).Os participantes do estudo foram 10 crianças vivendo com HIV/AIDS, acompanhadas de junho a setembro de 2019. As etapas de campo da pesquisa foram desenvolvidas em um Centro de referência em HIV/AIDS, dentro da Unidade Dispensadora de Medicamentos (UDM).Os critérios de inclusão definidos para o estudo foram idade entre 4 a 7 anos de idade, segundo a progressão proposta na pedagogia Waldorf, baseadas em ciclos de sete anos e a apresentação da mesma metodologia nesta fase de setênio (0 a 7 anos) (10).Por meio de encaminhamento mensal do setor pediátrico à UDM, os pacientes foram estimulados ao uso racional de medicamentos através de elementos artístico-educativos fudamentados no projeto Waldorf, produzidos pela farmacêutica.No momento da dispensação, de acordo com a prescrição médica, a profissional orientou os pacientes com os materiais elaborados sobre: forma farmacêutica, dose e posologia do tratamento, por meio de objetos artístico-educativos: frascos de soluções orais feitas com argilas, simulando similaridade com os frascos de antirretrovirais; seringa medidora feita com garrafa pet e retalhos de tecidos, representando as seringas utilizadas para a medição de doses líquidas; bonecos produzidos com pregadores de madeira, para estímulo na tomada de medicamentos da forma farmacêutica em comprimidos; e embalagem com ilustrações (sol e lua), como auxílio na memorização da posologia.A pesquisa foi desenvolvida através dos objetos produzidos como estratégia de interpretação das informações para o uso racional do medicamento. Para a execução e análise, ocorreram três fases: a exploração do material pelas crianças e a orientação sobre o URM por meio dos objetos apresentados; a repetição do manuseio para a fixação das orientações e observação do comportamento das crianças frente aos objetos e formas de uso; e a última etapa, o questionamento a cerca das percepções e vivências dos pais/responsáveis e das crianças, e o registro das informações encontradas nos prontuários dos pacientes inclusos. 4 RESULTADOS/DISCUSSÃODurante orientação, observou-se grande interesse e curiosidade das crianças em relação aos objetos. Em seguida, ficaram livres para o manuseio e o despertar da imaginação. Segundo Quevedo e Oliveira (9), é de extrema importância considerarmos a Pedagogia Waldorf como fundamentação para nos basear quando deixarmos nossas crianças livres para brincar, valorizando e respeitando cada fase do ser humano.Com relação a idade dos pacientes, os critérios de inclusão foram definidos de acordo com o primeiro setênio (0-7 anos), proposto na pedagogia aplicada. Como esclarece Gudrun Burkhard (13), esse cenário de desenvolvimento infantil tem como pano de fundo a reestruturação das substâncias herdadas e a individuação somática, orientadas pela própria individualidade. É também o período em que todas as energias da criança estão investidas no seu desenvolvimento físico, exigindo-lhe intensa atividade corporal. Assim, a educação infantil Waldorf prioriza o movimento, a experiência corporal que faz uso da motricidade, como também o movimento da imaginação, da fantasia da criança, pois compreende que o movimento da criança será a base para não apenas o seu desenvolvimento físico e motor, mas também para o seu desenvolvimento emocional, neurológico e até mesmo cognitivo, preparando as estruturas neurológicas para a aprendizagem a ser requerida posteriormente em seu processo de escolarização.Nos retornos a farmácia, foi solicitado para que tanto os pais/responsáveis como as crianças relatassem e/ou demonstrassem de que forma o método executado contribuiu para o uso dos antirretrovirais. Todos os casos (100%) apresentaram melhorias na prática do autocuidado e memorização das doses bem como, estímulo no comparecimento às consultas. Desta forma, propiciou o desenvolvimento dos pacientes sob a concepção do método aplicado, o qual se fundamenta no respeito às fases da criança através do brincar, assim como, oferecer elementos artísticos, criativos e artesanais criados com materiais propostos nesta pedagogia (argila, madeira e retalhos de tecidos). Steiner via o fazer artístico da criança como promotor da criatividade, embora igualmente como benéfico para outras abordagens. O autor acreditava que através das artes, a criança estabelecia uma maior vontade e facilidade de absorção de conhecimento (10).As intervenções foram registradas nos prontuários para acesso de outros profissionais envolvidos no acompanhamento: médica pediatra, enfermeira e psicóloga. Para as áreas médica e de enfermagem as informações relevantes envolviam memorização de doses e o conhecimento com relação aos