Herpes-Zoster Oftálmico: relato de um caso inicialmente diagnosticado como Loxoscelismo Cutâneo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vaccari, Nicole
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: de Freitas Netto, Felício, Jecohti, Vivian Missima, Barth, Fabio Vinicius, Polay, João Pedro Gambetta, Jupen, Gabriela Alves, Rickli, Guilherme Ângelo Faria, Basso, Braian Fernandes, de Oliveira, Eduarda Jula, Lázaro, Matheus Henrique Santos
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Brazilian Journal of Health Review
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/63597
Resumo: O varicela-zoster vírus (VZV) é o vírus responsável por duas síndromes clínicas distintas, a varicela, popularmente conhecida como catapora, e o herpes-zoster (HZ). O HZ é desencadeado a partir da reativação do VZV que permanece latente nos gânglios da raiz dorsal da medula espinhal do hospedeiro após a primoinfecção. Dentre os principais gatilhos, têm-se a idade avançada e a imunossupressão. O quadro clínico do HZ caracteriza-se por lesões papulovesiculares, hiperemiadas e dolorosas em topografia dermátomo-restrita. Quando se acomete o ramo oftálmico do nervo trigêmeo, faz-se o diagnóstico do herpes-zoster oftálmico (HZO) que, além das manifestações já mencionadas, o paciente pode apresentar queixas oculares específicas. O tratamento do HZO é sistêmico, administrando-se antiviral, analgésicos e glicocorticoides. O objetivo deste estudo é agregar conhecimento aos profissionais de saúde sobre a apresentação clínica do quadro, para que consigam diagnosticá-lo, possibilitando ao paciente portador um tratamento efetivo e melhora de sua qualidade de vida. Paciente, 72 anos, gênero feminino, residente dos Campos Gerais, apresenta-se à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com quadro de 1 dia de evolução caracterizado por vertigem subjetiva e náuseas, evoluindo no dia seguinte com epífora, dor ocular à direita, cefaleia e hiperemia em região supraciliar ipsilateral à dor, recebendo o diagnóstico de loxoscelismo e alta com medicamentos sintomáticos. Um dia após, a paciente retorna por persistência de dor ocular intensa e minucioso exame dermatológico evidencia lesões vesiculares sobre manto hiperêmico em topografia do trajeto do ramo oftálmico do nervo trigêmeo direito, além de celulite periorbitária e esparsas lesões crostosas. Faz-se, pois, o diagnóstico de HZO complicado com celulite bacteriana secundária. O caso é conduzido com internamento em enfermaria clínica para tratamento com aciclovir endovenoso, associado à prednisona e morfina, além de cobertura antiestafilocócica com oxacilina. A evolução do quadro é favorável e passados sete dias da data do internamento, ocorre remissão completa da sintomatologia. A reativação do VZV no ramo oftálmico do nervo trigêmeo, manifestada como HZO é uma condição neuroftalmodermatológica grave, com incidência aumentada em indivíduos idosos e/ou imunossuprimidos. O quadro clínico clássico do HZO exterioriza-se com a presença de lesões vesiculares sobrepostas à hiperemia, seguindo o trajeto do ramo neurológico referido, podendo evoluir com lesões crostosas. O caso apresentado foi, inicialmente, diagnosticado como loxoscelismo cutâneo, no entanto, a manifestação cutânea do acidente com aranha-marrom – apesar de ser considerado um possível diagnóstico diferencial do HZ – diverge da apresentada pela paciente. Seu rápido retorno à UPA foi determinante para a evolução favorável do quadro, visto que o atraso da terapêutica adequada se correlaciona com o aumento da probabilidade de complicações neuroftalmológicas. Além disso, é importante mencionar acerca de medidas profiláticas pertinentes ao caso, como a vacina contra o HZ, uma forma eficaz de prevenção disponível no sistema privado de saúde, indicada para indivíduos acima dos 50 anos, inclusive nos pacientes que já manifestaram a doença.
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