medicamentos executados com relação aos medicamentos utilizados pelos pacientes. Para o profissional psicólogo foram registrados o desenvolvimento da motricidade e habilidades executadas através dos materiais produzidos. Nas reuniões mensais entre os profissionais envolvidos foram discutidos de que forma o processo pedagógico auxiliou para desenvolvimento de cada caso.Desta forma, permitiu-se identificar as necessidades e avanços dos pacientes, promovendo qualificação do projeto implantado e a integralidade no cuidado multiprofissional. No contexto cuidado farmacêutico, a colaboração profissional promove relações e interações nas quais os profissionais poderão partilhar conhecimentos, especialização e habilidades entre si, com o objetivo de proporcionar melhor atenção ao paciente (14). 5 CONCLUSÃOA apresentação de ações, estratégias e atividades para a promoção do uso racional de medicamentos, visam ampliar e qualificar o acesso a medicamentos que atendam aos critérios de qualidade, segurança e eficácia. Desta forma, a inserção da pedagogia Waldorf contribuiu ao uso racional de medicamentos em crianças vivendo com HIV/AIDS por favorecer a consolidação de informações sobre a utilização adequada dos antirretrovirais, além de promover o autocuidado, estímulo a imaginação e, consequentemente, a melhoria na absorção de conhecimento destes pacientes.Adicionalmente, fortalece a relação do profissional farmacêutico com o paciente e com outros profissionais da saúde, transformando-se em um processo dinâmico, proficiente e complementar nos cuidados em saúde na pediatria. 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1 INTRODUÇÃOA utilização de medicamentos em pacientes pediátricos exige uma série de cuidados adicionais, uma vez que são bastante susceptíveis a ocorrência de subdoses e eventos adversos. Com relação ao uso de medicamentos para crianças vivendo com HIV/AIDS, esse quadro torna-se ainda mais complexo, as quais vivenciam o seu desenvolvimento associado a uma doença com características crônicase que exige cuidados permanentes (1).O tratamento utilizado em crianças vivendo com HIV/AIDS são chamados de terapia antirretroviral (TARV), que consiste em uma associação de três ou mais antirretrovirais, com doses individualizadas e variadas. A TARV deve ser administrada de maneira cautelosa e requer o acompanhamento de profissionais preparados, com intuito de propor uma boa qualidade de vida para portador, especialmente às crianças (2).Considerando-se que tal terapia é de uso contínuo, possivelmente muitas crianças já sofreram mudanças em seu tratamento, por múltiplas causas que afetam e são afetadas pela adesão, principalmente pelas dificuldades de adaptação da prescrição (horário, dosagem e frequência) e pelo cotidiano pessoal/social, além da falha terapêutica (2,3). Diante disso, é necessário ser avaliados e estudados caso a caso para que sejam tomadas medidas em conjunto por profissionais envolvidos da saúde, com ênfase para o profissional farmacêutico, que faz a dispensação de medicamentos, buscando dispor de uma farmacoterapia de qualidade e que possibilite alcançar resultados satisfatórios (4).No atendimento aos pacientes pediátricos, o farmacêutico é o profissional que promove suas ações através do chamado cuidado farmacêutico. Essa ferramenta da farmácia contemporânea auxilia no processo do tratamento à base de antirretrovirais, onde envolve fatores como: farmacoterapia correta, dispensação de qualidade, intervenções farmacêuticas, acompanhamento farmacoterapêutico e o Uso Racional de Medicamentos (URM) (5).O cuidado farmacêutico dentro da complexidade que envolve o HIV deve ser altamente predominante no tratamento dos pacientes, realizando a aproximação para que a dispensação e o consumo do medicamento seja feito corretamente. Estudos abordam que o cuidado farmacêutico é considerado fundamental para elevar a adesão dos antirretrovirais e dispor de benefícios clínicos ao paciente desses medicamentos e ainda desenvolver uma empatia entre o usuário e o serviço. Estas medidas adotadas durante o tratamento é muito importante, sendo que a baixa adesão a TARV ocasiona a redução da eficácia do tratamento e a piora no estado clínico do indivíduo (4,6).Diante desse contexto, as crianças vivendo com HIV/AIDS inserem-se no grupo de crianças com necessidades especiais de saúde, possuindo maior demanda de cuidado medicamentoso, tornando-se importante aprofundar cada vez mais os conhecimentos acerca das vivências e experiências desses pacientes, com vistas a encontrar subsídios para a construção de projetos que contemplem as suas especificidades e que envolvam as etapas de seu crescimento e desenvolvimento (7,8).Com relação ao desenvolvimento humano, o ato de brincar é fundamental, em especial na infância, a fase mais determinante dentro deste seguimento. Para que haja o brincar da maneira mais livre possível, torna-se necessário que existam brinquedos que facilitem e auxiliem este momento. Pensando nisso, o filósofo, educador e artista Rudolf Steiner criou, no século XX, a chamada Pedagogia Waldorf, com objetivos e princípios tão diferentes quanto qualquer outra pedagogia (9,10).A Pedagogia Waldorf defende a evolução do ensino mediante o estágio de desenvolvimento da criança, crendo numa abordagem de acordo com a necessidade de cada um, como individuo único; com as expressões artísticas como base de aprendizagem, a relação entre crianças e profissionais revela-se saudável e propícia a aprendizagem sustentável e autônoma, ou seja, baseada na autoeducação. Cada aspecto do currículo está relacionado com a vida da criança e a sua etapa de desenvolvimento respeitando-se, deste modo, a estimulação do pensamento crítico. As crianças ficam livres através da experiência de diversas impressões sensoriais e através do movimento. Sua afeição natural é de explorar o ambiente físico e social, enfrentando desafios e curiosidades (10,11).Os brinquedos da Pedagogia Waldorf são confeccionados para estimularem a brincadeira espontânea, o contato com a natureza, despertando a imaginação e a criatividade das crianças, lançando todo o potencial lúdico delas. A idéia da Pedagogia Waldorf é que todos os brinquedos sejam sempre de acabamentos muito simples, pois partem do princípio de que quanto menos interferência, maior o espaço para a liberdade criativa da criança. São brinquedos que estão interligados a natureza, como: argila, tronco de árvores e de madeira, algodão e lã. Assim a arte de brincar através desta pedagogia, na contramão da tendência comumente observada nos meios educacionais formais, segue a necessidade de superar a concepção instrumental do ensino e, portanto, reorientar a prática pedagógica, tanto para o desenvolvimento global dos educandos quanto para a multidimensionalidade do processo educativo (9,10).Nesse cenário, a busca por novas estratégias podem contribuir para tornar a terapia antirretroviral mais segura e eficaz, princípios do uso racional de medicamentos. Para isso, idealizou-se a inserção na prática farmacêutica do método pedagógico Waldorf, baseado em abordagem lúdica, onde crianças aprendem através das artes e autoeducação. 2 OBJETIVOSPromover o uso racional de medicamentos (URM) em crianças vivendo com HIV/AIDS, através do método pedagógico Waldorf. 3 MÉTODOEstudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de prática no serviço, considerando-se que a pesquisa qualitativa é baseada no conhecimento e na experiência de vida real das pessoas que vivenciam o fenômeno. A abordagem qualitativa descritiva é empregada pelos pesquisadores para descrever dimensões, variações e significados dos fenômenos em estudo (12).Os participantes do estudo foram 10 crianças vivendo com HIV/AIDS, acompanhadas de junho a setembro de 2019. As etapas de campo da pesquisa foram desenvolvidas em um Centro de referência em HIV/AIDS, dentro da Unidade Dispensadora de Medicamentos (UDM).Os critérios de inclusão definidos para o estudo foram idade entre 4 a 7 anos de idade, segundo a progressão proposta na pedagogia Waldorf, baseadas em ciclos de sete anos e a apresentação da mesma metodologia nesta fase de setênio (0 a 7 anos) (10).Por meio de encaminhamento mensal do setor pediátrico à UDM, os pacientes foram estimulados ao uso racional de medicamentos através de elementos artístico-educativos fudamentados no projeto Waldorf, produzidos pela farmacêutica.No momento da dispensação, de acordo com a prescrição médica, a profissional orientou os pacientes com os materiais elaborados sobre: forma farmacêutica, dose e posologia do tratamento, por meio de objetos artístico-educativos: frascos de soluções orais feitas com argilas, simulando similaridade com os frascos de antirretrovirais; seringa medidora feita com garrafa pet e retalhos de tecidos, representando as seringas utilizadas para a medição de doses líquidas; bonecos produzidos com pregadores de madeira, para estímulo na tomada de medicamentos da forma farmacêutica em comprimidos; e embalagem com ilustrações (sol e lua), como auxílio na memorização da posologia.A pesquisa foi desenvolvida através dos objetos produzidos como estratégia de interpretação das informações para o uso racional do medicamento. Para a execução e análise, ocorreram três fases: a exploração do material pelas crianças e a orientação sobre o URM por meio dos objetos apresentados; a repetição do manuseio para a fixação das orientações e observação do comportamento das crianças frente aos objetos e formas de uso; e a última etapa, o questionamento a cerca das percepções e vivências dos pais/responsáveis e das crianças, e o registro das informações encontradas nos prontuários dos pacientes inclusos. 4 RESULTADOS/DISCUSSÃODurante orientação, observou-se grande interesse e curiosidade das crianças em relação aos objetos. Em seguida, ficaram livres para o manuseio e o despertar da imaginação. Segundo Quevedo e Oliveira (9), é de extrema importância considerarmos a Pedagogia Waldorf como fundamentação para nos basear quando deixarmos nossas crianças livres para brincar, valorizando e respeitando cada fase do ser humano.Com relação a idade dos pacientes, os critérios de inclusão foram definidos de acordo com o primeiro setênio (0-7 anos), proposto na pedagogia aplicada. Como esclarece Gudrun Burkhard (13), esse cenário de desenvolvimento infantil tem como pano de fundo a reestruturação das substâncias herdadas e a individuação somática, orientadas pela própria individualidade. É também o período em que todas as energias da criança estão investidas no seu desenvolvimento físico, exigindo-lhe intensa atividade corporal. Assim, a educação infantil Waldorf prioriza o movimento, a experiência corporal que faz uso da motricidade, como também o movimento da imaginação, da fantasia da criança, pois compreende que o movimento da criança será a base para não apenas o seu desenvolvimento físico e motor, mas também para o seu desenvolvimento emocional, neurológico e até mesmo cognitivo, preparando as estruturas neurológicas para a aprendizagem a ser requerida posteriormente em seu processo de escolarização.Nos retornos a farmácia, foi solicitado para que tanto os pais/responsáveis como as crianças relatassem e/ou demonstrassem de que forma o método executado contribuiu para o uso dos antirretrovirais. Todos os casos (100%) apresentaram melhorias na prática do autocuidado e memorização das doses bem como, estímulo no comparecimento às consultas. Desta forma, propiciou o desenvolvimento dos pacientes sob a concepção do método aplicado, o qual se fundamenta no respeito às fases da criança através do brincar, assim como, oferecer elementos artísticos, criativos e artesanais criados com materiais propostos nesta pedagogia (argila, madeira e retalhos de tecidos). Steiner via o fazer artístico da criança como promotor da criatividade, embora igualmente como benéfico para outras abordagens. O autor acreditava que através das artes, a criança estabelecia uma maior vontade e facilidade de absorção de conhecimento (10).As intervenções foram registradas nos prontuários para acesso de outros profissionais envolvidos no acompanhamento: médica pediatra, enfermeira e psicóloga. Para as áreas médica e de enfermagem as informações relevantes envolviam memorização de doses e o conhecimento com relação aos medicamentos executados com relação aos medicamentos utilizados pelos pacientes. Para o profissional psicólogo foram registrados o desenvolvimento da motricidade e habilidades executadas através dos materiais produzidos. Nas reuniões mensais entre os profissionais envolvidos foram discutidos de que forma o processo pedagógico auxiliou para desenvolvimento de cada caso.Desta forma, permitiu-se identificar as necessidades e avanços dos pacientes, promovendo qualificação do projeto implantado e a integralidade no cuidado multiprofissional. No contexto cuidado farmacêutico, a colaboração profissional promove relações e interações nas quais os profissionais poderão partilhar conhecimentos, especialização e habilidades entre si, com o objetivo de proporcionar melhor atenção ao paciente (14). 5 CONCLUSÃOA apresentação de ações, estratégias e atividades para a promoção do uso racional de medicamentos, visam ampliar e qualificar o acesso a medicamentos que atendam aos critérios de qualidade, segurança e eficácia. Desta forma, a inserção da pedagogia Waldorf contribuiu ao uso racional de medicamentos em crianças vivendo com HIV/AIDS por favorecer a consolidação de informações sobre a utilização adequada dos antirretrovirais, além de promover o autocuidado, estímulo a imaginação e, consequentemente, a melhoria na absorção de conhecimento destes pacientes.Adicionalmente, fortalece a relação do profissional farmacêutico com o paciente e com outros profissionais da saúde, transformando-se em um processo dinâmico, proficiente e complementar nos cuidados em saúde na pediatria. |
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